Capítulo 28

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MADLYN

Eu estava na cozinha comendo cereal quando o meu pai entrou. Ele passou direto por mim e foi até a geladeira, mas quando se virou com a garrafa de suco nas mãos, seu olhar tinha um quê de preocupação.

— Me ligaram do colégio hoje, falaram que você foi até a enfermaria.

Ah sim, esse assunto. Não imaginei que a secretaria do colégio fosse o informar disso. Penélope falou que não era nada grave, e realmente não era, então pra que ir incomodar o meu pai com isso? Mas pelo visto avisar que seu filho passou pela enfermaria fazia parte do regulamento padrão da Homestead.

— Não foi nada demais. — Dei de ombros.

— Sério colega? — ele me encarou desconfiado.

Suspirei frustrada porque, eu não queria ter que falar disso com ele, mesmo.

— Caramba não dá esconder nada de você hein! — me levantei do lugar em frente a bancada e fui até a minha bolsa. Tirei de lá o papel que a enfermeira me deu e o estendi para o meu pai. — Ela falou que eu vou ter que usar óculos. — Revirei os olhos no tempo em que ele pegava o papel das minhas mãos.

— E você ainda diz que não é nada demais? — ele correu os olhos pela folha brevemente e depois olhou para mim abismado. — Vai pegar suas coisas, vamos. — Disse indo para a porta.

Eu continuei parada entre a sala e a cozinha, sem entender o que significava esse "vamos".

— Pra onde?

— Pro oftalmologista! Anda Madlyn.

— Eu não vou não! — Disse me sentando de novo.

Meu pai estava brincando? Foi só uma dor de cabeça e já até passou. Se você ignorar os problemas, eles te ignoram de volta, é simples.

— Ah, mas você vai sim! Cinco minutos. — Ele apontou para a porta e saiu.

Soltei o ar pela boca chateada, e fui pegar minha bolsa. Com meu pai não tinha como discutir.

*

Passei por um monte de exames chatos, parecidos com que os Penélope fez em mim mais cedo, só que esses eram bem mais complexos, e a diferença é que agora a minha vista estava até um pouco embaçada devido a um colírio que eles tinham colocado no meu olho.

Enquanto tentava me acostumar com aquela sensação estranha de ter a visão turva, a Dr.ª Bethany entrou na sala e se sentou em sua poltrona.

— Madlyn Rowdy Campbell. — Ela olhou pra mim. — Está com a visão muito prejudicada mocinha, vai ter que usar um grau bem forte.

— Não pode ser lentes? — Perguntei logo.

A Pearlyn se dava bem com lentes. Ela havia trocado os óculos por elas enquanto estávamos no Tennessee e continuava enxergando perfeitamente bem.

— Olha, você pode usar lentes de contato sim, mas para ler, ver TV, e principalmente mexer no celular eu te aconselharia a usar os óculos, principalmente no começo. — Suspirei.

É, eu não podia contestar quanto a isso. A minha amiga também não tinha ignorado os óculos de grau totalmente, ela ainda o usava vez ou outra, mas, a maioria das vezes era quando estávamos em casa, então acho que eu também podia fazer isso.

— Não fica assim Madsmile, vai ficar bonita. — Meu pai falou me dando apoio e eu olhei para ele tipo "ah tá bom!" Se tinha uma coisa que eu odiava eram óculos.

Pouco tempo mais tarde quando saímos do consultório meu pai decidiu que já tínhamos que passar em uma ótica. Ele estava levando mesmo à sério toda essa história sobre a minha visão, e eu não tinha nem como fugir disso, pelo menos por um tempo.

Não Se Esqueça De Mim [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora