Capítulo 70

423 35 15
                                    

DANI

Depois que a Pearlyn me deixou lá sozinha no corredor para bisbilhotar a conversa do Lance e da April eu vim me sentar em um dos bancos que tinha no outro pátio do Colégio. Eu precisava de um tempo longe de toda conversa fervorosa que devia estar acontecendo no meio da minha roda de amigos. Com os fones de ouvido no máximo eu olhava alguns anúncios no jornal, não queria ter que fazer isso na frente do pessoal, por isso eu decidi tirar um minutinho só para mim. Eles com certeza iriam falar do meu pai e tudo o que ele fez, e aquilo ia me deixar desconfortável, triste e desanimada, como eu sempre ficava toda vez que alguém tocava nesse assunto.

Comecei a murmurar a música que tocava bem alta no meu ouvido, entretida em circular os anúncios que pareciam mais interessantes. Eu estava envolvida na letra da canção e concentrada no que lia quando o lugar ao meu lado foi ocupado.

— O que está fazendo? — Lewis chegou me dando um susto enquanto me enchia de beijos. Eu tirei os fones e olhei para ele.

— Procurando alguma vaga de qualquer coisa no jornal. — Respondi rindo pelo gesto dele, mas meu sorriso logo desapareceu depois de dizer essa frase.

Eu precisava arrumar um emprego urgentemente, não dava para ficar mais tempo vivendo de favor na casa dos outros.

— E o que encontrou até agora? — ele virou o jornal um pouco para o lado dele para poder ler também.

— Tem esse aqui de garçonete no período da noite, e esse de stripper em uma boate. — abri um sorriso sarcástico após dizer as piores escolhas do jornal.

Lewis parou para ficar me encarando perplexo, se perguntando se eu realmente tinha cogitado aceitar algum desses empregos. E na verdade, esses foram os primeiros que eu descartei logo de cara, mas se parando para analisar, todas as outras opções também não eram lá tão agradáveis.

Enquanto ele me olhava eu tinha que segurar a vontade de rir e o impulso de encerrar sua preocupação e dizer que eu estava brincando, mas então, algo em seu olhar mudou, como se ele tivesse tido a ideia mais brilhante do mundo, e que solucionaria todos os problemas.

— Por que não vem morar comigo? — Perguntou do nada, simples e claramente. Dessa vez foi eu quem ficou com cara de paisagem, e aos poucos o franzir de sobrancelhas se formando automaticamente, pela confusão que começava a tomar minha cabeça.

— O quê? Você tá bem? — Ri da cara dele. Lewis só podia estar brincando ou algo assim.

— Nunca estive melhor. — Respondeu sorrindo e selando nossos lábios.

— Tem certeza?

— A gente pode alugar um apartamento, ter o nosso próprio cantinho.

— E do que vamos viver? Nem temos emprego.

Por acaso o Lewis tinha ficado maluco?

— Isso é um simples detalhe, eu posso dar um jeito. — Ele deu de ombros. — E então, aceita?

— Um jeito tipo a ajuda dos seus pais?

Eu sei que eu não estava na posição e nem no direito de ser orgulhosa e rejeitar ajuda, mas eu não queria mais depender de ninguém assim. Eu não saí da casa dos meus pais para ter que viver às custas dos pais do meu namorado.

— Não, isso não. Sei que minha mãe resolveria nossos possíveis problemas financeiros com um estalar de dedos, ela até vai insistir nisso caso levemos o plano adiante, mas quero que a gente consiga as coisas pelo nosso próprio esforço, sair da barra dos pais, sabe? Construir nosso futuro juntos, do zero, só nós dois.

Não Se Esqueça De Mim [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora