Ouço batidas insistentes na porta do meu quarto, eu quero ignorar, mas simplesmente não dá. Abro a porta.
— Alice, mas que ódio, qual a dificuldade de abrir a porta? — João diz e reviro os olhos.
— Meu dia foi horrível big brother, não estou a fim de papo furado.
— Não é papo furado — diz se acalmando. — Eu preciso mesmo conversar com você.
— Já está conversando — digo sarcástica.
Confesso que estou com medo do que ele tem a dizer, meu irmão não costuma ser sério assim. Ele sempre tem alguma piada de mau gosto e algum comentário sem noção, mas o assunto parece ser realmente importante.
— Eu não fui à faculdade hoje.
— O QUE? — pergunto com raiva. — Ah não João, de novo você vai me enfiar nas suas artes? Você é o irmão mais velho, não eu!
— Mas foi por um bom motivo — diz e bufa.
— Você está me assustando, fala logo!
Ele chega bem perto de mim e sussurra:
— Eu acho que o velho está escondendo alguma coisa.
"Velho" é o meu pai. Não sei o porquê o João o chama assim, eu acho estranho, apesar de que ele é velho mesmo.
— Tipo o que? — pergunto.
— Eu ainda não descobri, mas hoje eu o segui. Ele foi ao trabalho, depois foi almoçar com alguém, mas não consegui ver quem.
— Você é um idiota mesmo — digo frustrada.
— Ei! Pelo menos eu fiz alguma coisa.
— É só isso?
— Não. Eu também o observei trabalhar do lado de fora do prédio - ele diz e eu não quero nem saber como fez isso. — O velho fica o tempo todo no celular! Ele parece os mafiosos planejando como matar alguém.
— Meu Deus — digo pensativa.
— Vou investigar mais, porém quero que fique sabendo. Nós já somos maiores de idade, então...
— Já entendi — o corto. — Tomara que não seja o que estou pensando.
— É, tomara — João diz e sai do quarto.
Não sou muito próxima ao meu pai, mas ele é o meu pai. Eu só sei que, se ele magoar a minha mãe ou o meu irmão de algum jeito, eu nunca vou perdoá-lo. Posiciono-me em frente ao espelho. Bem, se ele for um babaca, pelo menos sou a cara da minha mãe. Os mesmos olhos castanhos, o mesmo cabelo liso e o mesmo corpo meio termo.
...
Já se passou uma semana desde a festa e, graças a Deus, eu ainda não vi o Gabriel, tomara que continue assim. Eu e meu irmão não descobrimos mais nada sobre o meu pai. Além disso, estou preocupada, o Eduardo está meio estranho comigo e não sei o que ele tem.
Sinceramente eu esperava que minha semana fosse horrível, mas até que foi tranquila. Exceto a parte em que a Ester não para de me encher sobre o Gabriel, ela quer que eu converse com ele, mas eu vou falar o que? Pelo menos a Raquel não tomou partido. Enfim, não é dia de me preocupar com isso, hoje é domingo!
Recebo uma ligação do Eduardo.
— Oi Edu! Tudo bem?
— Ah, oi Alice, estou bem sim — diz e sua voz está estranha. — Eu queria saber se você... — ele para de falar.
— Se eu o quê?
— Se você pode sair hoje — diz e eu fico surpresa. — É que eu quero te falar uma coisa.
— Ah, claro. Agora estou curiosa — digo rindo sem graça.
— Certo, sinto muito, mas não vou poder te levar ao local, por isso mandarei o endereço por mensagem.
— Tudo bem, nos vemos lá então.
— Até — ele diz e desliga.
Por mais que eu não queira, as palavras que Ester disse no começo da semana rodeiam meus pensamentos. "Só você ainda não percebeu que ele gosta de você". Não! Isso é impossível Alice, vocês são só amigos, e tenho certeza que ele sabe disso. Mando uma mensagem no grupo que tenho com minhas amigas.
Alice: O que eu faço gente? Vou sair com o Edu, ele disse que quer me falar algo.
Ester: Eu falei que ele te ama! Quero ouvir agora você dizendo que eu estava certa, manda um áudio!
Alice: Me poupe, eu nem sei o que é que ele vai falar.
Raquel: Não gosto dele, mas não sou eu que vou namorar ele, então está tudo certo.
Alice: EU NÃO VOU NAMORAR ELE! Esse é o problema, eu não gosto dele. Mas não quero magoá-lo.
Ester: Tadinho. Será que vai ser o primeiro fora dele?
Raquel: Por isso eu sempre falo que amor é perda de tempo, ele tinha que ir estudar e parar de ser trouxa.
Alice: Vocês são horríveis.
Ester: Calma amiga! Vai dar tudo certo, siga o meu exemplo. Se você não quer o boy, chuta ele!
Alice: Se eu for seguir o seu exemplo ele vai chorar, igual o último menino que você "chutou".
Ester: Kkkkk, ele chorou só um pouquinho.
Raquel: A Ester não presta, não segue ela Alice. Essa aí é má influência.
Ester: Que absurdo! Eu sou uma santa.
Alice: Até parece. Tenho que me arrumar gente, tchau.
No fim, elas não me ajudaram em nada, mas eu não tenho escolha, vou enfrentar o que vier. Coloco as roupas de sempre, moletom, jeans e tênis, nada é melhor que essa combinação, e, independente do que o Edu falar, ainda é ele.
...
Chego ao local e me espanto de nunca o ter notado antes, já que esse restaurante é na rua ao lado da rua do pet shop. Ele até que é bonito, parece novo. As paredes amarelas chamam minha atenção, porém não mais do que a grande placa brilhante que me deixa cega só de olhar. Para que ligar uma luz dessa durante o dia?
Entro ainda receosa, e logo vejo Eduardo sentado em uma mesa um pouco longe da porta. Caminho em sua direção, mas, como minha semana estava muito normal e eu devo ter cometido vários pecados, já que nada que eu planejo dá certo, tropeço em alguém que creio que tenha se teletransportado para minha frente. Não é possível!
Caímos juntos e consigo ver a cena toda em câmera lenta. Eu, que percebo ter tropeçado justamente no insuportável do Gabriel, que parece estar em todos os lugares que não deveria. O vejo se assustar e vejo nossos lábios, que se juntam brevemente.
Volteiii!
Desculpem a demora, fiquei doente mas agora já estou de volta. E aí, o que acharam do capítulo novo?
Não se esqueçam de votar e comentar.
Bjs💕💕
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Tropeçando no Amor
Подростковая литератураCercada por eventos desastrosos, um irmão encrenqueiro e um ex arrependido, Alice vê sua vida politicamente correta e normal virar completamente de cabeça para baixo após um convite perigoso. Ambos com problemas familiares e feridas profundas, Alice...