Capítulo 3

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Minha rotina já voltou ao normal, o Carlos voltou pior do que foi. Suas roupas marcadas de batom que ele nem fez questão de tirar, sua pele cheia de marcas me davam nojo. Pior que ainda me saí como a louca da história, enfim isso não é tudo que tenho de contar. Nesse exato momento estou na casa da minha "irmã" esperando a princesa ficar pronta só para ir um médico, hoje faz oito ou dez dias que meu corpo passa por uma transformação gigantesca.

— Aqui está! — me tira os pensamentos enquanto me entrega o teste já saindo do quarto arrumada — devo dar parabéns, um tapa na sua cara ou um tiro na rola dele?

— Nossa que violência, deu negativo anta. — cantei vitoriosa e virei para ver o resultado — ops, positivo? Como assim positivo?

— Casais brincam todos os dias — riu — tu quem disse.

Maldita frase que saiu da minha boca, agora tudo que eu for fazer ela vai colocar contra mim. Já sei que de inimigo não preciso jamais.

🌸🌸🌸🌸

— Chegamos, espero que esteja pronta.

— Eu não sei você mas eu super estou.

Entramos na clínica da cidade, após fazer minha ficha fiquei andando de um lado pro outro até minha ficha sair. Quando finalmente saiu demorou o dobro para passar com o médico.

— Amiga vou pegar comida para nós, até agora tu não foi atendida — Margarida veio até mim procurando algo na bolsa.

— Pode ir, vai que ele me chama.

— Perfeito então.

Sumiu do meu campo de visão me deixando grudada na parede, passei a mão na barriga com medo da reação do Carlos e da minha. Não sei se estou preparada para ser mãe, para dar luz a um filho que com certeza irá sofrer. Quando dou por mim já sinto as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, essa novidade me assusta completamente.

— Eduarda Santos! — ouvi gritos e percebi ser o médico — entre por favor.

— Bom dia! — disse simpática e entrei no consultório.

— No que posso ajudar?

— Vim confirmar uma suspeita — sorri — então estou meia que desregulada já faz uns dias e fiz o teste de farmácia e deu positivo. Como ele não são nada confiáveis queria outro para ter certeza.

— Certo, teve sintomas de gravidez? — saiu organizando os papéis

— Alguns desejos, minha menstruação durou um dia e meio como se fosse um corrimento, o que não é comum. — respondi me virando conforme ele desfilava na sala.

— Então sem dúvidas meus parabéns, porém vou pedir para que realize esses exames — me entregou um potinho — e vai até o segundo andar faça o exame de sangue e me trás o papel para falar o resultado.

— Tudo bem...

Eu tava com medo e com vergonha ao mesmo tempo, estava perdida e tudo que queria era minha mãe. Ela com certeza iria saber me ajudar nesse momento, de dúvidas  e medos e também uma realização de um pequeno sonho. Eu deveria ter escutado ela quando conheci o monstro, eu devia ter terminado o relacionamento quando tive tempo. Agora de nada me adianta ficar chorando, abaixar a cabeça pros problemas agora não mudará meu passado e meu futuro pior ficará.

— Aqui está o resultado. — a enfermeira baixinha me entregou uns papéis — leve até o Dr Meyer, boa sorte.

— Obrigada.

Primeira Vista  - livro 1 (saga mudanças)Onde histórias criam vida. Descubra agora