O emprego

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24 de janeiro de 3825

Momo estacionou o carro metros de distância da gruta do diabo — nome popular para se dizer ninho de goblinóides. Tinham oferecido uma enorme quantia para que acabasse com os mutantes daquela área.

10 anos depois de tudo que ocorreu, tinha alcançado uma estabilidade financeira. Fazia tudo por dinheiro, era contratada quase que diariamente por pessoas de sua cidade ou de cidades vizinhas — em outras pelavras, uma caçadora de recompensas.

— Até logo, Momo — a voz computadorizada soou ao sair do carro. A japonesa sorriu, dando alguns tapinhas no capô do veículo.

Verificou suas armas nos bolsos e em suas costas, contou as balas e se preparou para entrar no local escuro e frio.

A gruta estava infestada, tão lotada que os monstros começaram a se deslocar pela água até o esgoto da pequena cidade bem ao lado e aterrorizaram os moradores.

Momo, você tá me ouvindo?

A garota tocou no botão do lado esquerdo de seu rosto, pudendo ouvir com mais clareza a voz de sua irmã.

— Estou sim — disse, caminhando pelo caminho de terra. Olhando os destroços ao redor.

Já vai entrar? Toma cuidado, lembra que tem que tirar as raízes do ninho do esgoto da cidade também.

A gêmea mais velha assentiu, mesmo que Sana não fosse ver, e desligou o fone. Posicionou sua arma devidamente em suas mãos e entrou na gruta.

Ela entrou num elevador improvisado, apertando o botão para que descesse até o esgoto invadido. Viu os metros de terra, canos e pedras passarem por seus olhos. Enquanto não parava,  aproveitou para ajustar seus braços. Enrrijeceu seus punhos, soltando mais seus dedos, verificou sua visão periférica meio danificada no olho esquerdo por conta da última missão.

Na semana anterior, foi paga para acabar com um acampamento de saqueadores que não deixavam uma senhora em paz, roubaram suas coisas e sua casa. Não contava com um cavalo-do-cão — um besouro do tamanho da mão de uma criança, com um ferrão capaz de furar paredes de concretos — aparecer no meio do tiroteio e perfurar seu olho. Sana não tinha material nescessário para concertar o olho da irmã, então ainda estava "cega" do olho esquerdo.

Já conseguia ouvir os ruídos que saíam das gargantas fortes dos monstros. Segurou a metralhadora com força, respirando fundo quando o elevador parou.

Durante 3 segundos, todos ficaram parados, encarando a droid. Momo não ouvia nada além de sua própria respiração, com a mão no gatilho, ela se preparava para atirar. Um mutante avoado que passou correndo para o lado oposto de Hirai que iniciou a confusão.

Os goblinóides correram na direção da japonesa, alguns foram mortos ainda de longe, outros desviaram das balas e alcançaram a garota. Momo desviou das garras cortantes do monstro, acertando uma coronhada ao lado de sua cabeça para o deixar atordoado e conseguir atirar.

Deslizou por uma poça de gosma lamacenta, virando, tocando sua barriga no chão e disparando em mais dois deles. Levantou do chão, coçando seu nariz fazendo com que seu rosto sujasse um pouco entre os lábios e narinas.

Andou mais pelos esgotos do local, evitando olhar para os cadáveres de pessoas anteriores que tentaram limpar os esgotos da cidade espalhados pelo local. Achando alguns pertences esquecidos pelo chão, ela pegou os que mais lhe interessavam , guardando no interior de seu tórax.

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