Eu não acredito que isso está acontecendo comigo. Acordo me arrependendo de cada decisão que eu tomei ontem. Por que eu tenho que ser tão burra? Além de a bebida ter me causado uma dor de cabeça infernal eu ainda tenho que me lembrar de tudo o que aconteceu.
Eu podia ter tido uma amnésia, sempre vi nos filmes pessoas que não se lembram de nada depois que bebem, mas é claro que eu tinha que ser diferente. Agora eu só tenho certeza de uma coisa: eu NUNCA mais vou beber na minha vida! O pior é que eu tenho certeza que o babaca do meu irmão está dormindo tranquilamente agora, que ódio desse moleque!
Preciso usar todas as minhas forças pra me levantar da cama, que parece rir da minha situação, se eu fosse ela riria. Acho que a bebida afetou de mais minha cabeça. Vou até o banheiro e me olho no espelho, meu estado é deplorável. Jogo uma água no rosto e procuro um analgésico. Pego meu celular e quase caio pra trás com a notificação que eu vi:
"@Gabrielzinho começou a seguir você"
Só pode ser mentira. Eu devo ter jogado pedra na cruz! Por um momento penso que vou desmaiar. Calma Alice, talvez seja outro Gabriel que começou a te seguir. Clico com receio em seu perfil e, para minha desgraça, é ele. O menino para qual eu me declarei totalmente bêbada e que teve que me ajudar a andar por conta do meu estado.
Acho que estou encarando o celular há vinte minutos pensando em como consegui me enfiar em uma situação dessas. Volto para realidade quando recebo uma ligação da Ester.
— Que foi? — pergunto sem nenhum pingo de empolgação.
— Credo menina, que humor é esse? Parece que foi atropelada!
— É assim que me sinto.
— Me deixa adivinhar, a super festa que seu irmão te obrigou a ir deu errado e você passou vergonha — ela diz e chego a pensar que ela estava lá.
Conto tudo o que aconteceu a ela, até a parte de que o Gabriel começou a me seguir. Consigo ouvir a risada dela e uma risada abafada ao fundo.
— Eu não acredito que a Quel está aí e você não me falou Ester! — exclamo indignada.
— Por quê? Eu não podia saber? — Raquel diz fingindo estar brava.
— Podia, mas é que se eu soubesse antes, teria me referido a vocês duas quando estava contando a história.
— Sei. Mas então, você o seguiu de volta? — ela pergunta.
— É claro que não! Eu estava pensando em bloquear ele, assim nós não vamos ter nenhum contato — digo, mas, como eu já previa, as duas refutam fortemente essa ideia. Eu amo muito minhas amigas, mas elas estão encarando essa situação como se fosse uma comédia romântica, e com certeza não é.
Depois de me acalmar um pouco, decido finalmente sair do meu quarto. Logo me arrependo. Meu irmão está em frente à porta me esperando.
— Bom dia babinha, dormiu bem? — pergunta com um sorriso malicioso.
— Não estou no clima João — digo já o dispensando, mas volto atrás. — Que história é essa de "babinha"?
— Ah é, esqueci que você estava dormindo. Ontem você dormiu no colo do príncipe encantado e babou na blusa dele toda! — ele diz e cai na gargalhada.
— Espera aí, você disse que eu dormi no colo dele? E que ainda por cima eu babei? — pergunto já sentindo o meu rosto queimar de vergonha e desespero.
— Sim — ele diz ainda rindo. — Nunca mais vou me esquecer da expressão dele quando viu a camisa toda babada!
Acho que meu dia não podia ficar pior. Desvio do meu irmão e vou para o mais longe dele possível, tentando recuperar o resto de sanidade que tenho. Isso só pode ser um pesadelo. Eu devia ter continuado com a minha vida "normal e sem graça", eu estava bem assim!
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Tropeçando no Amor
Teen FictionCercada por eventos desastrosos, um irmão encrenqueiro e um ex arrependido, Alice vê sua vida politicamente correta e normal virar completamente de cabeça para baixo após um convite perigoso. Ambos com problemas familiares e feridas profundas, Alice...