Chapter 22

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Fátima não era boba, sabia que algo não estava certo; conhecia sua filha o suficiente para ver sua expressão triste e confusa. A mulher retirou seu casaco e o pendurou, caminhou até o sofá e se sentou ao lado da garota.

- O que houve, querida? - Perguntou com doçura, pois não queria de maneira nenhuma assustar sua filha. Juliette entortou o canto dos lábios e negou com a cabeça.

- Eu não sei, mamãe. - Ela disse, tentando discernir o que estava acontecendo.

- Por que essa carinha triste?

- Eu.. - Seus olhos castanhos encontraram o de sua mãe e por um momento ela corou, desviando o olhar para qualquer outro ponto. - Eu não sei o que está havendo comigo.

- Tente explicar para mim, uhm? Quem sabe eu possa te ajudar. - Fátima disse, vendo Juliette se virar de frente para ela e assentir com a cabeça.

- Está bem. - Disse, deixando seus ombros caírem. - Desde que eu acordei no hospital eu gosto da presença da Sarah, mãe. - Ela confessou. - Mas não é igual antes, com as amiguinhas da escolinha, ela é uma amiga diferente.

- Diferente como? - Fátima perguntou, já tendo uma leve noção do que se tratava, mas mesmo assim querendo ouvir sua filha.

- Eu não sei. - Disse em um suspiro frustrado. - Eu gosto de colorir, mas aí de repente não estou mais prestando atenção no desenho, estou lembrando de como ela sorri quando me conta uma história. Eu estou confusa; eu.. - Sua voz se perdeu quando ela começou a chacoalhar a cabeça e seus olhos começaram a tremer, seus cílios piscarem e ela bufar irritada.

- Calma, filha. - Fátima pediu, pegando uma das mãos de Juliette e acariciando.

- Não. Eu... Eu não gosto disso. A Sarará ficou brava comigo por isso. - Disse piscando ainda mais, seu rosto levemente corado pela fúria de si mesma.

- Ela ficou brava? - Fátima indagou.

- Eu acho que sim. - Juliette disse, suspirando pesadamente. - Eu vi alguns filmes onde duas pessoas se beijavam. - Explicou, começando a brincar com os dedos de sua mãe, que não se importou com aquilo. - E eu entendi o que eu sentia quando estava perto dela. Era isso que eu queria fazer, mas eu não sabia antes.

- E você disse isso a ela?

- Não. Eu mostrei. - Falou, olhando para sua mãe com a expressão repleta de culpa. - Liga para ela e pede desculpas por mim? Eu prometo de dedinho que não vou fazer mais isso. - Falou levemente afobada. - Mamãe, eu juro que guardo a vontade na caixinha de segredo do coração e não faço mais, mas pede para a Sarará não ficar brava comigo, por favor..

- Querida, você a beijou? - Fátima ainda estava presa naquela informação, boquiaberta e surpresa demais para qualquer outra coisa.

- Eu.. Não sei o que está acontecendo comigo. - Ela disse tristemente. - Meu cérebro quebrou em algumas da cirurgias e não voltou mais ao normal, mamãe.

- Querida, o que está acontecendo com você é absolutamente normal. - Explicou brandamente. - E aposto que Sarah não ficou brava, talvez surpresa.

- Ela me disse no hospital que também sente as florzinhas. - Confessou cabisbaixa. - Eu pensei que ela.. Eu pensei.. - Bufou. - Eu não sei o que pensei. Eu não gosto de ter o cérebro quebrado. - Fátima riu e acariciou os cabelos de Juliette.

- Seu cérebro não está quebrado. Deixa a mamãe te contar algo. - Fátima começou pacientemente
- Quando eu conheci seu pai, eu me sentia exatamente igual a você: Confusa. Eu só pensava nele o dia todo e de como ele reagiria a algo que eu lhe contasse.

Em um piscar de olhos - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora