O que há em mim...

Serpentear

Minha alma negra serpenteia sob a noite
Escondendo minhas dores,
Simula com maestria um sorriso e força.
Não titubeia
Enfrenta
Tento até deixar vir a tona o que sinto de verdade
Mas já habituado a não ser mais eu
Jamais entenderão a profundidade de meus sentimentos
Vivo velórios e festas
Chegadas e partidas
Não me vingo, apenas sigo em frente
Sob o turvo da noite mais escura
Sou uma alma ferida que desistiu da cura.
Lacerada ou curada, ela sobreviveu
E mostrou que o dono das rédeas da minha vida, sou apenas eu.
E sozinho eu sigo,
Não desconfio de ninguém
Eu já nem acredito em mais nada.
Eu me poupo
E poupo também, os que simulam querer fazer o bem.
Não aponto dedos,
Não julgo
Não perco meu tempo
Já nem sei quanto tempo eu tenho
Então, enquanto a vida se esvai
Eu serpenteio sobre e através dela
Sem absorver nada
Um dia, não aparecerei nem mais nas fotos
Meu nome, se tornará uma distante lembrança
E eu, ganharei a eternidade,
E lá, eu poderei viver todos os meus sonhos,
De quando eu era criança.
Mas por enquanto, eu sigo da forma que aprendi
Meu coração ainda vive
Mas ele não bate por mais ninguém.

Igor Setta