Como posso sempre sentir
É quase tátil
Palpável
O fim
Não sou vidente
Não prevejo o futuro
Mas sei que não vou mais te ver
Que você não vai aparecer
Já há alguém em meu lugar
Lugar este que eu nunca ocupei
Você optou por não me priorizar
E eu aceitei deixar isso se arrastar
Como posso reclamar
Se eu sabia
Mas não queria
Acreditava que iria te ganhar
Como se pudéssemos ganhar alguém
Mal conseguimos ganhar nossa própria vida
E você nem vai avisar
Nem, ao menos, me alertar
Mesmo sabendo que eu vou esperar
Ainda que eu sinta o gosto do fim
O cheiro
De algo que nem nunca começou
Só sirvo pra fazer o tempo passar
Uma aventura na sua atribulada jornada
Alguém que só diz "sim"
Porque acredita que não tem o direito de questionar
E você não vai nem me abraçar
Vai me deixar assim
Sentindo que me deixei usar
Me vendi por migalhas
Por alguns segundos de atenção
Como se você tivesse todo esse dom
É tão doloroso saber e não ter coragem de falar
Ousar perguntar
Quero deixar a porta aberta
Cogitei a cópia da chave te entregar
E você sequer finge me escutar
Ah, isso iria acabar
Sei que quando me conscientizar
Que seu retorno não ocorrerá
Eu irei me acabar
Mas opto por me agarrar aos últimos suspiros
Suas últimas esmolas que eu aceito
Ah, se aceito
Sem nem sequer refutar
Tenho que aproveitar
Porque se esse é o começo do fim
Não quero sequer imaginar
O meu estado
Quando ele se concretizar...
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ANTOLOGIA DO SENTIMENTO PARTE II: Azzuro
PoésieAzzuro foi o primeiro livro pensado da Antologia e foi adaptado após o encontro dos textos do XV para que pudesse ser um retrato dos sentimentos humanos através dos anos. Após a adolescência gris chega a fase azul - a melancolia. Na fase adulta as f...