Capítulo 4

6 2 0
                                    

Sentamos na sombra de uma árvore no último banco das arquibancadas. Estava um dia abafado, minha barriga roncava de fome. Alguns fios dos cabelos loiros de Luke grudavam em sua testa por conta do calor.

Calum e Ashton nos viram de longe, sentados na arquibancada e, assim que o treino deu uma pausa, eles vieram caminhando em nossa direção.

— Achei que vocês já tinham ido embora — Calum disse assim que parou na nossa frente.

— Terminou agora a audição! Não achei que demoraria tanto — disse abrindo minha garrafa de água.

— No teatro estava tão fresquinho, vou voltar pra lá. Estou até mole com esse calor — Luke disse rindo, enquanto mexia em seus cabelos.

— Que isso cara, logo você? Você corria isso tudo aqui mais rápido que todo mundo — Ashton disse para zoar com Luke.

— É cara, fiquei fora de forma... Não posso abusar, quero meu ombro bom logo — Luke disse mexendo o ombro lentamente.

— Pelo menos agora você já consegue levantar o braço de novo, de pouco em pouco vai indo — Calum disse incentivando.

— Mas nunca mais vou ser o mesmo, nem sei se realmente vou conseguir voltar a jogar algum dia — Luke disse com uma risada triste.

— Anima Hemmings, vai dar tudo certo — Ashton disse e deu dois tapinhas leves de incentivo no braço de Luke.

— Enfim, preciso levar a Carol pra casa, a gente se vê de noite — Luke disse se levantando, claramente fugindo do assunto.

Em silêncio caminhamos até o Jeep de Luke, ele jogou sua mochila no banco de trás do carro e se sentou no banco do motorista, ligou o rádio e estava tocando Classic do MKTO, essa música é antiga e me teletransporta automaticamente para o Brasil, com meus amigos. Quando percebi, já era tarde, senti uma lágrima quente descendo pelo meu rosto.

— Ei, tudo bem? — Luke perguntou preocupado enquanto dirigia.

— Tudo, essa música me lembrou meus amigos do Brasil — disse secando minhas lágrimas com a barra da camiseta.

— Você se sente muito sozinha aqui? — Luke perguntou cauteloso.

— Sinceramente, achei que seria pior, mas, em partes, eu me sinto sim. No Brasil eu passava quase todas as tardes com meus melhores amigos, éramos inseparáveis — Disse sorrindo fraco.

— Queria fazer com que você não se sentisse tão sozinha aqui — Luke disse e pegou em minha mão.

— Me sinto menos sozinha nesses últimos dias, você já está conseguindo — disse retribuindo o carinho na mão.

Fomos conversando até Luke parar na frente de casa, talvez eu não devesse, eu ainda não o conheço direito, mas a vontade de chamá-lo para passar a tarde comigo foi mais forte do que eu.

— Você pode ficar pra estudar hoje? — perguntei antes de descer do carro.

— Seus pais não vão achar ruim se ficarmos sozinhos? — Luke perguntou mexendo em uma mecha dos meus cabelos castanhos.

— Eles só chegam à noite, são tranquilos! Eu e o Calum vivemos dormindo na mesma cama — disse rindo fraco.

— Tudo bem, espero que seu pai não seja bravo — Luke disse rindo.

Descemos do carro e fomos para a porta principal, quase nunca a uso, normalmente saio pela porta de serviço que dá acesso à garagem.

Realmente não tinha ninguém em casa, meus pais devem estar no escritório, desde que nos mudamos, eles estão na maior correria com tudo isso, principalmente porque tudo está na responsabilidade do meu pai.

City Of AngelsOnde histórias criam vida. Descubra agora