Capítulo 17

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Emi conseguiu subir na árvore mais vezes do que podia contar, no entanto, a liberação de chakra ainda era excessiva e ela teve que recomeçar seu treino várias vezes. Às vezes liberava muito e era repreendida, às vezes liberava pouco e seu peso não se sustentava, e às vezes caía. 

A vida é cheia de tombos e quedas. 

Enquanto a jovem kunoichi continuava seu treinamento, não muito longe dali, um grupo de elite se movia em velocidade sobre humana em direção ao País da Terra. 

Eles eram Mika, Taeky e Zack. Os soldados mais leais sob o comando do Hoshikage. Sua missão era bem simples, conquistar o inimigo e levá-lo a Nagareboshi. Ela era uma criança que nem sabia sobre os próprios poderes, era fraca e ingênua, uma oponente fácil para lidar. Supostamente. 

Ele não era estúpido como muitos acreditavam, ele era brincalhão na maior parte do tempo e tendia a não levar as coisas a séria, mas quando se trata das missões ninguém poderia negar que ele era bom no que fazia. Por isso ele se afastou. Ela era fraca, mas só precisava de um gatilho, um pequeno empurrão que a levaria a plano maior, foi o mesmo com ele, foi o mesmo que Mika, com Taeky e com a maioria dos povos das estrelas, apenas um gatilho e ela acordaria, e sendo sincero, ele não queria estar lá quando ela acordasse. 

E… havia outro motivo. 

Ele não era pacifista, nem nada do tipo. No entanto, ele não era favor da carnificina que estava acontecendo e se pudesse impedir e resolver as coisas dialogando ele faria. Mas ele precisava de tempo, tempo para que ela acordasse e tempo para convencê-la de que não era um inimigo. Ambos eram futuros líderes, ambos podiam decidir se aquela guerra continuaria ou se encerraria. Ele estava cansado de ver pessoas morrendo.

Pelo canto dos olhos viu Mika e Taeky logo atrás. Ele não confiava em nenhum dos dois. Mika era como um cão louco que morde e não solta, viciada por lutas e com o coração pingando de inveja de qualquer um significantemente melhor que ela em algo. Taeky era… sombrio. Ele foi uma das poucas pessoas que caiu sobre as graças de seu pai e não foi fazendo trabalho voluntário. Ele simplesmente não confia no garoto e se pudesse o manteria longe, mas suas habilidades eram úteis. Por hora, ele iria suportá-lo. 

[...]

Ambas as kunoichi bocejaram ao mesmo tempo, haviam acordado cedo e estavam cansadas do treino do dia anterior, Emi em específico ainda estava com as costas ardendo mesmo que tivesse passado a noite sobre almofadas de gelo. 

Ela e Sakura haviam sido designadas para tomar conta do construtor durante o trabalho. Não era um trabalho tão difícil já que era esperado que não houvesse nenhum ataque, a única coisa com que tinham que se preocupar era Tazuna e sua língua afiada.

-Vocês são sempre preguiçosas assim? - Implicou pela centésima vez naquela manhã - Onde estão aquele garoto loiro esquisito e o moleque metidão? 

-Eles ainda não completaram o treinamento - A rosada respondeu. 

-Então o trabalho sobrou pra vocês? 

-Na verdade não - quem respondeu foi a albina enquanto passava o braço ao redor do ombro da companheira - Fomos as melhores no treinamento, por isso fomos designadas para ficar de olho em você! 

-Vocês duas? Eu vou morrer sendo protegido por um bando de fedelhos-ei! Por que jogou isso? - Gritou ao ser atingido por uma pedra pequena.

-Aprenda a respeitar um ninja, cachaceiro babaca. Você pode não gostar mas sua vida depende do nosso bom serviço, e da minha boa vontade…

Tazuna engoliu em seco ao lembrar da luta que ocorreu a alguns dias atrás. Para uma garota tão pequena e com cara de tapada ela era assustadora. Lutou contra um assassino como uma verdadeira profissional e saiu viva para contar a história… sim, assustadora. 

-Tsk. 

Um homem se aproximou do construtor e as kunoichi ficaram em alerta, poderia ser alguém disfarçado ou coisa pior, felizmente não era nada do que se preocupar e elas apenas tiveram que presenciar uma conversa desconfortável sobre por a vida antes de qualquer outra coisa.

Logo deu a hora do almoço e elas tiveram que escoltar Tazuna pela cidade. Foi apenas quando andaram pela cidade que Emi reconsiderou tudo que pensou sobre o pequeno país. 

A cidade era pobre. As pessoas tinham feições apáticas e abatidas. Havia crianças jogadas na rua e outras roubando. E aquilo era resultado de um único homem e sua ganância. Sentiu raiva, até onde iria a crueldade de alguém? O que essa pessoa faria apenas pelo próprio benefício? 

Para uma cidade portuária ela esperava encontrar um mar de diversidades, mas olhando aquela pequena lojinha ela não pode deixar de lamentar, mesmo que as pessoas tivessem dinheiro, não havia nada para comprar. Enquanto as fronteiras marítimas estivessem fechadas por causa de Gatou nada poderia chegar do exterior e ela tinha certeza que o País das Ondas não devia ter uma terra fértil como Konoha ou o restante do país do fogo. Aquela ponte era realmente importante. 

-O que você está pensando? - Sakura perguntou ao notar o silêncio da colega, era certo que ambas não eram tão próximas na academia e mesmo estando no mesmo time quase nunca se falaram, mas depois do teste de Kakashi a Haruno colocou na cabeça que deveria interagir melhor com seus colegas, eles eram uma equipe no final das contas. 

-Esse país… essas pessoas… está tudo errado - suspirou - Acho que é por que cresci em Konoha e nunca tive chance de conhecer outros lugares, sempre soube que havia pobreza em alguns países mas nunca imaginei que chegaria a esse ponto. 

Sim. Era uma coisa totalmente diferente do que elas estavam acostumadas. Sakura cresceu em um lar amoroso, seus pais não eram ricos mas nada nunca lhe faltou. Em Konoha não havia pessoas morando nas ruas ou falta de comida, como chamam isso… choque cultural? 

-O mundo não é feito de flores - Tazuna interferiu - Como ninjas vocês já deveriam saber sobre esse tipo de coisa.

-Uma coisa é estudar sobre, outra coisa é ver com seus próprios olhos. Ainda é- 

Sua fala foi interrompida por um toque leve na parte de trás de sua blusa. Pensou que poderia ser mais um ladrão como o que atacou Sakura na loja, já estava com a kunai sacada quando Sakura segurou seu pulso. Foi então que ela viu quem iria atacar.

Eram crianças. Pequenas, sujas, magras e com roupas velhas. Emi se sentiu extremamente mal por quase ter atacado um indefeso. 

-V-Você tem algo de comer? - A menor perguntou tremendo levemente, devia ter no máximo cinco anos e estava assustada, Emi percebeu que era por causa de sua arma e logo a guardou. 

-Eu tenho um pouco de pão - respondeu procurando na própria sacola, aquela deveria ser parte da sua refeição mas ela não morreria se compartilhasse o que tinha. Dividiu igualmente entre as cinco crianças mas quando chegou a vez da última tencionou levemente.

Ele era uma criança comum. Como todas as outras. Tinha os cabelos num tom escuro do que devia ser laranja, estavam crespos e bem sujos o que indicava a falta de um bom banho, a pele também estava coberta por uma camada enegrecida, mas bem ali, no centro do rosto, estavam dois vivos olhos alaranjados. As pupilas no formato de fendas e o brilho intenso a faziam lembrar de um animal enjaulado pronto para atacar. E por incrível que pareça, olhando para eles, ela sentiu uma familiaridade única. Como já tivesse visto aquilo. 

Algo em seu peito queimou quando ela sesforçou para lembrar. Ela só viu fogo. Fogo. Fogo. E mais fogo. Ficou frustrada, mas aquele fogo ainda parecia certo.

-Moça? - Chamou em tom baixo e com a típica voz infantil. Emi pareceu voltar a si. Sorriu para a criança e lhe entregou o pão que ela aceitou de bom grado e sorridente. Com pesar observou ela se afastar com as outras e algo em seu olhar deve ter lhe entregado pois Sakura pousou a mão em seus ombros num gesto de consolo.

-São imigrantes da Terra - Tazuna falou, Emi ficou particularmente interessada - Faz alguns anos, não me recordo quanto exatamente, mas houve uma Guerra Civil na Vila da Pedra que envolveu todo o país, não sei dos detalhes mas todos sabem que a frente inimiga quase matou o atual Tsuchikage. Depois disso vários clãs e famílias saíram do país e se refugiaram em várias partes do mundo, aquelas crianças vieram de lá. Nem mesmo a sujeira pode esconder seus traços. 

País da Terra. Vila da Pedra. É a segunda vez que fazem menção aquele lugar durante sua viagem, e pela segunda vez ela está interessada.

[...]







Emi OtsutsukiOnde histórias criam vida. Descubra agora