Anarwen

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— Não haverá guerra se Legolas tomar o posto de rei e Tauriel de rainha, deposito a minha confiança nos dois. — O anão de longas barbas vermelhas abriu um sorriso confiante. 

Travei a minha respiração com a revelação de Dáin e um nó que se formou na minha garganta. 

— Tauriel sabe disso? — Legolas perguntou com uma expressão sofrida, enquanto encara o seu pai que voltou para o trono.

— Por que não pergunta isso a ela? — Se sentou apoiando os braços e cruzou a sua perna, fazendo um singelo sinal com a cabeça apontando para frente. 

Todos nós olhamos em direção a entrada que da acesso a sala do rei e a elfa de longos cabelos vermelhos apareceu, subindo os lances de escadas. 

Tauriel fez um sinal em reverência um pouco demorado e se recompôs suspirando. Seu olhar que transmite nervosismo encarou Legolas e engoliu em seco, não dizendo nada. 

Com isso, uma dor começou a crescer em meu peito e minha respiração ficou um pouco alterada. Apertei os meus punhos e tentei engolir o nó na minha garganta, o qual não se desfez. 

— Meu caro, não é algo tão ruim assim. — Dáin disse caminhando até Legolas e colocou sua mão em seu ombro. — Sei que ainda gostaria de viver muitas aventuras e não ter que se prender às responsabilidades de um rei, mas infelizmente nosso sangue foi o escolhido para se submeter a isso. Não quero o seu mal, mas se não for assim, as vidas dos anões de Erebor estarão em risco! — Legolas olha para um ponto fixo parecendo estar em transe.

Cada palavra foi uma flechada em meu peito e quando o par de olhos azuis brilhantes encontraram o meu, fez com que essa dor aumentasse. 

— Diga-me, Taurwen... — A voz de Thranduil ecoou na minha cabeça, como um doloroso ruído. — Qual seria a sua decisão? — Uma fina lágrima escorreu pelo rosto delicado do elfo e eu fechei meus olhos, não conseguindo mais encará-lo. 

A minha razão sussurra nos meus pensamentos para o elfo aceitar, infelizmente isso é parte de sua obrigação e responsabilidade pela vida de muitos. 

Mas a minha emoção grita, dizendo para eu simplesmente pegar na sua mão e fugir para o mais longe de toda essa situação. 

Com o coração já todo destruído, suspirei abrindo os meus olhos, onde certeiramente encontrou com os daquele a quem amo. 

— Pelo zelo de muitas vidas e gerações… — Tentei dizer mas nada sai, não querendo terminar de falar. Todos voltaram as suas atenções para mim, até os guardas sairam de suas posições. — Aceitaria. — Parece haver um espelho entre mim e o elfo, o qual não reflete apenas as nossas feições, como também a dor insuportável que sentimos. 

— Está dispensada! — Thranduil disse ríspido e eu voltei a minha atenção para o mesmo que esbanja um sorriso de canto em seus lábios. 

Dáin me encara com as sobrancelhas franzidas e engoli em seco ao perceber que estou parada sem nenhuma reação. 

Reverenciei o rei e encarei Legolas uma última vez, me retirando. Quando passei por Tauriel, a elfa nem ao menos olhou em meus olhos e engoliu em seco, parecendo estar tensa. 

Ao descer os lances de escadas, desfiz a minha postura ereta e passei a andar em passos rápidos em direção a saída. Apertei os meus punhos a fim de me controlar na frente dos elfos que passam por meu caminho. 

Ao chegar nos portões os guardas abriram e rapidamente passei pela ponte, adentrando a floresta. Olhei aos arredores e não vi mais nenhum sinal de vida, além dos pássaros que cantam.

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