É tão fácil a mim
Apenas culpabilizar
Acusar
Sempre se justificar
E alegar que sou só eu que preciso
Me controlar
Parar de questionar
Começar a confiar
Quando você nunca liga
Nunca avisa
Apenas sai e barbariza
E aflito
Eu
Fico sem saber
Se vai voltar, sobreviver, me amar
Quantos neurônios vou queimar
E quanto de ar vai me restar
Após copiosamente
Chorar
Até arder
As minhas inocentes retinas
Mas sou eu quem flutua
Que não sei me controlar
A inconstância personificada
O rei do drama
Enquanto você não se importa
Não responde
Sequer manda notícias
Uma mensagem
Telefonema
Carta
Sinal de fumaça
Código Morse
Sei lá
Apenas some
Sem sequer explicar
Porém você
Ah, você
Detentor do poder
Tem o direito de saber
Onde quer
Que eu ouse pisar
E aí de mim se eu reclamar
A voz alterar
Tremular
Gesticular
Com você, é preocupação
Comigo, é obsessão
Te sufoco
Sobrecarrego
Esmago
Com minha preocupação
Importância
Devoção
E vou me tornando o exagero
O desespero
Desgosto
Quase um fantasma
Um espectro
Algo perseguidor
Que te causa horror
Por apenas perguntar
Aí é só me acusar
Tentar me desequilibrar
Ver até onde eu consigo aguentar
E o erro
Sobre mim
Sempre recairá
Problematizador de relação
Mente fraca sem razão
Serei a relação louca
Para as futuras
E desavisadas
Gerações
E novas vítimas
Que se iludirão com seu charme
E também irão me culpar
Ingenuamente sem saber
Que nestes ciclos
Tóxicos e contínuos
Nossa hora sempre vai chegar
Seremos a caça
A que todos vão culpar
E neste jogo
Nesta desoladora peça
O famigerado papel de louco
Será a nossa vez de atuar
A vilania
Iremos ocupar
Porque a culpa é sempre do outro
E nos acostumamos
A nunca nos responsabilizar
E mais uma vez
Você vai atuar
Vestir sua melhor fantasia
E como sempre
Se comportar como o dono da razão
E eu - a insanidade -
Que persegue a perfeição
Enfim
Nosso momento vai chegar
Mas você nem precisa implorar
Explodir
A mim, acuar
Serei só mais um nome
Na sua interminável
E corrosiva
Lista
E do seu infindável
Ciclo
Porque você não quer mudar
Apesar de como qualquer humano
Ter a capacidade
Quando a hora chegar
Nem percamos tempo com inúteis
E infrutíferas
Despedidas
Se fosse bom
Não se tornaria passado
Mas um eterno presente
E não esse tormento
Castigo
Sufocante situação presente
Que preciso
Que tenho que
Me livrar
Fugir
Correr
Libertar
Só lhe peço
Por gentileza
Que me esqueça
Que meu nome
Você não se refira
Que não ouse
Sobre mim, comentar
E que jamais
Nunca
Para futuras
E potenciais vítimas
Por favor, nunca mais me chame de...
Nunca ouse
Nem mesmo falar
Nunca mais me chamar de...
..."King of drama"
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ANTOLOGIA DO SENTIMENTO PARTE II: Azzuro
ŞiirAzzuro foi o primeiro livro pensado da Antologia e foi adaptado após o encontro dos textos do XV para que pudesse ser um retrato dos sentimentos humanos através dos anos. Após a adolescência gris chega a fase azul - a melancolia. Na fase adulta as f...