Capítulo 12

7 2 2
                                        

Foi quando de uma hora pra outra, Vita caiu em cima de mim como se tivesse desmaiado e o som do banjo parou. Tentei segurar ele, mas só consegui fazer com que caísse mais devagar.

- Vita? O que houve? – Olhei ao redor e para o meu horror, tanto Argon quanto Sialia estavam flutuando no ar, ambos com a mão no pescoço como se estivessem sufocando, no meio deles, Kadmia estava com os braços estendidos, os olhos brilhando brancos com um leve tom de azul.

- Foi difícil achar vocês. – Ela disse sorrindo, a pele dela foi descamando, como se derretesse, por baixo de toda a pele, eu vi o rosto de uma mulher branca, com um sorriso que fez meu coração apertar de medo. Ela começou a flutuar, assim como seus cabelos loiros. – Meu irmão sabe se esconder.

- E... – Eu tentei dizer algo, mas as palavras não saíam e parecia que algo pesado tinha sido colocado nas minhas pálpebras que se fechavam sozinhas. Eu desmaiei ouvindo os grunhidos de desespero dos meninos.


Acordei sentindo um frio indescritível e no reflexo de abraçar meus braços, percebi que os dois estavam presos, não só eles como também meus pés, estava pendurada no teto. Meu pulso e meus tornozelos queimavam, mas não por fogo e sim de frio. As algemas e as correntes que me penduravam eram feitas de gelo, assim como todo o local, era uma espécie de salão, com um trono congelado no meio, com finas e pontiagudas pontas congeladas saindo dele. Logo atrás, um cristal gigante e branco azulado brilhava. Olhei do meu lado e todos os meus amigos se encontravam na mesma situação, exceto por Argon, que estava imóvel, com uma expressão de puro horror, dentro de um bloco de gelo gigante. Lo estava logo acima dele, dentro de uma jaula, deitado e encolhido.

- ARGON! – Eu gritei, já sentindo lágrimas no meu rosto, eu me debatia nas correntes e tentava me puxar para quebrá-las, mas nada mudava. Mesmo com meus gritos, ninguém acordava. – VITA! SIALIA!

Em meio ao meu choro desesperado, ouvi passos entrando no salão e esperei até que a mulher loira e esguia aparecesse.

- Não adianta gritar, querida. – Ela se aproximou de mim, segurando meu rosto com firmeza. Eu senti o medo tomar conta e eu podia sentir que ainda era noite, os sussurros dos espíritos eram audíveis pra mim. – Agora, me diga, o que fez meu irmão largar a nossa querida mãe pra fugir com você?

Os olhos dela brilharam e ela sussurrou palavras que eu não conhecia, ela segurava meu rosto com força. Senti um frio passar pelo corpo e percebi que o disfarce estava sendo desfeito, minha pele começou a voltar ao tom original, as flores e folhas do meu cabelo desapareceram. Eu era eu de novo. A mulher deu passos para trás, parecendo perturbada.

- O que... O que é você? – Ela parecia assustada, mas percebi que tentou se recompor. Fiquei quieta, olhando pra ela com medo. – Vai se fazer de difícil?

Ela criou uma estaca de gelo na mão, encostando a parte afiada delicadamente no pescoço de Vita, que tinha os olhos e a boca roxos de frio.

- Sai de perto dele! – Falei me debatendo, tentando parar de chorar e ser medrosa. Ela apertou mais um pouco, um sangue negro escorreu e ela tirou a estaca rapidamente, parecendo assustada.

Ela pareceu me esquecer por um minuto, ouvi ela sussurrar algumas palavras, Vita abriu os olhos, parecia muito assustado e olhou pra mim, antes que ele pudesse dizer algo, ela foi até o pescoço dele e arrancou o cantil, abriu e jogou o conteúdo no chão. Um líquido cinza prateado caiu, formando uma pequena poça densa e brilhante, familiar.

- Você tem bebido isso? O que é isso? – Ela olhou pra ele e depois pra mim. Ele tinha pó de Lua? Ele tem BEBIDO pó de Lua? Não era aquilo que podia me levar pra casa? – A energia que eu sinto vindo disso e dessa garota...

Os Oito ReinosOnde histórias criam vida. Descubra agora