Chapter 2

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As fortes e geladas rajadas de vento fizeram Sarah encolher todo o seu corpo; em pleno final de outono o frio castigava quase severamente. A garota estava guardando seu crachá em sua bolsa quando suas chaves caíram no chão. Imagine ter que tocar no metal, agora molhado, em pleno nove graus Celsius?

Serenata devido à hora: Pouco mais das onze da noite. Sarah fez o que mais ou mais tarde teria que fazer e acabou pegando a chave do chão. A garota voltou a se levantar, todavia, algo não a deixou se mover. Ela fechou os olhos ao cair em percepção de que deveria ter ido visitar a senhora Fátima e Juliette.

Seus passos foram desajeitados e apressados para dentro do hospital e logo ela estava no elevador rumo ao quarto da garota. Por sorte não precisou ter que gravar outros números de quartos aquele dia, se não, com certeza teria problemas em se lembrar do número do quarto de Juliette.

Assim que chegou ao piso em que deveria descer, ela rumou para o quarto. Deu três batidas na porta e logo a mesma foi aberta.

- Olá. - Ela disse docemente. - Muito tarde? Se quiser eu posso voltar amanhã e..

-Não se preocupe, criança. Entre. - Fátima disse, vendo Sarah (agora não uniformizada) entrar. A garota deixou a bolsa no canto da sala e se aproximou de Juliette.


- Olá, Juliette. Como está? - Sarah disse, vendo Fátima voltar a se sentar em sua cadeira. - Vejo que pentearam seus cabelos. Está linda!

- Ninguém a visitava e, bem, ela sempre gostou de ficar arrumada para as visitas. Dei uma leve ajeitada. - Fátima disse sorrindo fraco e Sarah agradeceu mentalmente por ter lembrado de visita-lá. A mulher teria se chateado caso o cérebro de Sarah resolvesse falhar em lembrá-la de algo novamente.

- Oh! - Sarah disse. A maior analisou a expressão da mãe de Juliette. Aquela mulher carregava consigo uma dor tão profunda que transparecia no brilho de seus olhos. - Viu só, Juliette? Sua mãe ainda se lembra de seus gostos. - Fátima riu baixinho e assentiu.

- Você é muito especial, Sarah. - A mais velha disse, causando um sorriso no rosto da maior.


- Obrigada, senhora. - Ela disse sentindo-se lisonjeada. - Juliette, vou contar para você e sua mãe sobre o meu chefe, quer escutar? - Sarah perguntou sorrindo. - ele brigou muito comigo por ter entrado aqui mais cedo. Ele realmente não deve gostar de mim. - Falou rindo.

- Oh, querida. Enganos acontecem. Por que ele brigaria com você?

- Por importunar a paz de uma família. Eu deveria ter ido à outro quarto. Levei bastante xingo, mas sabe, Juliette? Gostei de conhecer vocês duas. - A porta foi aberta de supetão, roubando a atenção do momento para o doutor que entrava na sala.

- Boa noite, moças. Como estamos aqui? - o homem que aparentava seus quarenta e poucos anos era ligeiramente grisalho, mas incrivelmente lindo e simpático. - Temos visita nova para você, Juliette? - O homem disse em um tom alegre e empolgado.

- Sarah é nossa nova amiga, Doutor Derek. - Fátima disse sorrindo, se afastando para dar lugar ao médico, que retirava sua pequena lanterna do bolso de seu jaleco.

-Vamos lá. - Ele disse, abrindo um dos olhos de Juliette e jogando luz neles. Sarah pôde ver que os olhos eram castanhos também, uma tonalidade incrível, para ser honesta.


- Você não se incomoda com isso, Juliette? Se alguém jogasse luz nos meus olhos eu choraria de raiva. - Sarah disse rindo. - Sou meio explosiva na TPM.

- Como disse que se chamava? - O médico perguntou, se virando para Sarah.

- Bem, eu não disse. Fátima que me apresentou. Sou Sarah.

- Certo. Sarah..

- Já sei. Pedirá silêncio. Desculpe! - Ela disse rindo um pouco envergonhada.

- Muito pelo contrário. Continue falando. - Sarah arqueou uma sobrancelha.

- Bem, eu não entendi, mas tudo bem. Sou fácil em falar coisas aleatórias do nada. Isso me faz parecer louca? - Ela perguntou, vendo Fátima rir.

- Não, querida. - A mulher respondeu gentilmente.

- Sarah, ande até a porta, por favor. - O homem pediu e a garota assentiu confusa. - Vá falando. -Que espécie de louco aquele médico era? Sarah resolveu acatar seu pedido mesmo assim.

- Eu não posso ficar falando sozinha doutor. O senhor me pede para falar, mas é complicado e isso compromete a minha imagem na frente de Juliette.

- Repita o nome dela. - O homem pediu com veemência.

- Está tudo bem, doutor? - Fátima perguntou preocupada. O homem jamais fizera algo assim em todos os anos que estivera ali. Ele era apenas um interno quando foi apresentado ao caso e permaneceu ali até os dias atuais ao lado daquela família.

- Sim. Só preciso que Sarah repita o nome da Juliette.

- Claro. Juliette, eu não sei o porque o doutor quer que eu repita seu nome, mas gosto de "Juliette". É um bonito nome e por isso repeti sem problemas.

O homem soltou uma risada animada e apagou a lanterna, olhando para Fátima visivelmente comovido. Ele havia se apegado à garota e dizia naqueles quatorze anos Juliette lhe ensinava sobre perseverança todos os dias.

- Senhora Fátima, podemos trocar uma palavra? - Ele perguntou e a mulher olhou confusa e assustada para ele.

- Eu prefiro que Sarah esteja comigo. - Ela confessou. - Você sabe que eu não tenho.. Mais ninguém, doutor. - Os olhos negros do homem se direcionaram para Sarah antes de ele assentir.

- Tudo bem. - Ele disse. - Senhora Fátima, de alguma maneira a sua filha parece responder quando ouve. As pupilas se dilatam e se movem, porém..

- Oh meu Deus. - Fátima disse levando sua mão à própria boca. - Ela nos ouve? Oh meu Deus. Minha filha.. - A mulher começou a chorar e o doutor respirou fundo.

- Preciso que se acalme, senhora. Ainda tem mais. - Ele disse, vendo-a limpar algumas lágrimas e voltar a fitá-lo. Fátima sentiu um aperto cálido em sua mão, virando-se apenas para ver que era de Sarah.

- Prossiga, doutor.

- Bem, o mais estranho de tudo é que, bem.. Juliette só responde à voz de Sarah. Eu falei e nada, a senhora falou e nada, Sarah falou e seus olhos a seguiram. Quando Sarah proferiu o nome dela era como se seus olhos quisessem se aproximar dela.

- Está dizendo.. - Fátima foi cortada pelo doutor.

- A voz de Sarah é o estímulo que procuramos todos esses anos para Juliette, Fátima. - Sarah piscou lentamente, tentando processar o que acabara de escutar. Como raios seu dia se tornou tão louco?

-
Eaí pessoas, como cês tão? Espero que estejam bem, votem e comentem, só assim para eu saber se estão gostando da fic 🌙

Em um piscar de olhos - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora