A Festa - Gabriel

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Hoje promete! Eu estou muito animado, fiquei planejando essa festa a semana inteira e meu celular está explodindo de mensagens das pessoas falando sobre ela. Eu planejei tudo, não tem como dar errado. Meus pais viajaram a trabalho e voltam só amanhã de noite, eu vou conseguir arrumar a casa toda para a chegada deles e eles nunca vão desconfiar.

— Ou, vai ficar viajando aí até quando irmão? A festa é sua e sou eu quem tem que arrumar?

— Desculpa aí Paulinho, estava revisando o meu plano.

— De novo? Cara, eu já falei, relaxa, vai dar tudo certo. Confia! — ele diz rindo.

— Para com isso de "confia" que me deixa mais ansioso ainda. Você acha que o João vai conseguir vir? — pergunto mudando de assunto.

— Ele disse que tinha que convencer a irmã mais nova dele a ir também.

— Ah é verdade, os pais dele foram junto com os meus na viajem...

— Mas fica tranquilo, é só ele falar que o famoso Paulinho vai estar na festa que ela vem correndo — ele diz com um sorriso orgulhoso.

— Famoso só se for por ser um baita de um galinha não é mesmo? — pergunto rindo e ele me mostra a língua.

— Também não vou te ajudar mais não, você vai ter que arrumar tudo isso aqui sozinho, cansei dessa amizade tóxica!

— Ô Paulinho, você sabe que eu te amo ─ digo rindo e me levanto para ajudar ele.

Já está tudo pronto e as pessoas começaram a chegar. Percebo que eu errei os cálculos, porque tem tanta gente que daqui a pouco nem eu consigo ficar dentro dessa casa. Certeza que o Paulinho chamou mais gente do que o combinado. Tinha que ser!

Ando pela casa tentando não chamar muita atenção, mas a cada um segundo entra alguém na minha frente querendo conversar, pelo menos estão se divertindo.

— E aí cara!

— João! Que bom que você veio. Achei que ia me deixar na mão — digo provocando-o por seu atraso.

— Valorize a minha presença, foi muito difícil convencer a minha irmã a vir. Estou devendo cinquenta reais e vou ter que lavar a louça dela por uma semana! — ele diz, e parece realmente contrariado.

— Tadinho! — digo rindo da cara dele. — Bom, aproveita, não vou dar outra dessa tão cedo.

— Já que insiste... Vou beber, falou! — ele grita e eu realmente não entendo como alguém pode gostar tanto de bebida como ele.

A festa começou faz uma hora e toda a minha alegria e o meu entusiasmo já foi pro ralo. Todo mundo está bêbado e eu não posso beber porque sou o anfitrião, mas que injustiça! Nesse momento me encontro fugindo de uma cola chamada Carla. Eu odeio essa menina! Ela não me deixa em paz nem um segundo e o pior é que nem fui eu que chamei essa praga.

— Bieeel, fica comigo, por favor, eu sou tudo de bom, prometo que você não vai se arrepender meu amor! — ela diz e eu me sinto extremamente mal por não poder arremessar ela pela janela.

— Carla, eu nunca vou ficar com você porque eu não quero. Qual parte de "não vai rolar" você ainda não entendeu?

— A parte do "não".

— Olha me faz um favor, vai embora! — digo perdendo o resto de paciência que eu tinha. Graças a Deus ela desiste e me deixa em paz.

Quando eu achei que tinha me livrado, vejo duas pessoas brigando, mas não é possível! Chego mais perto e vejo o João extremamente bêbado batendo em um cara, e uma menina do lado, também bêbada, gritando para eles pararem. Já chega! Vou até o Paulo, que não bebeu muito, e peço para ele expulsar as pessoas da minha casa. Depois, separo a briga e levo o João e a menina para um lugar mais reservado.

— João, você tem merda na cabeça? O que foi isso cara? — exclamo tentando não perder a calma e falhando. Ele só ri, eu não mereço isso! Respiro tentando recuperar o controle e olho para a menina.

— Consegue me explicar o que aconteceu? — digo e ela tenta me explicar, mas se embaralha nas palavras, a única coisa que consigo entender é que ela é a irmã do João. Sei que não devo estar pensando nisso agora, já que estou em uma situação terrível, mas não consigo não notar como ela é bonita e fofa.

— Certo. Vocês dois estão muito bêbados, então vou leva-los para sua casa — falo pra eles voltando ao foco e ambos concordam com a cabeça. Droga! Acabo de lembrar que estou sem carro porque bati ele no poste ontem. Ah, o que eu faço meu Deus?

Resolvo levar os dois de ônibus, já que sei que ele passa por aqui bem nesse horário, mas o ponto fica no outro quarteirão, então vamos ter que andar um pouco. Pode ser uma péssima ideia porque eu sou o único sóbrio aqui? Pode, mas fazer o que? Não consigo pensar em mais nada.

No caminho para o ponto de ônibus, a irmã do João que eu acho que se chama Alice, cai de cara no chão e eu me seguro muito pra não rir, já que não deve ser muito bom rir de uma garota bêbada. A ajudo a se levantar e, mesmo a cena sendo muito engraçada, fico preocupado e com medo dela ter se machucado, mas ela está bem. Continuamos no caminho e, dessa vez, o João que tropeça feio. Eu não me seguro, minha barriga até dói de tanto que eu rio dele.

— Tu tá me tirando irmão? Tenho cara de palhaço? — ele diz vermelho de raiva e eu rio ainda mais.

— Não briga com ele big brother! — a irmã dele me defende. E, a partir de agora, eu só vou chamá-lo disso.

— Ou, você é muito lindo sabia? Seus olhos são sexys e sua boca é bem "desenhadinha" — ela diz assim que entramos no ônibus e eu a olho espantado, nenhuma menina foi tão direta comigo antes. Droga Gabriel, lembra que ela está bêbada!

— Obrigado — digo com vergonha. Ela ri e me encara como se eu fosse um código a ser desvendado. A encaro de volta e percebo o quão essa menina é inocente, provavelmente nunca bebeu antes. Não entendo como ela consegue ser tão fofa em situações como essa. Ela apoia a cabeça no meu ombro e cai no sono.

Chegamos a casa deles e percebo que os dois dormiram, além disso, percebo outra coisa, minha camisa, que antes estava limpa e seca, agora está toda babada, eu mereço!

Acordo o João e ele fica um tempão procurando as chaves da casa, mas graças a Deus ele acha e eu levo aquela menina bonita, fofa, inocente e intrigante, que babou na minha camisa toda, até a cama dela e vou embora.

Tropeçando no AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora