Rohan

137 9 1
                                    

Acordei com um melodioso cantarolar, que mesmo com a gravidade de seu tom, é extremamente confortável e envolvente de se escutar. 

Ao abrir os meus olhos e minha visão ficar nítida, me deparei com um céu negro, mas repleto de lindas estrelas.

As quais me trazem a esperança de que mesmo em meio de tanta escuridão, ainda há a luz se sobressaindo e que nunca irá se apagar, mesmo não importando a sua quantidade.

Sinto a terra gelada a qual me dá calafrios, mesmo estando deitada sobre um pano grosso e então decido me levantar.

Ao me sentar me deparo com Aragorn sentado sobre uma rocha fumando seu cachimbo, ao lado de uma fogueira.

O mesmo admira as estrelas, parecendo libertar suas emoções através da canção élfica e nem parece perceber que eu havia despertado.

Por um milagre Gimli não está roncando, pois parece que cansou tanto todos esses dias que nem isso está a fazer.

— Não dormiu nem duas horas. — A voz do elfo preencheu profundamente os meus ouvidos me dando um pequeno susto, pois eu estava completamente concentrada no cantarolar do homem.

Aragorn parou de cantar e voltou seu olhar para mim e então eu desviei para o elfo que está logo atrás de mim, encostado sobre o tronco de uma árvore, afiando suas flechas.

— Parece que aquele sentimento dos tempos sombrios voltaram a preencher meu coração, não sei se conseguirei tirar um sono tranquilo e profundo. — Suspirei me levantando e procurei a bolsa de Frodo que curiosamente não está em lugar nenhum. — Onde está Frodo?

— Também não conseguiu pregar os olhos e foi dar uma volta, disse que iria colher frutos. — Aragorn disse voltando sua atenção para as estrelas, seu semblante também parece estar abatido.

— Será que não há perigo? — Peguei uma das lembas que estavam sobre um pano em cima de uma rocha.

— Não se preocupe, posso ouvir sua respiração e seus passos. Não foi tão longe! — Legolas disse dando de ombros. Arregalei meus olhos começando a comer o pão élfico, ao lembrar de suas apuradas habilidades élficas. — Estão ficando acelerados… — Murmurou e eu comecei a mastigar mais devagar, voltando a encarar o elfo que está começando a ficar em estado de alerta.

Aragorn se levantou e foi até Gimli, lhe acordando com um leve empurrar com o tornozelo. O anão acordou assustado e rapidamente o rei de Gondor fez um sinal pedindo silêncio.

— Não os escuto mais! — Legolas sussurrou com o seu olhar em um ponto fixo. Engoli o pão a seco e apaguei a fogueira, segurando firme o punhal da espada.

— Não, Taurwen! — Aragorn me repreendeu em sussurros, mas não consegui me conter e passei a ir em direção a mata fechada.

— Deixe-a que vá, Frodo precisa de sua ajuda! — A expressão do elfo ficou mais serena e sem pensar, coloquei meu capuz prosseguindo o caminho.

Em passos lentos e em alerta a qualquer movimento, sou capaz de ouvir apenas o som das corujas. 

Um calafrio percorreu por minha espinha e em seguida, um pouco mais a frente, uma luz prateada emanou por entre algumas moitas.

Olhei ao redor e não vi ameaça alguma, onde segui caminho até aquela bela luz.

Passei pelas moitas e me deparei com um pontinho de luz sobre o chão. Ao me abaixar e chegar ainda mais perto, vi que se trata de um broto de uma flor que está presa sobre a terra por raízes douradas.

Repentinamente o broto murchou, suas luzes se apagaram e senti um toque gélido de uma lâmina sobre o meu pescoço.

Quem a manuseia colocou sobre o meu queixo, me obrigando a levantar levemente o meu olhar e me deparei vagamente com a silhueta de um homem.

SilmalótëOnde histórias criam vida. Descubra agora