Chapter 7

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Exausta. Era assim que Sarah se sentia; Rodolffo havia abusado de seu poder e feito Sarah trabalhar muito mais do que o normal, incluindo ter que buscar café do outro lado do hospital para ele várias vezes.

Ela sabia que isso aconteceria, pois o senhor Matthaus não estava lidando muito bem com o fato de ela, ainda não estando formada, pegar um caso tão raro e importante quanto o de Juliette. Juliette era um milagre da medicina e, apesar do pouco tempo que estava acordada, seu nome já se destacava nas principais manchetes por todos o país. Juntamente com seu nome, se destacava o nome de todos os médicos e envolvidos no tratamento, obviamente o sobrenome Andrade ficaria dentre o cenário da saúde e, certamente, Rodolffo gostaria de seu nome estar junto.

Sarah fez o favor de deixar o homem ainda naquela lista, não por ele obviamente, senão por Juliette, mas o homem não parecia satisfeito com isso, afinal tantos anos de carreira não serviram para tirá-lo do cargo de auxiliar em uma manchete importante, ele se sentia humilhado provavelmente.

A maior tomou um banho rápido no próprio hospital e se dirigiu ao quarto de Juliette. Fátima a recebeu com a mesma gentileza de sempre e disse que já havia deixado na recepção a autorização para ela passar a noite com Juliette, explicou também que sobre a mesinha havia seu número anotado em um papel. Sarah anotou em seu celular por garantia, ela era desastrada havia tempo suficiente para saber que um pedaço de papel poderia ser facilmente destruído de várias formas.

Juliette não queria que sua mãe fosse, mas quando Sarah explicou que Fátima precisava dormir em uma cama confortável e comer algo saudável, Juliette acabou por concordar com Sarah.

- Hey, Ju, minha irmã tem algumas bonecas em minha casa. Ela não mora aqui, mas às vezes vem me visitar. Gostaria que eu trouxesse para brincarmos? - Juliette fez uma careta e negou.

- Eu não gosto de bonecas. - Sarah riu e assentiu.

- Para ser sincera eu também nunca gostei. - Juliette assentiu sem sequer olhar para Sarah. - Ei, o que você tem?

- Nada. - Juliette disse baixando seus olhos para suas mãos.

- E o que está gerando essa carinha triste, então? - Juliette começou a piscar rápido demais para Sarah considerar algo normal. - Juliette, você está bem? - Os olhos não pararam de piscar, tendo Juliette os pressionando fortemente no momento seguinte e então Sarah segurou sua mão. - Eu vou chamar um médico, espere.

- Sah.. - Juliette disse, segurando sua mão apressadamente, fazendo a menor lhe fitar novamente. - Não!

- Então respire. Tudo bem? Sente alguma dor? Algo fora do comum? - Sarah perguntou, subindo na cama e embalando Juliette em seus braços. Juliette negou lentamente, começando a parar de piscar tão rápido. Sarah ficou acariciando suas costas até a garota voltar ao normal.

- Desculpe. - Juliette pediu baixinho, afundando seu rosto na curva do pescoço de Sarah.

- Não tem por que se desculpar, anjinho. - Sarah disse calmamente. - Eu vou precisar comunicar o médico sobre isso, de qualquer forma, tudo bem para você? 

- Não, por favor. - Juliette pediu, começando um choro baixinho. - Não me deixa sozinha.

- Shhh, tudo bem. Não vou siar do seu lado. Esperarei alguma enfermeira noturna então, mas se algo mais estranho acontecer eu precisarei ir, tudo bem? - Juliette assentiu, virando seu rosto na direção de Sarah, prestando atenção em cada detalhe.

- Eu não sou normal? - A garota perguntou subitamente, fazendo Sarah olhar na direção de seu próprio ombro, que era onde o rosto de Juliette estava.

- Por que está me perguntando isso? - Juliette enrubesceu e Sarah notou os olhos voltarem a piscar muito rápido, deixando a sensação de preocupação inundar seu ser novamente. Sarah decidiu se virar e apertar o botão ao lado da cama, que era usado somente para urgências. Depois se desculparia por isso, mas precisava de alguém ali.

- O moço da TV falou de vida amorosa, que era normal na minha idade, mas eu.. - Os olhos não paravam de piscar e Sarah começou a balançar lentamente as duas, como se estivesse ninando a garota. - Eu não sou normal? - A voz saiu baixa e triste.

Sarah não pôde responder aquela pergunta, pois o quarto foi invadido por toda uma equipe de médicos, com equipamentos prontos para o uso. Sarah sorriu sem graça e desceu da cama.

- Então, eu precisava de alguém aqui. - Sarah começou sua explicação envergonhada. - Mas eu não podia sair do quarto então eu.. Oh, céus, sinto muito. - Ela disse enrubescendo. Algumas pessoas reviraram os olhos e saíram, mas um médico ficou.

- Pois não? - Ele perguntou gentilmente.

- Estávamos conversando e, de repente, ela começou a piscar muito rápido e às vezes pressionava os olhos fortemente. Eu fiquei preocupada, isso não é normal. - Sarah disse.

- Era para tentar parar. - Juliette disse e então o médico  se aproximou da cama.

- Tentar para o quê? - O doutor perguntou, acendendo sua pequena lanterna nos olhos da garota. - Siga meu dedo com os olhos. - Ele pediu e Juliette o fez.

- De piscar. - Juliette replicou. - Eu apetei os olhos fortemente para tentar parar de piscar.

- Sentiu algo? Tontura, dor, mal-estar? Algo diferente? - Juliette pareceu pensar e logo assentiu.

- As minhas bochechas arderam. - O médico assentiu, olhando para Sarah.

- Sobre o que falavam?

- Sarará, não! - Juliette pediu com veemência, enrubescendo; seus olhos começaram a repetir o mesmo de alguns minutos antes ao piscarem rapidamente. Juliette apertou fortemente eles e negou com a cabeça. - Não param! Argh! - Juliette disse.

- Vou levá-la para uma ressonância e precisarei que você toque neste momento o mesmo assunto com ela quando estivermos lá. - Ele disse, fazendo Sarah assentir.

- Devo ligar para a mãe dela? - Sarah perguntou aflita, cruzando os braços. O doutor apenas sorriu e negou.

- Se for o que eu estou pensando então não tem com o que se preocupar. - Ele disse calmamente. - Vamos fazer a ressonância, hm? Depois disso o resultado for algo negativo você chama a mãe dela, mas eu acredito que não será necessário. - Sarah assentiu, vendo o homem acariciar se braço sem malícia, apenas a confortando.

- Ei, princesa.. - Sarah a chamou assim que o médico saiu, se debruçado sobre a cama. - Vamos fazer um exame rápido em você, tudo bem? Eu vou estar lá com você.

- Vai doer? - Juliette perguntou assustada.

- Não. O médico só vai tirar uma foto do seu cérebro. - Ela disse sentindo os dedos de Juliette se entrelaçarem nos seus.

- Igual o moço da TV? - Perguntou curiosamente e Sarah negou com a cabeça.

- De jeito nenhum. O moço da TV é um bobo. Não quero que pense que você tem algum problema ou que é anormal, tudo bem?

- Mas eu não sou igual a maioria da minha idade. Eu deveria ser. - Ela disse, sentindo Sarah acariciar seu rosto.

- Vou contar um segredo. - Ela disse baixinho. - Ninguém é igual ninguém. Não quero que se sinta triste com o que ele disse, tudo bem?

- Você promete que não liga? - Sarah sorriu e assentiu.

- De dedinho?

- De dedinho. - Sarah respondeu, entrelaçando seu dedo mindinho com o de Juliette.

- Então eu deixo o médico tirar foto do meu cérebro. - Juliette disse sorrindo, fazendo Sarah sorrir também, porém internamente ela sentia um medo avassalador. Mesmo com o médico achando não ser algo preocupante, Sarah só se acalmaria quando soubesse do que se tratava aquele piscar de olhos.

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Voltei, pessoas. Espero que tenham gostado do capítulo, comentem e votem. Até amanhã ❤

Em um piscar de olhos - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora