Andarilho

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Sorria

Toda vez era isso:
- Sai da minha vida
- NÃO aguento mais.

Toda vez ele respondia:
- É isso mesmo que você quer?
- Cada um só carrega o peso que suporta.

E suas brigas acabavam após muitas feridas na alma.
Um dia, já cansado, humilhado, subjugado...
Banhou-se em suas lágrimas
Arrumou sua mala.
Aproveitando a porta aberta, ele saiu.
Ferido, perdido, desamparado
Deparou-se com a saudade;
Nua, crua e agressiva.
Andarilho...
Caminhou até os ombros dos amigos
Até o colo de mãe
Afogou suas mágoas em copos de bebida
Aprendeu a nadar, neste imenso mar de desilusões.
Avistou um barquinho,
O apelidou de carinho
Lá havia uma garrafa com um líquido
Que chamou de amor
Avistou um farol
Remando bem lento, em seu carinho
Matando sua sede de amor
Chegou em terra firme
Chamou de minha
Não era perfeita
Havia uma casinha,
Que chamou de vida
Ali ele planta,
Ali ele colhe
Sentado em sua varanda
Ele a vê passar
Chamou-a de sua
Desejou-a nua
Tomou para si
Mas ela mostrou-lhe suas asas
E a chamou de liberdade
Ao bater asas e voar
Ele a deixou ir, com um pouco de medo
mas isso, guardou em sua gaveta, chamada segredo
O perceber que ela voltava
Não sabia se chorava ou se sorria
A mesma o presenteou com um belo par de asas
Onde ambos voaram com a liberdade
Mas sempre voltavam ao leito
Seguro e perfeito
Que chamaram de ninho.

- Igor Setta-



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