Capítulo 22

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Após os eventos estranhos na ponte a vida seguiu tranquila. Zabuza e seu comparsa Haku - Emi descobriu que era o ninja que havia sumido com o corpo do ninja quando ele perdeu para Kakashi na primeira vez - não apareceram mais, foi suposto que eles fugiram para longe. Naruto estava certo que ele havia os assustado. 

Emi não dizia nada, suas lembranças sobre aquele dia estavam borradas por culpa da febre e sempre que ela se esforçava para saber o que aconteceu sua cabeça doía e ela desistia. Seus companheiros estavam um pouco estranhos, fazendo de tudo para que ela não se esforçasse ou passasse por algum estresse, ela não sabia o motivo de tudo aquilo mas estava adorando toda aquela atenção extra. 

Sua missão de proteger Tazuna continuou pois os homens de Gatou vinham todos os dias, não foi até o terceiro dia quando eles encontraram a base inimiga e destruíram todos, os que sobraram foram mandados para os presídios do país da água acompanhados de ninjas de elite do próprio país. 

A ponte enfim foi concluída e eles poderiam voltar para casa, no entanto, ela ainda tinha coisas a fazer antes de ir. 

[...]

Estava de noite. Havia fugido sem que ninguém percebesse, meus colegas estavam estranhamente atentos a tudo que eu fazia, principalmente Sasuke, ele parecia estar procurando qualquer motivo para usar o sharingan recém adquirido. 

O país das ondas estava mergulhado numa onda de paz, as pessoas haviam voltado a sorrir e a ter esperança e como ninja, ver que meu trabalho havia colocado sorrisos nos rostos das fazia parecer que tudo havia valido a pena, porque valeu. 

Continuei caminhando enquanto observava as pessoas rindo e dançando, novamente, todos estavam felizes. Sorri involuntariamente quando uma risada simples se sobrepôs a todo aquele som, era uma risada de criança. Segui em direção ao som, não estava longe então não demorou para encontrá-los. 

Sentados num dos muitos píer da cidade estavam cinco pequenas e magras crianças, elas estavam rindo alto de alguma coisa e pareciam muito felizes. Isso fez meu coração aquecer.

-Olá - atrai sua atenção - Posso me sentar? - perguntei com cuidado, eles estavam desconfiados. Trocaram olhares nada discretos entre si - Eu sou - Otsutsuki, minha língua coçou para falar - Emi, sou uma ninja de Konoha. E vocês? 

Eles não responderam, apenas se agruparam num montinho, era fofo, mas não gostei de seus olhos assustados. 

-Vocês estão com fome? - ergui a bolsa de pano com comida dentro, havia roubado da dispensa de Tazuna, uma compensação por tudo que aconteceu.

-Não queremos nada de você! - Com surpresa notou que o primeiro a falar foi o garoto de olhos alaranjados, ele estava completamente hostil - Vá embora! 

-Calma, garoto - ergui os braços em sinal de rendição - Não estou aqui para te machucar. 

-Quem nos garante isso? - A menina perguntou, era a pequenina que lhe pediu comida da última vez - Você é uma ninja, pode nos machucar e ninguém vai dizer nada! 

-Eu não machucaria vocês. 

-Por que deveríamos acreditar em você? - outro menino perguntou, ele tinha inéditos cabelos vermelhos e olhos azuis, mas assim como o familiar menino de olhos laranja ele estava magro e coberto de sujeira. 

-Acredite, se eu quisesse machucar vocês eu já teria feito e não é como se fosse dar trabalho - tentei sorrir de forma reconfortante, eles ainda estavam hostis - Sem contar que isso iria contra o código de conduta, eu poderia ser presa por isso.

Isso pareceu acalmá-los um pouco. 

-Vocês vão querer a comida? - Vi que iriam negar, mas seus estômagos roncaram e seus rostos tingiram-se de vermelho. Vergonha é uma coisa que dobra a vontade das pessoas. Logo eles estavam comendo ferozmente a sopa e os pães. 

Aproveitei esse momento para fazer uma análise sobre eles. A mais nova deveria ter quatro ou cinco anos no mínimo, o mais velho deveria ser um dos garotos e não devia passar dos 8. Se olhasse bem e com atenção, todos eles tinham traços bem únicos que estavam escondidos sobre a sujeira. Ia desde o formato do rosto à cor dos olhos, as cores de cabelos mistas e - em apenas um dele - uma cicatriz no formato de teia de aranha num dos lados do rosto. 

-Onde estão os pais de vocês? 

-Por que quer saber? - Havia realmente alguma coisa naqueles olhos que era familiar. 

-Não posso deixar crianças morando nas ruas sozinhas. Sabe, às vezes temos autorização para interferir nesses tipos de casos. - Aquilo não era mentira, quando me tornei uma ninja me comprometi em colocar o bem maior da vila acima de tudo, isso significa que zelar pela próxima geração era parte do trabalho e isso se estendia a outros países aliados da Folha, claro, nesse caso era certo tentar trazer as crianças para vila. Era uma hipocrisia já que o que seria valorizado nela seriam suas habilidades, mas se isso significasse tirar uma criança de uma vida miserável e de abusos eu estava disposta a ser hipócrita. 

-Você também é uma criança! 

-Ainda sou mais velha que vocês, e o fato de usar essa bandana mostra que tenho capacidade de agir e pensar como uma adulto - Uma grande mentira, mas eles não precisavam saber - Agora, onde estão seus pais? 

-Eles morreram - a segunda menina respondeu, sua voz estava com o tom oco, o tom de alguém que viu muita coisa. 

-Sinto muito por vocês, sabe, eu também sou órfã - cocei a nuca, por algum motivo me senti envergonhada quando todos eles olharam para mim - Eu cresci em um orfanato antes de ir morar sozinha, acho que tinha uns cinco anos nessa época. 

Isso não era mentira.

Órfãos de guerra e crianças que foram abandonadas são criadas em orfanatos, não era o melhor para se viver, por isso quando o Hokage me deu a oportunidade de sair do lugar eu aceitei. Ele me deu um apartamento e mensalmente me dava uma determinada quantia de dinheiro para sobreviver, eu não era a única nessa situação, havia muitas outras crianças nisso, Naruto era uma delas. Estranhamente, senti que ele estava me comprando, mas ser um ninja foi algo que tive a opção de recusar, porém aceitei. 

-Ainda não sei os nomes de vocês - Disse quebrando minha cadeia de pensamentos. 

-Eu sou Keiko - a menina mais nova se apresentou, ela parecia mais confortável agora que sabia que estávamos em situações parecidas. 

-Sou Tomoko! - A segunda menina esboçou um largo sorriso, igualmente confortável. 

-Ryo - o menino com a cicatriz. 

-Iori - o menino ruivo. 

-...- meus olhos caíram sobre o último, estávamos novamente naquela situação - Kyojuro. Niha Kyojuro.

"-Não importa o que aconteça, apenas garanta que nossa linhagem vai continuar. Que o sangue dos Niha nunca vai se perder, me prometa Asami!" 

Meu coração apertou. O som daquelas palavras ecoando em minha cabeça. Foi uma promessa. Eu não me lembro para quem. Mas foi uma promessa. Uma promessa para um amigo querido. 

-Pode soar estranho… mas vocês querem vir comigo? 

"-Eu prometo, Salamandra." 

[...]

Nota: Emi está dando uma de Jiraiya e adotando todo mundo!

Inicialmente o nome do baby Niha ia ser "Akihito", mas assisti o filme de Demon Slayer ontem e senti que podia fazer essa homenagem. Quem entendeu entendeu. 😢.

Emi OtsutsukiOnde histórias criam vida. Descubra agora