Capítulo 29

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Estava silencioso. Os gritos já haviam parado e ele não ouvia mais vozes, colocando a cabeça para fora da bolsa percebeu que não havia ninguém por perto.

O céu estava escurecendo, ele já podia ouvir os predadores mas aquilo não lhe preocupava. Em outros tempos talvez, mas agora nem tanto. Sua humana sumiu. Os humanos ruins a levaram. Ele viu a coisa toda, sua humana estava machucada. 

Ao contrário do que todos pensam, os animais são inteligentes. Sua humana lhe deu algo antes de ser levado, estava preso em seu pescoço, ele não sabia o que deveria fazer mas sabia que tinha que retornar para a cidade grande em que moravam. Sua humana disse "volte". Ele tinha que voltar. 

Sua humana estava em perigo.

[...

Quando acordou novamente tudo doía, parecia que haviam executado pequenas explosões por todo seu corpo. Sua cabeça estava girando e ela sentia a incrível vontade de vomitar, não sabia se isso era culpa da tontura ou do sacolejar interminável da carruagem. 

Carruagem…? 

Arregalou os olhos quando se lembrou do trio estranho. Tentou se levantar apenas para perceber que estava acorrentada na carruagem, literalmente. Haviam correntes em seus pulsos que a prendiam a parede de madeira, havia correntes em seus pés que estavam conectadas a pesos. E o pior nem era aquilo, era a mordaça que botaram em sua boca. Ela se sentia como um cachorro preso. 

-Você acordou - se assustou com a voz súbita, olhou para frente encontrando novamente Zack, se é que aquele era o nome dele - Você tem olhos bonitos, não sei por que esconde - Emi se assustou, percebeu que sua franja havia sido jogada para trás e ela não estava na posição certa para arrumá-la. Eles lhe sequestraram por causa de seu byakugan? Soube de muitos casos onde sequestraram pessoas por causa de suas Kekkei Genkais, seria por isso? - Não estou atrás dos seus olhos, se é o que está pensando. Em meu planeta há usuários de byakugan, não é algo que todos herdam mas é algo que não nos faz falta. 

Meu planeta? 

-Você deve estar confusa, mas antes - tentou se aproximar mas ela rapidamente recuou, aquele espaço era minúsculo e não para onde correr. Aquela situação era irritante. - Eu quero ver como estão seus ferimentos - se aproximou tocando algo em seu pescoço, era uma faixa, ele a abriu e fez uma careta - A boa notícia é que vai cicatrizar, a má notícia é que vai ficar uma marca bem f- 

E deu-lhe uma cabeçada. 

O som do osso quebrando foi terrivelmente satisfatório. O garoto se encolheu no chão segurando o nariz e praguejando baixo. A dor de um osso quebrado nem se comparava à dor que ela sentiu, foi muito justo.

-Acho que mereci isso - não parecia com raiva mas também não estava feliz, ele parecia bastante frustrado. O tipo de frustração que se sente quando se lida com uma criança que não quer obedecer - Você está mais calma ou quer quebrar outra parte minha? 

Isso seria uma boa opção.

-Pela sua cara já sei a resposta mas não posso deixar isso acontecer, veja, se eu tiver que sair daqui outro pior vai vir no meu lugar e te garanto que nem Mika nem Torune vão pegar leve com você. Eu pelo menos não vou te machucar. 

Isso não a deixava confortável. 

Ele suspirou alto. 

-Olha, temos que te levar viva e de preferência intacta para nossa vila. Eu não sei até que ponto da história ela te contou, ou se ela te contou alguma coisa, mas Kaguya não é uma boa pessoa. Não confie nela. 

Emi conteve ao máximo sua expressão de surpresa. 

Ela nunca falou de Kaguya para ninguém. Desde pequena deu a si mesma a missão de suportar aquela mulher sozinha, não tinha como alguém saber sobre algo que estava em sua cabeça. 

Emi OtsutsukiOnde histórias criam vida. Descubra agora