14 dias antes II

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boa noiteee, por pedidos do público (2 pessoas akakaka) eu voltei, com um capítulo meio feliz pra ser diferente, espero que vocês gostem! se vocês puderem comentar, eu amo interagir com vocês e saber o que estão achando. enfim, vamos ao capítulo? se quiserem ouvir nós, esse capítulo tem um pouco da música! bjobjo.

[...]

Ana
24 de março.

Dormia em nossa cama espaçosa quando ouvi batidas na porta. Demorei a despertar e me levantar, então olhei as horas. Pouco mais que sete da manhã. Me apressei em caminhar até a porta, já que ninguém geralmente vinha em casa esse horário.

Ao abrir a porta, me deparei, surpresa, com Vitória. Bonita pra caralho, com seus cachos armados, em uma camiseta preta e uma calça jeans. Como ela conseguia ser tão linda às sete da manhã?

Antes que eu falasse algo, a cacheada me atropelou com suas palavras. Não a cortei em um segundo sequer, apenas escutando e tentando digerir toda a sua ideia.

— Oi, Ninha. Eu sei que tu não me esperava aqui, e eu nem me esperava aqui também. Mas é que tu me conhece mais que eu; sabe que eu num sei ficar quieta esperando as coisas se resolverem sozinhas porque elas nunca se resolvem. Eu fui e enquanto tava lá tentei te entender um pouco também e saber das coisas que passam aí na tua cabecinha. Sei da tua verdade. Sei como as coisas fogem do nosso controle. Não quero ser egoísta e acabar com a gente. Não quero deixar o futuro chegar com afirmações de incerteza e saber que deixei acontecer junto com isso. Que a gente assine essa sentença do fim por palavras meio ditas. Sempre foi tão de verdade pra ser quase dito agora. Não entendo o que tá acontecendo mas quero entender. E se tu tem vontade de ficar com outras pessoas tá tudo bem. A gente consegue passar e lidar com isso de alguma forma. E se a gente tentasse um relacionamento aberto? Acho que a gente pode aprender a viver com isso. Só preciso aprender a viver algo que não seja longe de tu, porque isso aí eu acho que não consigo não, Ninha.

Vitória parou. Tomou fôlego, me encarando como se esperasse alguma resposta. Ainda estava na porta. Tomei fôlego também, e tombei involuntariamente a minha cabeça para o lado, tentando pensar no que responder.

— Entra. – pedi, antes de qualquer coisa. Afastei um pouco a porta, dando espaço pra que ela entrasse. Ela o fez, então silenciosamente a conduzi até o sofá, aonde a mesma se sentou, e eu fiquei em pé, a encarando. — Quer uma água? Um café...

— Ninha, para, por favor. Eu sei que a gente sempre deixa as coisas passarem, mas a gente tem um único momento pra resolver isso e é agora. Eu disse tudo que eu queria, mas preciso te ouvir também.

Suspirei. Caminhei até o sofá e me sentei, um pouco distante. Encarei seu rosto, ficando longos segundos em silêncio. Pareceram eternidade. Os frágeis raios de sol que invadiam o apartamento pela janela brilhavam no rosto de Vitória, que parecia uma pintura delicada sob meu olhar. Há tempos não a percebia tão bonita. Talvez só não estivesse olhando o suficiente.

— Primeiro de tudo eu não queria que tu tivesse ido embora. – olhei para o chão, rapidamente. — Sei que foi uma consequência do que fiz. Então assim, na verdade eu queria que eu não tivesse ido embora depois de tudo que eu fiz. Sei que isso tornou tudo pior do que já era e deixou a gente numa situação bem mais complicada.

Vitória assentiu com a cabeça. O silêncio pairou no ar. Pela forma como ela me olhava em expectativa, percebi que esperava que eu continuasse.

— Eu não sei, Vi. Eu não sei se me vejo em um relacionamento aberto e me desculpa, é totalmente hipócrita da minha parte, eu sei disso. Mas nós temos uma vida juntas, três anos de vida juntas e eu não quero mudar isso radicalmente e me arrepender. – mais silêncio. Um silêncio incômodo. Olhei para ela, olhei para o chão, em busca de palavras, então continuei. — Sei que me atraí por alguém. Isso não significa que eu realmente vá ter algo com ela que possa mudar nossa história todinha, e como caminhamos até aqui... – suspirei, um pouco aliviada por ter conseguido achar as palavras do que queria dizer. — Entende?

— Mais ou menos. – Vitória foi breve. — Você sente vontade de ficar com ela mas não sabe se realmente quer ficar?

— Nossa. – dei uma risadinha baixa. — Parece pior quando você diz em voz alta. — Eu só não quero tomar a decisão errada porque tu ainda é minha prioridade.

— Então isso é um talvez? – Vitória perguntou, com a voz suave.

— Só um tempo pra pensar. Mas tu pode não ir embora, por favor? A casa tá te chamando de volta...

— Só a casa?

— E a cama tá reclamando de saudade.

— Hm... só a cama e a casa? – dei uma risadinha. Meu coração era puro alívio com ela, naquele momento.

— Tava só te esperando entrar, Vi... – me aproximei, com os braços abertos.

Ela me abraçou, e no fim das contas, de um jeito que até podia ser meio torto, eu sabia que ainda pertencia ali.

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