PEARLYN
Depois que o sinal tocou eu me despedi das meninas e fui para frente do colégio esperar minha mãe. Essa semana ela estava indo me buscar porque o outro carro estava na oficina.
No tempo que aguardava ela aparecer coloquei o fone de ouvido, peguei meu caderno de desenho e fiquei fazendo uns esboços nele enquanto escutava uma música qualquer. A letra falava sobre se relacionar sem envolver sentimento, mas o quanto a menina não poderia achar outro cara que conhecesse tão bem o seu corpo, e pudesse fazer sentir as coisas que ele a fazia sentir.
Comecei a cantarolar a música baixinho ao passo que o meu desenho ia tomando forma. A maioria dos modelos que eu criava simplesmente vinham naturalmente na minha cabeça, não era como se eu já tivesse idealizado alguma coisa e o passasse para o papel, e desse jeito, eu sempre acabava amando o resultado final.
— Até que você não canta mal patinho feio. — Olhei para o lado assustada e encontrei o Zack sorrindo enquanto olhava para mim. Logo depois de ter a minha atenção ele se sentou ao meu lado sem nem ao menos ter sido convidado para isso.
Eu tirei o fone e o encarei atentamente. Procurava entender que motivos teria para o Zack estar ali, tentando estabelecer alguma comunicação comigo.
— Já sei, vai perguntar o que eu quero.
— Estava abrindo a boca agora mesmo para perguntar isso! — Fechei o meu caderno, mas o deixei no meu colo, e fiquei encarando-o para que prosseguisse. Se ele veio até aqui haveria de ter alguma explicação.
— Quero te fazer uma pergunta. — Zack esclareceu.
Uma pergunta? Ok. Ainda não estava fora do parâmetro do incomum. Mas era algo que eu podia relevar.
— Pois então faça. — que ele fosse direto ao ponto. Aliás minha mãe já devia estar quase chegando, eu não pediria que ela esperasse só para eu ter que ficar aqui dando alguma atenção a ele.
Zack suspirou e começou sua narrativa. Eu me acomodei melhor no banco de maneira que conseguisse prestar mais atenção nele.
— Se você achasse que está gostando de alguém, mas não conseguisse admitir para si mesmo, o que faria?
Franzi o cenho na mesma hora. Que pergunta mais esquisita! Isso não era definitivamente o que eu esperava ouvir.
Pensei por um momento. Ele só podia estar falando de outra garota, não tinha como aquilo ser sobre a Sara. Para ele achar que estava gostando de alguém, o relacionamento dele não estava indo nada bem. Mas talvez por isso o Zack quisesse ter certeza, para não acabar colocando o namoro a perder por uma mera ilusão que logo iria passar. Só ainda não entendi por que ele veio perguntar isso justo para mim, mas de qualquer forma, eu pensei em ajudá-lo com essa dúvida.
— Quer ter certeza se realmente gosta dela?
— Exatamente! — ele confirmou.
Por mais que fosse errado, só tinha um jeito de o Zack ter certeza se estava realmente gostando dessa tal garota.
— Já beijou ela?
— Não. — ele negou.
Imagino que não teria modo mais eficaz de descobrir o que sente de verdade por uma pessoa através do beijo. O beijo era uma forma de expressar, receber, e descobrir sentimentos. Era um gesto muitas vezes simples, mas importante nas relações que envolviam desejo carnal. Se você gostasse de alguém, o beijo mexia contigo de uma forma diferente do que se fosse apenas atração física. Era nisso que eu acreditava.
— Bom... Então beija, e se você não sentir nada quer dizer que não gosta realmente, agora se sentir... — dei minha sugestão.
Olha só eu aqui dando conselhos para Zack Montgomery, quem diria que uma cena como essa viria a acontecer. Era estranho ele ter vindo querer isso logo de mim, mas eu não pensei muito nisso, só esperava sua reação, para ver o que ele acharia desse meu conselho.
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Não Se Esqueça De Mim [CONCLUÍDA]
Ficção AdolescenteHarvey é o típico badboy. Capitão do time de futebol, a glória é tudo o que importa para o garoto. Pegar no pé de April Lancaster já se tornou rotina, a esquisitona - como ele mesmo costuma a chamar - que inexplicavelmente a atraiu em segredo. Escon...