Capítulo 91

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MADLYN

— Madlyn? — Escutei a voz do meu pai me chamar.

Eu estava na sala assistindo TV enquanto comia alguns biscoitos. Estava muito concentrada no que via, tanto que respondi sem olhar para ele.

— Que, pai?

— Seu namorado veio ver você. — ele disse, passando por mim e indo até à cozinha.

Eu instintivamente olhei para o Noah com os olhos arregalados. Não estava esperando por ele aquela noite, ele disse que sairia com os seus pais!

Imediatamente tirei os óculos do meu rosto e o escondi atrás de uma almofada. — Sim, eu estava usando-os, mas somente em casa, quando ia assistir TV, mexer no computador ou celular. Eu definitivamente odiava aquela coisa.

— Não precisa ter vergonha de mim, Madsmile. Gosto de você de qualquer jeito. — Ele comentou com um sorriso nos lábios.

— Não me chama assim. — Revirei os olhos.

Não sei por que ele ainda insistia naquilo, desde que ouviu meu pai me chamar daquela maneira, Noah vivia me irritando com isso.

— Seu pai te chama assim. — falou vindo se sentar ao meu lado no sofá, selando os nossos lábios em seguida.

— É uma exceção. — concluí. Não me contive e comecei a rir da expressão que ele fez. — O que veio fazer aqui? Achei que ia sair com os seus pais. — perguntei quando me controlei.

— E ia, mas pensei melhor e cheguei à conclusão de que não tem nada melhor do que passar um tempo com a minha namorada irritante.

— Eu juro que se não soubesse que seria presa mataria você nesse instante.

— É, eu acredito. — ele disse com deboche, e um sorriso de canto estampado em seu rosto.

Logo depois disso Noah se inclinou na minha direção, e quando dei por mim já estava em um beijo profundo e intenso, me esquecendo completamente da presença do meu pai ali, e foi só quando ele pigarreou que eu voltei a mim, lembrando de onde estava.

Eu e Noah nos afastamos e então o vimos parado bem atrás do sofá, com as sobrancelhas levantadas.

— Acho que estou sobrando aqui. Caso os alienígenas invadam a terra e precisem de mim, estarei no meu quarto tomando um banho calmo e relaxado, ocupado demais para socorrer vocês. — o senhor Campbell falou visivelmente chateado e se virou, indo em direção às escadas para sair dali. — Odeio ser trocado por essa versão mais nova de Owen Wilson. — ainda pude ouvi-lo reclamar enquanto se afastava.

Não pude deixar de gargalhar com aquela situação, até mesmo porque a comparação era bizarra. Não existia nenhum traço semelhante entre os dois a não ser o cabelo loiro e os olhos azuis, literalmente.

Noah riu junto comigo, e quando recuperamos o ar ele zombou da situação.

— Eu adorei gastar o meu tempo livre sendo penetra naqueles casamentos.

Depois dessa comparação ridícula do meu pai, e da sua crise de ciúmes, pedimos pizza e escolhemos um filme para assistir. Nada romântico ou dramático demais, esses eram os tipos de filmes que tinha que aturar quando estava com a Pearlyn. Optamos por "O golpe". Tinha uma história até que interessante, era sobre um criminoso que se envolveu em uma briga enquanto trabalhava para um corrupto, no final das contas ele acaba se envolvendo com a amante desse corrupto e por aí vai. E sim, o filme era com Owen Wilson.

Olhei para o Noah quando ele gargalhou em uma cena do filme, era tão sincera, gostosa de se ouvir, sem falar que era totalmente contagiante.

Sorri comigo mesma o olhando tão concentrado no filme. Desde que começamos a namorar tudo estava bem diferente. Nunca imaginei que viesse a acontecer realmente, até por que quando voltei do Tennessee o único sentimento que eu nutria por ele era raiva. Pelo menos era o que eu achava.

— O que foi Madsmile? — ele perguntou quando percebeu o jeito que eu o olhava.

— É só que eu amo muito você.

Dessa vez foi o Noah quem ficou me encarando com um olhar admirado. Acho que eu nunca havia falado aquilo para ele, que o amava. Mas eu tinha certeza daquilo como tinha certeza que preciso respirar a cada segundo do meu dia para me manter viva.

— O que foi? — perguntei com um sorriso bobo. Ele já me olhava daquele jeito há tanto tempo que pensei que talvez tivesse feito o Noah entrar em colapso com o que eu disse.

— Sabe, da primeira vez que a gente se beijou, no meio do campo onde a gente treinava lacrosse. — ele começou, pensativo. — Eu... Eu gostei. Gostei muito. — Noah sorriu, um sorriso bobo que ele dava para si mesmo, enquanto se mantinha perdido naquelas lembranças. — No outro dia eu fiquei esperando que você viesse falar comigo, mas você me ignorou. Achei que tivesse odiado o beijo e isso me deixou com raiva porque, eu me senti um idiota por querer tanto ficar com você de novo. — estreitei as sobrancelhas no mesmo momento. Eu nunca soube que ele se sentia assim, nunca mesmo. Depois disso ele começou a ser um babaca comigo e eu tomei uma raiva dele muito grande por isso. Fui eu quem achei que ele tivesse odiado me beijar e não o contrário. — Acho que era por isso que eu sempre procurava alfinetar você. — ele concluiu.

— Noah Hoffman, você é verdadeiramente um tremendo idiota! — ele me olhou confuso na mesma hora. Mas a minha perplexidade era tão grande agora que eu jamais conseguiria me expressar de outra forma. — Eu não falei com você porquê... Eu fiquei com vergonha! Foi o meu primeiro beijo, e, você também não veio falar comigo depois disso. Eu achei que você tivesse odiado. E aí você ainda começou a jogar várias piadinhas para mim. Não sabe o quanto eu senti raiva de você!

— O quê?! Eu... — ele nem sabia o que falar. Se um de nós dois tivesse tido coragem de falar o que realmente sentia naquela época talvez as coisas pudessem ter sido diferentes. Mas pensando bem, eu também não me aprendia. O importante era que estávamos bem agora. Acho que no fim das contas o amor sempre consegue achar o seu caminho de volta para onde pertence.

— Por que agiu desse jeito? — perguntei. Afinal, eu queria saber porque ele não teve a atitude de vir falar comigo depois que nos beijamos. Noah nunca foi um garoto vergonhoso, disso eu sempre soube.

— Orgulho masculino ferido. — ele encolheu os ombros. — Eu era um pré-adolescente idiota.

— Você ainda é um grande idiota. — falei em tom de brincadeira.

— Ah, nisso você não tem razão. — Noah chegou mais perto de mim, se inclinando na minha direção sobre o sofá.

— Não? — aproximei mais os meus lábios dos dele, sorrindo.

— Se eu fosse um idiota, não estaria com a garota mais incrível do mundo.

Eu tive certeza que os meus olhos tiveram o brilho mais intenso naquele momento. Eu podia ver pelo reflexo dos olhos dele. O Noah me fazia se sentir assim, a garota mais feliz desse mundo. Eu realmente me surpreendi, mas ele era gentil, atencioso, carinhoso e divertido. Eu nunca imaginei que ele pudesse me fazer ser assim também, eu sempre fui tão fechada para tanta coisa, mas toda vez que eu estava perto dele, só queria ser a melhor garota para lhe fazer companhia, porque ele era o melhor garoto que eu poderia ter do lado.

— Eu amo você Madsmile. Até o fim da vida. — ele disse me olhando nos olhos. Só o que eu pude fazer naquele momento foi o beijar.

Eu tinha certeza de uma coisa na minha vida; de que eu nunca queria me afastar dele, por nada nesse mundo. E tem acontecido bastante coisa nos últimos meses que me deixavam atordoada só de lembrar. Eu não fazia ideia de como contaria aquilo para o Noah, era tão estranho para mim que ainda estava tentando digerir tudo aquilo. Noah Hoffman realmente tinha se tornado especial para mim, eu só queria aproveitar cada segundo que passávamos juntos, durasse o tempo que durasse.

Me aconcheguei mais perto dele e o abracei pela cintura, apoiando a minha cabeça em seu ombro. Naquele instante eu só queria congelar aquele momento para que durasse para sempre.


Todo mundo vivendo um completo caos e a Madlyn e o Noah de boa na lagoa.

Não Se Esqueça De Mim [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora