Liberação

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No final da semana, Alex e T.J. Taylor (o colega de sala feiticeiro), já estavam grandes amigos. Logo após aquele dia de aula em que conversaram pela primeira vez, ela já avisou os tios que descobriu um colega feiticeiro na escola e que tinha convidado ele e seus tutores mágicos para visita-la. Ela nem precisou chamar Jerry e Theresa, pois eles mesmos ficaram entusiasmados de conhecer outros instrutores e disseram que estariam lá.

Justin, por sua vez, preferiu tentar não pegar no pé da menina e ver aonde isso iria dar. Na verdade, ele estava também com receio de falar com Alex após ter sussurrado no ouvido dela. A coragem que teve na hora, despareceu completamente depois que o sinal do recreio tocou para subirem, na manhã em que isso ocorreu.

Então, domingo à tarde, horário em que a lanchonete estava fechada, T.J. e seus tutores apareceram por lá. Eles foram muito gentis e amáveis e levaram até bolinhos caseiros, fazendo questão que Theresa e Jerry Russo provassem.

Porém, logo após eles experimentarem, começaram a falar que regras não eram para nada, desfazendo o feitiço de restrição de repente. Do nada, também fizeram coisas absurdas, como xingar os vizinhos falando bem alto na varanda, quebrar o disjuntor do prédio e se agarrarem na frente de todo mundo. Justin, que até então estava quieto no canto da sala assistindo tudo, começou a gritar para eles pararem, em meio à confusão que aprontavam. Só que apenas ouviu xingamentos de “careta” e coisas do tipo dos padrinhos. Muito desconfiado, o rapaz foi correndo atrás de Alex e Taylor, que convenientemente não estavam na sala naquele momento. Depois de catá-los por todo o apartamento e lanchonete, encontrou a morena sozinha na toca. Ele estranhou que T.J. não estivesse em lugar nenhum dali, mas como estava atordoado, foi falando direto com a moça mesmo:

— Ainda bem que eu te encontrei! Meus dindos ficaram malucos! Eles acabaram com a restrição de magia e começaram a xingar em voz alta; eu nunca tinha visto eles fazerem algo sequer parecido com isso, tem noção da gravidade do problema?!

— Ai, calma Justin, você é muito desesperado! Vai ver eles... só perceberam a burrada que fizeram e... talvez ficaram mais soltinhos. – Disse com a cara mais sonsa que conseguia fazer. Justin sacou logo seu tom e perguntou diretamente:

— Você não tem nada a ver com isso, né? Ou tem?!

Ela, por sua vez, desconversou:

— Caramba, você passa um tempão, do nada, me evitando e quando resolve falar comigo é para dar sermão?! Posso saber por quê essa raiva toda de mim?!

 Agora o nerd não sabia o que responder. Fora pego. Muitas coisas passaram na cabeça dele ao mesmo tempo, como várias respostas, da mesma maneira que todas pareciam inúteis. Ele achava que estava com a razão no momento, mas se sentia mal por ter se afastado, enquanto a vergonha, para piorar, só aumentava. Resultado: sua resposta foi um monte de gaguejos, arfadas e ruídos sem sentido.

 —Tá vendo como você é desesperado? Só relaxa. — a morena falou de uma vez, de maneira jocosa e aproveitou para sair e subir. Justin deu uma sonora bufada de frustração em resposta.

 ***

 Pelo resto da semana, Alex e Max fizeram feitiços sem parar e o casal Russo ficava cada vez mais irresponsável. As aulas de lições mágicas haviam sido suspensas, e Jerry só ensinava feitiços de diversão aleatórios como “Panquecus Gostosus” que fazia panquecas aparecerem onde o feiticeiro as desejasse, e “Transportium Proximum Planetum”, para teletransporte entre planetas do sistema solar. Isso porque os dois alunos pediram muito para aprender.

Justin não aguentava mais ver panquecas surgindo de todos os cantos, e toda hora ter que ir atrás de Max, que havia cismado de morar em Marte e virar um E.T. Por causa dessa ideia maluca, o mais novo da casa se perdia no planeta vermelho direto, através do feitiço de teletransporte interplanetário. Na terceira vez que o irmão de Harper sumiu, dizendo que seu lugar era lá, Justin, com seu conhecimento, conseguiu transportar ele e Alex consigo, sem ela executar nada e estando a uma distância considerável dele. A garota chegou lá sem entender nada; levou o maior susto. O rapaz, que apareceu logo, é que lhe acalmou, explicando o que estava acontecendo: disse que já estava cansado de ir para lá sem ajuda, e como nada fazia ele tirar da cabeça que a causadora de toda aquela confusão devia ser a baixinha, resolveu leva-la sempre a partir daquele dia consigo para que mais alguém ajudasse com Max.

 Revirando os olhos com a explicação, Alex saiu correndo atrás de Max, deixando Justin para trás. Ele tentou acompanha-la, contudo, não tinha o mesmo pique da garota. De início, começou a gritar por ela perguntando o que estava acontecendo. Depois, entretanto, percebeu que ela só estava fazendo aquilo para irritá-lo. Então, tentou adiantar o passo para se colocar em sua frente e impedir a passagem, esbarrando com uma pessoa que não havia visto.

 — Ô coisinha, tão bonitinha do pai! Ô coisinha...  Ah, olá terráqueos, eu sou da paz! – falou Max, que estava sambando, ouvindo uma música do robô explorador Pathfinder até ver os colegas e fazer o que acreditava ser uma reverência marciana.

— Max! Caramba, que sorte eu te encontrar tão rápido de novo! Você tem noção de que é a terceira vez em que poderia ter sumido do mapa para sempre?! Vamos embora logo, antes que tenha mais alguma ideia de jerico!

 Com um aceno de varinha, Justin trouxe ele, o mais novo e a menina de volta. Quando estavam novamente na escola, Alex, atordoada exclamou:

 — Caramba, estamos aqui de novo? Ufa, acho que o ar de Marte já estava danificando meus pulmões...

— Psiu, fale baixo, podem nos ouvir aqui. — o moreno pediu contendo o tom de voz para não ser ouvido por outras pessoas. Depois continuou no mesmo volume-Não tem como o ar de Marte danificar seus pulmões porque o “Transportium Proximum Planetum” faz a adaptação dos gases. – respondeu revirando seus olhos verdes, mas não escondendo o orgulho por saber disso. Em seguida, ele emendou — Bem, eu estou com um saquinho de pó da verdade, que eu achei na toca, aqui no bolso esses dias, contudo, realmente não quero obrigar ninguém a dizer nada sem estar a fim, então... Será que agora você vai me explicar como realmente começou essa confusão toda? Viu os problemas que isso está causando?

— Ok, tudo bem, acho melhor falar mesmo. Não estou mais aguentando ver meus tios agindo daquela maneira. Estão me dando me dando nojo as vezes!

— Por uma coisa que você fez, não esqueça!

— Aff, quer saber o que houve ou não?! — gritou Alex pela primeira vez com Justin, cansada pelo menino ter ficado tão distante do nada e lhe dar um sermão atrás do outro.

De Outro MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora