14 . Aguenta Coração

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GUSTAVO 

Quando ouço o toque do meu celular e leio no visor o nome de Tia Luíza deixo de raciocinar e assumir o controle de cada mínima partícula do meu ser. Saiu da mesa em disparada para o quarto e apenas puxo minha mochila que já estava preparada da cama e a coloco nos ombros já saindo.

Por pouco esqueço da boa educação que recebi e lembro que minha florzinha está ali. Chamo por ela e acabo voltando para lhe dar um beijo na testa, sei que estará em boa companhia. Ainda assim, após declarar meu amor e ser correspondido, decido falar com o jovem, que apenas nos observa.

— Caetano, amigo, posso te pedir que cuide dessa menina?

— Pode deixar que eu cuido!

Não esperava outra resposta dele.

Do lado de fora, praticamente corro, para alcançar o carro que chamei por aplicativo que está há dois minutos de minha localização. Sinto minhas mãos transpirarem.

Arthur está acordado e eu não faço ideia de pôr onde começar a falar. Esse susto de talvez perdê-lo me fez abrir os olhos que não posso mais hesitar. Já não sou capaz de esconder que o amo!

Balanço as pernas durante todo o trajeto e ensaio diálogos variados sobre como me declarar. Mas nada parece bom o bastante ou o suficiente! Amo Arthur desde a primeira vez em que seus fios cobre surgiram no meu campo de visão.

O amei durante a infância, na nossa adolescência e como não seria diferente. Permaneço o amando na nossa fase adulta! Até quando tentarei me enganar, negando para o meu próprio coração, que não é ele quem busco quando conheço um ruivo – até as características físicas – tento fazer com que se enquadre no biotipo que sei de cor.

Talvez, na verdade, reconheço tenho sido covarde demais e isso precisa acabar. Não saiu daquele quarto até que Arthur saiba que sempre fui dele, assim como, todo meu coração.

O ar parece mais denso e os passos da entrada do hospital até aquela sala de espera me parecem ter ganhado vida. Caminho e pareço nunca chegar, enquanto minhas pernas ameaçam perder a força e minha voz sua entonação.

Tia Luíza vem ao meu encontro e me abraça apertado, devolvo o gesto, tentando sugar – como um dementador de Harry Potter – sua força para que eu possa me sentir ainda mais forte.

— Meu filho, se eu duvidasse algum dia que o amor não fosse capaz de salvar vidas, jamais estaria aqui te pedindo que salve nosso, cabeleira. Sei que o ama tanto quanto eu e desse sentimento que vejo um futuro lindo para vocês dois.

— Eu o amo, sim!

Estava mais aliviado em confessar abertamente e não sentir nenhum peso ou culpa me puxarem para o abismo.

— Não permita que Arthur não saiba. Não se cale mais!

— Quando soube?

— Que era amor?

Balancei a cabeça confirmando.

— Simples. Arthur foi FEITO PARA VOCÊ do mesmo modo que você foi feito para ele. Até um cego é capaz de enxergar isso, meu menino!

Levei as mãos aos olhos e contive minhas lágrimas que insistiam em vir com tudo. Contudo, essa não era a hora de fraquejar.

— Arthur está te esperando eu o avisei que viria.

— Obrigado, Tia!

— Vai!

Inspirei profundamente e fui rumo ao homem que me esperava.

Entrei no quarto e lá estava ele, abatido devido à internação e conectado naqueles aparelhos que o deixavam ainda mais indefeso, queria puxá-lo daquela cama e colocá-lo no meu colo.

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