Capítulo 14

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Relaxados um ao lado do outro, foram invadidos pela mais crua realidade. Embora ainda em êxtase pela experiência tão gratificante, sabiam que era praticamente impossível que continuassem juntos depois do término da missão.

Provavelmente seus caminhos nunca mais se cruzariam.

— Isto não pode acontecer novamente. — ela disse por fim erguendo o queixo. — Nunca mais.

— Nunca é tempo demais. — ele declarou.

— Essa frase é bonita como filosofia, mas você sabe por que devemos colocar um ponto-final no que aconteceu. Agora.

— Sei o que deveríamos fazer, mas vai ser difícil demais convencer meu cérebro de uma coisa, quando meu corpo quer o contrário. — Para provar a coerência de suas palavras, Alfonso a abraçou com força.

Anahi entendeu, concordava que se completavam, embora pertencessem a mundos diferentes.

— Não importa. Temos que ser fortes.

Sem dar tempo de ele reagir, Anahi levantou-se e seguiu escada acima para tomar um banho. Porém, a água fria não conseguiu lavar o toque e o perfume de Alfonso da sua pele. Sem mencionar o sentimento que se apoderara de seu coração. Ao entregar-se tão plenamente, havia arruinado seus planos de vida. Já tinha chegado à conclusão de que não queria ser uma policial e muito menos se relacionar com um deles.

— Não gosto de deixá-la aqui sozinha, mas seu pai disse que há novidades e me chamou na delegacia.

Anahi sabia que Alfonso temia que ela se metesse em algu­ma confusão. Bem, era preciso lembrar do pendrive que roubara, ou de quando Barry quase a pegara em flagrante.

Bem, não pretendia estragar tudo novamente, mesmo que tivesse de morrer.

— Não se preocupe, ficarei bem.

Mesmo com a garantia, Alfonso não se deu por satisfeito.

— Agora é diferente, e você sabe a razão. — Ele caminhou até a porta, parando antes de abri-la. — E se Barry vier aqui?

— Não atenderei a campainha. Mesmo que a casa pegue fogo. Não darei um único passo até a porta. Ficarei perto da janela e manterei vigilância.

Quantas vezes ainda teria que explicar, que realmente podia se cuidar? Sem dar continuidade ao assunto, seguiu até ele e abriu os trincos.

— Fique tranquilo. Agora vá.

— Não esqueça de passar todos os trincos.

Anahi resmungou algo inaudível e fechou a porta, passan­do a chave para que ele ouvisse. Depois seguiu até a janela para observá-lo entrar no carro. Quando poderia imaginar, que já sentiria saudades no minuto seguinte de terem se separado? Ficou ali parada até o carro desaparecer rua abaixo.

Nenhum movimento suspeito na casa vizinha. Hora de se ocupar.

Correu ao telefone. Tinha uma ideia e queria colocá-la em prática.

Depois de dois toques, alguém atendeu.

— Mike, é Anahi. Preciso que me traga algumas coisas.

— É meu dia de folga, Any. — Ele gemeu, mas cedeu em seguida, conhecedor de sua teimosia. — Está bem, está bem. O que quer?

Rapidamente, Anahi fez uma lista do que necessitava, mas antes de desligar, pediu mais um favor.

— Você me emprestaria sua moto?

Silêncio.

— Mike?

— Não. Minha moto, não.

Perigosamente JuntosOnde histórias criam vida. Descubra agora