Capítulo 4

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Quando Emi acordou novamente ela não estava mais em sua casa e sim em um hospital. Ela nunca visitou um antes já que não ficava doente com frequência e o que tinha no máximo era uma gripe, mas ela sabia que estava em um só por causa daquele cheiro horrível de anti-séptico. 

Tudo estava escuro, ela tentou abrir os olhos mas havia algo sobre eles, bandagens ela presumiu. Ainda doía muito, mas não a ponto de ter uma nova crise de choro, era apenas uma ardência persistente que fazia querer arrancá-los fora. Nada muito incômodo. 

-Você acordou! - Alguém falou em um tom alegre. Emi não reconheceu a voz mas julgou que deveria ser uma enfermeira, não enxergar estava começando a lhe deixando angustiada. 

-Quem é você? 

-Meu nome é Keni, eu sou enfermeira - Havia uma peculiaridade na voz daquela mulher que lhe soou familiar, ela só não sabia o que era. 

-Hum, Keni-san, a quanto tempo estou aqui? 

-Desde ontem a tarde. Seus amigos lhe trouxeram quando encontraram você inconsciente no seu apartamento - Emi não pode deixar de se sentir mal. Ela não queria que seus amigos a vissem naquele estado, principalmente depois que mentiu a Naruto dizendo que estava tudo bem. Ela não queria dar trabalho a ninguém - A propósito, já que tocamos nesse assunto… o que você estava fazendo? 

-Como assim? 

-Os nervos ópticos dos seus olhos estão danificados, principalmente o do lado esquerdo. Seja lá o que estivesse fazendo, mais um pouco e você poderia ter ficado cega. 

-E-Eu - gaguejou em nervosismo, como ela explicava que uma voz estranha lhe mandou fazer aquilo e que constantemente lhe mandava fazer outras coisas? - Estava treinando! - Mente que nem sente. A enfermeira suspirou, ela parecia frustrada. 

-Essa geração de hoje não conhece a palavra "limites" - murmurou - Que seja, apenas não faça isso outra vez ou não terá a mesma sorte. Você ficará aqui mais alguns dias até que possa tirar as bandagens, depois você terá que vir fazer uma visita mensal para vermos se não teve efeitos a longo prazo. Ah, seus amigos estão na recepção, quer que eu avise que você já acordou? 

-Por favor. - Ouviu os passos da mulher se afastando e por um tempo o quarto ficou em silêncio, claro, logo um grito agudo irrompeu pelo corredor.

-EMIIIIII! - A porta do seu quarto foi aberta e ela algo pulou em cima de sua barriga, ela perdeu totalmente o ar.

-Saí de cima dela! - Sasuke puxou Naruto e ela pode respirar novamente, para alguém tão pequeno ele era muito pesado - Como você está? 

-Estou bem agora, não se preocupe, Sasuke. 

-Mentirosa! - Naruto acusou e ela podia vê-lo apontando o dedo - Antes você disse que estava e agora você está em um hospital! Como você explica isso? 

-Eu… estava treinando? - Sasuke bufou, nem ele acreditou no que ela disse. 

-Se for para treinar faça isso da forma correta, eu preciso de uma rival saudável, não de alguém miserável.

Nossa… doeu. 

-I-Isso não vai acontecer de novo - coçou a nuca envergonhada - A médica disse que vou ter que ficar aqui alguns dias, até que meus olhos melhorem. Dias de comida de hospital… 

-Não se preocupe com isso! O deus ramen está do seu lado! - Proclamou o Uzumaki e ela ouviu o barulho de plástico, algo foi posto perto de seu rosto e ela quase ronronou ao sentir o cheiro do melhor ramen de Konoha - O tio deu e disse que era pra você melhorar logo. - 

Bendito seja o tio do ramen. 

Emi comeu o ramen com gosto enquanto conversava com os amigos sobre coisas aleatórias, eles ficaram a tarde inteira no hospital e foi apenas quando estava anoitecendo que eles foram embora, ou melhor, eles foram expulsos pela enfermeira. Ela ficou sozinha mas não foi tão ruim quanto parecia, já que estava cansada, ela apenas dormiu. 

[...]

Como a enfermeira disse, ela só foi liberada alguns dias depois quando seus olhos já estavam "melhores". O bom era que não doía tanto como antes, estavam apenas um pouco sensíveis à claridade mas aquilo era temporário. 

Naruto e Sasuke estavam na academia então não havia ninguém para buscá-la, o que não era de todo mal já que ela queria ficar sozinha. Seu apartamento estava do mesmo jeito que deixou e pareceu que alguém havia limpado a pia que antes havia sujado de sangue, ela teria que agradecer aos seus amigos por isso. 

Outra vez em frente ao espelho ele observou seus olhos. 

Eles não haviam mudado de forma, no entanto, ao concentrar uma quantidade mínima de chakra neles - o suficiente para não prejudicar os nervos - ela viu as veias saltarem enquanto ela podia ver além da parede do espelho assim como podia ver os corpos de chakra de seus vizinhos no quarto ao lado e nos andares de baixo, uma distância de no mínimo 10 metros. 

-O que eu faço agora? - Perguntou para si mesma não esperando resposta, mas é claro que ela obteve uma.

Treine.

Ah, não… 

[...]

A segurança da Torre do Hokage era horrível. Mesmo para ela, uma aluna da academia, era extremamente fácil contornar a segurança e arrombar algumas portas. E se caso alguém a pegar ela têm um ótimo ponto para apresentar ao Hokage sobre a segurança ineficiente que não segurava nem uma criança. 

Ela sabia que devia estar ficando louca por ouvir o que aquela mulher dizia, mas novamente, ela ainda tem esse senso de dever que não sabe de onde vêm. Dever esse que a fez invadir a sala de registros da torre, e que devia ter um nome melhor já que ali não havia apenas registros.

Ao longo dos anos, como forma de contribuição militar para a vila, alguns clãs ou shinobis solitários oferecem jutsus e técnicas próprias, mas nem todo mundo tem acesso a essas técnicas, apenas alguns ninjas específicos. E de longe, Emi não era um desses ninjas. 

E o Clã Hyuuga era bem mesquinho quando se tratava de compartilhar o que de fato ela entendia mas não podia deixar de ficar com raiva, afinal ela precisava de informações sobre o byakugan e técnicas do mesmo, e não é como se ela pudesse bater na porta deles e exigir que lhe dessem. Mas a busca não foi infrutífera. 

O Punho Gentil não era uma técnica, era mais como um estilo de luta onde se usa golpes de chakra para aplicar danos internos, é um estilo que pode muito bem ser usado por qualquer pessoa que tenha conhecimento extenso sobre a localização dos tenketsu, mas como não havia especialistas assim o estilo ficava apenas com o Clã Hyuuga pois eles tinham o Byakugan, o olho que podia ver esses pequenos pontos sem nenhuma dificuldade. 

Aprender aquilo seria trabalhoso. Ela teria que mudar toda sua forma de lutar para se adaptar a seu nome "trunfo" e apenas lendo as informações do papel não seriam o suficiente, ela teria que partir para prática.

Se bem que havia uma Hyuuga em sua classe. Hinata, certo? 

Perguntar algo a menina estava fora de questão já que ela era filha do cabeça do clã, mas… se Emi apenas observasse seu estilo de longe não teria problema certo? 

Espreitar por cima do muro do clã Hyuuga é uma coisa que ela poderia fazer, se alguém perguntasse era só dizer que estava de passagem, não teria problema, não é? 

Certo! Ela faria uma visita ao Clã Hyuuga! 

[...]

Emi OtsutsukiOnde histórias criam vida. Descubra agora