Capítulo 1

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A ansiedade era o maior sentimento que dançava em seu peito agora, a torcida para que tudo desse certo era tão grande quanto qualquer outro desejo que Lívia tivesse em sua vida. Já havia mandado mensagens para todos os seus amigos, tentando distrair sua mente com as conversas paralelas. Conversava desde o alfabeto a filmes, eram realmente as maiores banalidades que viessem a sua cabeça, apenas para que o coração aquietasse nem que fosse 1% do que estava batendo na caixa torácica.

O carro que foi pedido pelo aplicativo finalmente chegou ao local, arrancando a garota dos seus pensamentos e sem demoras ela entrou, cumprimentando o rapaz que logo seguiu para o destino solicitado. Ela não sabia ao certo o que faria, sabia que não passava de uma boa surpresa para Jake, seu namorado, e era para seu apartamento que se encaminhava agora. As expectativas batiam no céu se possível, era exatamente o motivo de estar a deixando nervosa. Lívia sempre foi uma garota de se entregar totalmente às pessoas a sua volta, principalmente àquelas que amava. Ela nunca via razões para medir esforços.

Passados longos minutos, o carro finalmente parou em frente a um belo prédio, alto e totalmente branco com alguns detalhes de um marrom pastel. Por passar tantas vezes no local, o porteiro apenas cumprimentou a garota, liberando sua passagem sem haver necessidade alguma de usar o interfone para anunciar sua chegada ao dono da casa. Lívia agradeceu brevemente se dirigindo ao elevador, esperando os longos minutos até o andar de Jake, o quinto. Os números passavam devagar pelo pequeno painel, parecia uma eternidade em sua visão, e tudo por conta de um nervosismo sem questão.

Lívia vasculhou a bolsa que havia na lateral do corpo atrás da chave da porta principal, essa qual ela tinha ganho há um tempo do namorado. Encontrando a mesma logo abriu a porta e adentrou o imóvel, suas coisas foram deixadas de lado e seus olhos pairaram em duas taças em cima da mesa. O vinho ainda estava ali dentro, quase nada para falar a verdade, era como um assunto inacabado. O olhar passeou mais um pouco pelo cômodo de entrada, observando o tecido que protegia o sofá amarrotado pela bagunça, e quando se permitiu raciocinar e ouvir, os gemidos baixos inundavam sua cabeça. Baixos. O som parecia denunciar que, as pessoas ali mais adentro da casa, sabiam sobre sua vinda. Era como se tudo estivesse sendo feito por pura maldade.

Seus passos eram lentos, pois ela lutava contra a vontade de ir para o cômodo onde tudo era realizado. O som aos poucos intensificava, ocasionando um nó pequeno na garganta de Lívia, que aos poucos aumentava. Ela negava mentalmente a situação, como se não quisesse acreditar no que ouvia e até no que veria. Preferia pensar que era apenas um pesadelo e que daqui alguns minutos o seu despertador tocaria, tirando a mesma dessa ilusão dolorosa e idiota.

Sua mão empurra a madeira grossa do quarto, vagarosamente, dando a visão completa do chão coberto por algumas peças de roupas. Ela seguia aquela trilha com os olhos, podendo finalmente visualizar dois corpos nus em cima da cama, em perfeita sincronia. Ela reconhecia aqueles traços, tanto de quem estava deitado no colchão quanto quem estava montado na outra pessoa. Jake e uma amiga que tinha na faculdade, Kate, essa qual ele insistiu tantas vezes em dizer que não passava apenas de uma amizade inocente, e que ele jamais faria nada que fosse magoar Lívia. Ele mentiu. Mais insano ainda ter confiado no que ele proferia.

— Jake... — a voz embargada de Liv soou no local atraindo os olhares do casal.

— Liv... — ele pareceu dizer num sussurro logo tirando a garota de cima do seu corpo — Não é nada disso que você está pensando.

— Não estou pensando em nada, estou vendo. — Lívia limpava as lágrimas que insistiam em cair e saiu do quarto.

A visão estava embaçada pelo choro, ela não conseguia conter nenhum de seus sentimentos, tudo parecia ter explodido, como se estivesse preso em uma bolha há muito tempo. O nó, mesmo que tenha sido solto com as lágrimas, ainda parecia sufoca-la, deixando que a dor tomasse conta tanto da mente como do corpo. Confundia seus princípios, retardava suas ações, permitia que alguns momentos invadissem seus sentidos. Ela estava desnorteada enquanto colocava a bolsa em seu ombro de volta, preparada para sair, mas sendo impedida rapidamente pela mão que segurou com força seu braço, virando ela bruscamente para encarar aquele par de olhos castanhos, esses que agora ela sentia nojo ao ver. Repudiava.

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