Sete (Camila/You)

Capítulo XLIII

“Susan Gilbert: - I’m still here and I’ll always be here now. Be right next door.
Emily Dickinson: - Right next door and a whole world away.”
Dickinson, 2019.

Mais um para quem pediu. Não sei quando nos vemos novamente, mas até lá.

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》Camila 

Eu fui diretamente para o quarto e comecei a juntar minhas coisas, o que não era muito, pois não havia tirado muito de casa e mal havia desfeito as malas. Não consegui não sucumbir à raiva, à dor, ao ego ferido. Apenas vi a mim mesma dobrando e socando as roupas dentro da mala com certa brutalidade. Entretanto, logo a raiva deu lugar ao cansaço, porque eu estava cansada daquela situação. Tive vontade de sair do quarto e jogar tudo na cara de Emily, de lhe contar detalhe por detalhe das noites que passei com (SeuNome), dos beijos acalorados que ela me deu, das vezes que se mostrou e disse, mesmo que se arrependesse e negasse depois, o quanto estava se sentindo sobrecarregada pelas situações e emoções envolvendo Nicholas, Oliver e Emily por si só. Mas me contive, não queria causar mais contenda naquela que eu passava a ouvir.

A primeira coisa que ouvi foi algo se quebrando no quarto delas, Oliver que começou a chorar, depois o som de uma porta se abrindo e (SeuNome) chamando pela esposa. O som foi ficando mais baixo, então presumi que haviam descido ao andar de baixo. Porém, não demorou muito e ambas aumentaram o tom de voz e acredito que não só eu, mas também os vizinhos, podiam ouvi-las.

- Quantas mentiras a mais você ainda vai contar, (SeuNome)?! O que você vai inventar dessa vez?! Que mais alguém morreu? Que esqueceu que tinha que voltar para casa e por isso ficou até mais tarde no trabalho?!

- Emily, se acalme. Emily, eu não vou mentir para você, não mais, sei que você já sabe de tudo. 

- E você vai dizer que sente muito, não é?! É sempre assim, mas eu sinceramente sequer acho que você se arrepende…

- Emily, por favor, me escute, por favor, mas...

- Eu estou cansada de mas, (SeuNome). Cansada. Se você não me queria mais, bastava ter me dito. Se eu não podia mais satisfazê-la, podíamos ter conversado sobre isso. Se você não me amava mais, podia ter sido sincera comigo. Não garanto que eu não teria tido um surto ou passado por negação se me dissesse qualquer dessas coisas, mas me trair, (SeuNome) e ainda com a Camila, que era esposa do Nicholas? E pior de tudo é que eu ainda…

Um silêncio prolongado. Não ouvi mais nada. Não houveram mais frases em alto tom, a única coisa audível foi a porta de entrada batendo e o carro saindo da garagem.

》(SeuNome)

Depois que Camila me deixou plantada na cozinha, resolvi ir atrás de Emily. A encontrei no quarto sentada na beira da cama e com Oliver no colo. A visão que tive foi da mulher fitando o garoto e, quando me viu entrando, passou o dorso da mão sobre o rosto para limpar as lágrimas. 

Fechei a porta com cuidado atrás de mim e tive muito, muito medo de dizer qualquer coisa. Quem falou foi ela enquanto ainda observava com seriedade o filho.

- Não me peça perdão. Talvez mais tarde, mas não agora.

- Por que está dizendo isso? 

- Sério que você não sabe? Que vai fingir que não entendeu? - Ela questionou dirigindo o olhar em minha direção. 

Ela se levantou e colocou Oliver de volta na cama. E começamos uma fervorosa discussão. Ela me acusando de que eu havia a traído com Camila e eu tentando negar. Explodiu de raiva e jogou o celular contra o espelho que se partiu em inúmeros pedaços, assim como estava seu coração.