Tribeca Prep

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Às 6 da manhã de segunda-feira, os despertadores ressonaram pelo apartamento acima da lanchonete Waverly. Bocejando e espreguiçando, algumas pessoas foram começando a se movimentar lá por dentro, pois teriam que se arrumar para a primeira aula na nova escola. Apesar do sono, o clima era de muita expectativa.

Harper rapidamente se trocou, colocando um conjuntinho verde e vermelho e um arquinho cor-de-rosa. Ela desistira de ir com o chapéu do pateta. Quando ficou pronta, desceu para a cozinha, comeu apressadamente uma melancia, e ficou aguardando ansiosa pelos colegas de residência para saírem juntos. Mal podia acreditar que iria realmente voltar a estudar para seguir sua própria carreira. Sempre sonhara em entrar em alguma grande universidade e virar engenheira ou arquiteta, e sendo aluna da Tribeca Prep isso era praticamente garantido.

"Mesmo que meus pais tenham tentado me afastar dessa escola de todas as formas possíveis, nada disso deu resultado. Eu vou estudar lá até conseguir meu diploma! Só que não seria ruim se eles me apoiassem um pouquinho, né? Ou se ao menos, não tentassem estragar meu sonho" – Pensava.

Enquanto tinha seus devaneios sobre isso, Max também desceu, e começou a descascar uma banana. Ele estava sem seu chapéu, o que fez com que a fruta se transformasse numa barra de chocolate, a partir de um lampejo que saiu de sua mão assim que a pegou. Foi só aí que Harper percebeu que havia mais alguém ali.

— Oh, você já está acordado, mas que... DROGA DE ROUPA É ESSA?!- Exclamou ela, reparando que Max estava usando um pijama de bolinhas rasgado, manchado e fedorento.

— A que deu para eu usar. Justin está trancado no banheiro há 21 séculos. Não tem como eu trocar de roupa.

— E seu quarto, criatura?

— Bem, eu dormi sem o chapéu, então... aquele cômodo ficou abarrotado de coisas que criei durante o meu sonho, não dá nem para andar lá dentro. Quando eu acordei até levei um susto porque tava um cheiro horrível de lixo com detergente, inseticida e vômito junto de um leve aroma de shoyo. Quando eu foi ver tinha uma...

— Não quero saber! — Exclamou a irmã, com uma nítida careta de nojo.— Só me diz que você jogou fora o quer que isso fosse.

— Eu não! Queria ver se você pegava naquilo! Acho que vou ter que chamar o Jerry ou a Theresa para limparem. Só magia deve dar um jeito naquela merd... — ao ver a cara da irmã, ele rapidamente se arrependeu da palavra escolhida e trocou o final da frase — naquilo.

— Pois é bom chamar mesmo aqueles lá mesmo. Eles ficam fazendo essas coisas para nos assustar, então eles é que tem que limpar!

Max ia dar alguma resposta, mas se distraiu com uma mosca que começou a girar em volta dele, então só sacudiu os ombros e saiu andando à procura dos 2.

Enquanto isso, Alex continuava dormindo. Quando o alarme do seu celular tocou, ela simplesmente deu um tapa no botão de desligar e voltou a roncar. Estava tendo um sonho em que era uma bruxa de contos de fadas (daquelas que usam vestes roxas, tem verrugas e andam com caldeirões) e estava presa no alto de uma torre. Nenhuma das mandingas que fazia conseguiam soltá-la. De uma janela, ela podia ver Dean cavalgando bem longe dali. Já sonhara várias vezes que estava numa floresta, isolada de tudo, correndo com seu melhor amigo. Vê-lo agora sozinho, lá de cima, deixava-lhe muito agoniada. Mas, eis que surgiram umas vozes, que lembravam as de Harper, Max, Theresa e Jerry que gritavam coisas como "fique calma", e "nós vamos te ajudar". Instintivamente, a morena olhou para a porta e viu que esta estava se abrindo. Assim que a fechadura se soltou ela saiu correndo pela escadaria que levava em direção ao térreo. Chegando nos portões para o lado de fora, abriu-os violentamente e encontrou parado atrás deles Justin, com os cabelos negros bagunçados pelo vento, os olhos verdes brilhando mais do que nunca e vestindo uma roupa de soldado romano. Ela não sabia se ele estava lá para lhe ajudar, ou para lhe prender de novo e nem teve como saber. Ouviu um berro esganiçado e acordou num pulo. Harper estava na beira da cama, chamando-lhe freneticamente. Pelo jeito, já estava tentando acorda-la há algum tempo, pois haviam algumas almofadas jogadas no chão, uma pena na mão da ruiva e uma nítida expressão de cansaço em sua cara.

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