- Por que você age como se as pessoas não significassem nada para você?
Ace encarou o homem de cabelos claros, de um azul fraco e opaco, que se aproximou afobado até o local em que o moreno estava sentado almoçando, até então, tranquilamente. Algumas pessoas se voltaram para onde estavam por causa do tom alto que o outro rapaz usara.
O moreno revirou os olhos e suspirou, voltando sua atenção para a sua comida, ignorando totalmente o homem esbaforido ao seu lado. O homem bateu as mãos sobre a mesa tentando fazer o sardento voltar a atenção para si.
- O que quer, afinal, Deuce? O que quer que eu diga? - questionou o moreno colocando o garfo ao lado do prato e voltando seus olhos negros para o homem em pé ao seu lado.
- Quero que peça desculpas pra Isuka, como você pode tratar os sentimentos dela como se não fosse nada? Como se não te afetasse de forma alguma?
- Por que deveria pedir desculpas por simplesmente dizer a verdade? Não a obriguei a se apaixonar por mim e nunca disse que me apaixonaria por ela.
- Mas você não precisava ser tão duro, você nem ao menos pensou nos sentimentos dela, como se o que vocês tiveram não importasse nada pra você.
- Não está de todo errado, já terminou o que queria me dizer? Estou com fome e minha comida está esfriando.
- Como você pode ser tão frio assim? Pensei que nos considerasse seus amigos, Ace.
- Pensou errado, nunca o considerei meu amigo, nem ninguém daqui.
- Estou vendo, você não se importa com ninguém além de você mesmo - retrucou Deuce fechando as mãos em punho sobre a mesa, forçando os lábios um contra o outro irritado - não sei nem se você se importa com os seus pais ou sua família.
O moreno fechou os olhos e se levantou, pegando suas coisas para sair dali e deixar Deuce de lado, ignorando-o totalmente. Ace passou ao lado do azulado para se afastar e evitar manter aquela discussão que não os levaria a nada.
- Por que não pode simplesmente agir como alguém normal e deixar com que as pessoas se aproximem de verdade de você? - murmurou Deuce fazendo o moreno parar.
- Porque ninguém seria capaz de se aproximar de mim de verdade - Ace deu alguns passos para longe tentando fugir daquela conversa inconveniente para si.
- Porque você não quer, você sempre afasta qualquer pessoa que se aproxima de você, qualquer pessoa que mostra o mínimo de sentimentos por você, nunca deixa ninguém te conhecer verdadeiramente, por quê?
- Você quer me conhecer de verdade, Deuce? O quanto você está disposto a realmente me conhecer? O quanto você suportaria? - retrucou o moreno olhando com seriedade para o outro, os olhos negros envoltos em um brilho sombrio e opaco, que fez o homem recuar e repensar sobre o que ele dissera - você não sabe nada sobre mim, Deuce, e se arrependeria se soubesse, só estou te polpando.
O sardento desviou de Deuce e seguiu para um lugar mais afastado, saindo de seu local de costume, deixando aquele pequeno sinal de que tinha uma rotina para trás, a ilusão de que possuia algum controle e estabilidade em sua vida sendo quebrada por aquela mudança abrupta. O moreno suspirou irritado ao notar os olhares sobre si, sabia que uma discussão naquele momento chamaria atenção e por isso tentou evitá-la de alguma forma, mas foi inevitável, assim como era inevitável que o Sol voltasse a brilhar no dia seguinte, ou de que o coração se mantivesse batendo enquanto estivesse vivo, ou o fluxo constante de um rio, era tudo além do controle do moreno.
Ace bufou ao notar que não haviam mesas vazias como a que estava anteriormente, a maioria possuia outros estudantes que ora ou outra o olhavam com receio, ou com olhares difusos e incompreensíveis. O moreno não queria se aproximar de ninguém ali, apenas queria sentar-se e terminar seu almoço em paz como fazia antes da aparição de Deuce.
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(Im)possível
FanfictionMarco estava perdidamente apaixonado pelo belo moreno de sardas do curso de enfermagem, o único problema é que o objeto de sua paixão não possui nenhum talento para o amor, além do fato de que é irrevogavelmente um ninfomaníaco.