A gêmea que continua sendo o centro das atenções

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Momo andava pela rua, quis sair um pouco de casa para pensar em tudo que estava acontecendo. Por mais que um ano nem fosse tanto assim, ainda era assustador. O quer você faria se alguém te contasse que morreu mas que ressuscitou?!

Tentava ignorar os olhares sobre si, as vezes, sentia suas pernas fraquejarem quando passava por um grupo de pessoas e elas cochichavam algo. Por deus, aquilo era muita pressão. E o pior que ainda nem sabiam que ela era a irmã "morta" de Sana.

Ela tentava não ir muito longe, não queria se perder, então se limitava a dar voltas no quarteirão. Podiam até achá-la louca de fazer aquilo, mas ela estava realmente precisando daquilo, precisava imaginar em tudo que Sana fez só para trazê-la de volta. Nunca ia imaginar, nem em um milhão de anos, que ela tinha falado sério sobre não conseguir viver sem si.

- Ei, barata tonta!

Momo olhou ao redor, estavam falando com ela?! Ela reconheceu a voz de Seulgi, mas não conseguiu achar a garota. Até que á viu acenando de forma exagerada sentada sobre um banco dentro de um bar, deixava um pouco de sua bebida cair e parecia não se importar que a atenção estava toda para ela.

Hirai odiava aquilo, não gostava de atenção e preferia nem ser notada. Não funcionava sobre pressão, e olhares era o que á mais deixava angustiada. Baixou sua cabeça, indo até a coreana e sentando ao seu lado com um sorriso nervoso.

- Já era a décima vez que tu dava a volta - disse rindo -, se perdeu?!

- Eu tava pensando numas coisas..- murmurou.- A Sana tentou muito me trazer desde.. aquele dia?

Kang tombou a cabeça para o lado, colocando a mão sobre o ombro e apertou lá.

- Pra caralho, menó, você não tem ideia - disse rindo alto.- A gente chegava a pensar que ela tava lelé, sabe?! Doida de jogar pedra na lua. Sabe aquela estória que as pessoas em coma conseguem ouvir o que falamos para elas?!

Momo franziu o cenho, queria apoio emocional mas apenas estava dialogando com outra pirada. Agora ela conseguia entender o porque dela ser a melhor amiga de Sana, era completamente louca assim como a irmã. Suas personalidades eram quase idênticas. Mas, mesmo estranhando aquela pergunta, assentiu.

- Pois é, ela fazia mais ou menos isso, falava com você... - pediu mais uma bebida com um sinal de mão para o barman.

Momo arregalou os olhos, por deus, aquilo era bizarro. "céus, o quadro de esquizofrenia da minha irmã piorou muito quando morri", pensou a japonesa.

- Completamente doida - riu.

-...Ela contava como tinha sido o dia dela - continuou -, que estava com saudades de ti, sempre dizia o que tinha comprado quando via alguma coisa na rua que lembrava você. Era lastimável.

Sabe quando você fala uma coisa sem pensar depois percebe o que falou da pior maneira possível? Era isso que a Hirai sentia. Não sabia que a saudade e tristeza de sua irmã tinha chegado naquele nível de fazer algo tão mórbido. Talvez nem quem trabalhava com mortos falavam com eles e a Sana..

O que a gêmea mais nova tinha dito naquele dia era verdade, mesmo que só um pouco, ela tinha inveja da garota. Mas, também, era inferiorizada pelos pais por conta do intelecto da mais alta.

Aquelas comparações sem sentido quando tirava uma nota baixa ou se metia em alguma encrenca na escola - mesmo que 99,9% dessas encrencas fossem causadas por Sana.

- Ai, não fica assim, Hirai - Seulgi disse, rodeando os ombros da japonesa com o braço.- Ela fez isso porque te-

- Hirai? - um homem chamou, atrás das duas.- É alguma coisa da Sana?

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