Garota Influente

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No fim das aulas, Alex foi para a sala do Sr. Laritate. Esperava que ele cobrasse explicações por ter sido interrompido e pela discussão; porém chegando lá, o diretor gorducho não só já sabia exatamente qual foi a causa do ocorrido, como também fez um longo monólogo falando que numa situação dessas o melhor é ignorar os comentários maldosos e chamar algum funcionário, enfatizando que ela deveria tomar cuidado pois não fazia ideia de quão influente era Gigi na escola.

— Para você ter uma ideia, aquela garota que parece irmã gêmea dela, na verdade não passa de uma puxa-saco que fez plásticas no rosto para ficarem iguaizinhas.

— Caramba, e o senhor não faz nada para deter essa Gigi? Você é o diretor; você que manda nessa escola!

— Ora, mas é claro que faço! Por isso mesmo que te aconselhei a ter contado para mim naquela hora. Inclusive, eu já tomei algumas providências assim que descobri por algumas colegas de turma dela o que estava havendo. Mas está claro que a senhorita não prestou atenção em nada do que eu disse até aqui.

— Como o senhor pode dizer uma coisa dessas?! Eu... é, realmente não consegui prestar muita atenção não.

— Pois se eu fosse você começaria a mudar de atitude. Ignorar o diretor de uma escola em que acabou de entrar e ficar de gracinhas com ele não é uma boa ideia, Russo. Estou te alertando.

— Ah, fala sério! Eu nem deveria estar aqui, fui chamada só porque quis ajudar minha amiga. E já essa Gigi, que tipo de punição levou?

— Não seria ético se eu dissesse. Aliás, acho que você está sendo um pouco abusada de querer saber que tipo de castigo sua colega recebeu. Tenho certeza de que não iria querer que eu contasse por aí, qual teria sido o seu, se eu tivesse te dado realmente um.

— Ah, claro! E ela estava ligando muito para a ética quando resolveu zoar a minha amiga! Já vi que essa garota manda mais na escola que o senhor...

— Já chega! Você não faz ideia do quão difícil é dirigir um colégio! Já disse o que tinha de dizer, agora saia daqui, e siga os meus conselhos; caso o contrário, já pode se preparar para detenções! — Gritou o homem, claramente alterado.

Alex pensou em lhe responder, mas como seus colegas de apartamento estavam certamente lhe aguardando do lado de fora, e ela não queria correr o risco de voltar para casa sozinha, acabou saindo. Embora fosse bem perto, não havia guardado o caminho entre o colégio e Waverly Place. Além do mais, o diálogo com Laritate já havia sido bem desgastante até aquele momento.

Enquanto voltavam para a lanchonete, Harper, preocupada, quis saber cada detalhe do que havia sido falado dentro da sala do diretor. Quando soube do jeito como havia terminado a conversa ficou horrorizada, porém, Alex tentou lhe tranquilizar dizendo que nunca havia ligado para punições escolares e que tinha coisas bem mais importantes com o que se preocupar.

— E é para eu ficar tranquila?! Pensando desse jeito, você vai se encrencar rapidinho lá!

— Já disse que não ligo, não disse? Então não esquente sua cabeça com isso, é problema meu.

— Mas você se meteu num problema meu quando arranjou encrenca com essa Gigi.

— O caso era outro, não ligo para detenções ou advertências, já disse que elas não me atingem nem um pouco. Se eu achar que algo está errado eu vou falar, não importa a quem for ou aonde for. Sempre pensei: "melhor tentar mudar um problema do que se calar por medo."

Como estava sem nenhum bom contra-argumento na cabeça, Harper seguiu o resto do caminho calada, mas não havia deixado de pensar que Alex ainda estava meio errada por pensar assim.

Chegando de volta em casa, almoçaram e desceram para a lanchonete, onde Theresa mostrou-lhes o cronograma de como seriam intercalados os dias de trabalho deles lá. A tabela ficou da seguinte maneira:

Justin-> Segunda, terça e quinta

Alex-> Segunda, quarta e sexta

Max-> Terça e sexta

Harper-> Quarta e quinta

— Por que eu vou trabalhar mais que o Max e a irmã? Já estão com sorte se surgir disposição para o serviço de UM dia. — Protestou a sobrinha.

— Porque você e Justin são mais velhos que eles. Mas fique tranquila, essa grade é apenas provisória. Vai variar de acordo com compromissos e como vocês se saírem no trabalho. E claro, do quanto que cada um vai gastar no apartamento. Por exemplo, quem consumir mais água, vai trabalhar mais dias, para pagar seu percentual de consumo nas despesas da casa.

Nesse momento, todos os olhares inevitavelmente pararam em Justin. Ele se desculpou na mesma hora pelo tempo passado no banheiro durante a manhã e disse que iria se esforçar para aquilo não acontecer mais.

— Ah, se isso reduzir o meu tempo de trabalho, pode ficar com aquele cômodo só para você, eu me arranjo num banheiro químico da rua sem problema nenhum! — Brincou Alex.

— Há-há, muito engraçado. Não, prefiro pagar pelas contas tanto quanto todo mundo. Não vou carregar esse fardo sozinho. — Falou ele de volta, se segurando para não começar realmente a rir. Nunca achara piadas desse tipo engraçadas, mas o modo como a menina falava fazia tudo parecer mais divertido e leve para ele. Porém, sua consciência de que folga não era uma coisa legal, ainda falava mais alto, por isso não se deixou realmente rir.

— Pessoal, vamos fazer mais um teste para ver se o Max consegue ficar bem sem o chapéu? Os poderes as vezes se ajustam de repente. Se isso tiver acontecido com ele, já poderemos iniciar nossas lições mágicas. — Disse Jerry, que apareceu de repente.

Harper, tomando coragem, se manifestou, atropelando as palavras, com uma mistura de medo e apreensão:

— Olha, eu já percebi que isso não deve ser truque de artista, pois vi a minha amiga fazendo uma feitiçaria de perto antes de irmos para a aula e era completamente diferente de tudo que eu já tinha conhecido. Mas ainda acho que tem algo de muito estranho nisso. — (Fez um pausa.) — Não consigo acreditar que não seja uma farsa. Porém, como não tenho provas sólidas para comprovar minhas suspeitas, além é claro, da tremenda falta de sentido de isso tudo, só peço, por favor, para me deixarem ficar ausentada dessas aulas de feitiçaria. — Todos lhe encararam, mas ninguém se manifestou. Então, ela questionou — Tudo bem?

Seguiu-se um silêncio, até que Theresa disse, reconfortando o marido, que estava um pouco aturdido com o pedido:

— Ao menos, ela já parou de achar que é um plano dos pais, querido. É um grande adianto, não?

— Sim, é verdade. Harper, escute, é claro que pode desistir das lições de magia, mas mesmo que não acredite no que vou dizer, seus poderes ficarão contigo até o dia da competição de feiticeiros, evento que definirá qual de vocês se tornará um feiticeiro completo. Óbvio que a cada aula que é perdida suas chances de vencer a competição diminuem, e suas habilidades mágicas também. Mas se é isso que você quer... — Falou Jerry.

— Então, até mais, vou subir para o apê e ficar adiantando meus deveres. Não precisam sentir minha falta, vai ser realmente melhor assim. –Respondeu ela dando um aceno, e subindo as escadas em caracol que levavam ao segundo andar. Tinha feito questão de escapar rápido de alguma tentativa de fazer ela participar daquilo. Contudo já estava bem mais tranquila. Desde o fatídico momento em que recebera seus poderes, a ruivinha se perguntava mentalmente se teria sido uma boa ideia se mudar para lá; entretanto agora, essa decisão não parecia mais tão ruim quanto antes.

Todos os demais seguiram para a toca, apreensivos para o início do treinamento de feiticeiros. Até Alex queria que começasse logo. Quando Theresa puxou o chapéu de Max e pediu para este recitar as palavras mágicas que faziam um quadro com o nível de ajuste dos poderes na pessoa que o usava aparecer, o clima de expectativa era grande.

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