Sábado, 8 de maio de 1965

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Savannah's pov

Já se passaram dois meses desde que conheci Any. Não estamos namorando, sei que ela não está pronta.

Estava tudo bem entre nós. Visitávamos Sabina e Joalin frequentemente, ninguém parecia suspeitar de nós, ninguém nos olhava torto ou tratava diferente.

Seus pais permitiram que ela viajasse comigo até minha cidade natal para visitar alguns parentes.

Obviamente não era só isso, eu também queria visitar minha melhor amiga, Shivani, e ver como ela estava.

Fomos de avião até a Austrália. Foi uma viagem um pouco desagradável e longa, mas aturável.

[...]

— Savannah! Senti sua falta. — Shivani me abraçou.

Ela continuava linda, corpo atlético, os olhos escuros brilhantes, os cabelos negros lindos. Havia uma garota ao seu lado, morena, olhos puxados e muito bonita.

— Quem é essa? — A Paliwal perguntou apontando sorridente para Any.

— Ah sim, Shivani, essa é Any Gabrielly minha... — parei de falar a encarando.

— Namorada, eu acho. — ela estendeu a mão para Shivani.

— Prazer essa é Hina Yoshihara, minha namorada também. — empurrou a morena de olhos puxados para frente.

[...]

Shivani continuava animada e alegre, como sempre foi. Hina era uma boa garota, um tanto tímida como Any, gostava de se esconder atrás de Shivani.

Any se deu bem com as duas, mas principalmente com Shivani, pois ambas eram um pouco infantis e gostavam de brincar com coisas idiotas. Na verdade, isso foi uma surpresa para mim, pois ela parecia muito madura até para sua idade.

Conversei um pouco com Hina, tentei deixá-la à vontade. Hina me contou como conheceu Shivani e eu falei um pouco sobre Any.

— Tem um quarto sobrando, meus pais insistiram em uma casa de dois quartos. Estão acostumadas a dormir juntas ou devo arrumar o sofá? — minha velha amiga questionou.

— Nós dormimos juntas, não se preocupe. — sorri entrelaçando a cintura de Any, que corou.

— Então tudo bem, meu quarto e de Hina é no final do corredor, o de vocês é o primeiro. — apontou para a porta de madeira escuta.

— Vamos nos ajeitar e descemos para o jantar. Amanhã vou apresentar Any ao resto de minha família. Aliás, o que vamos comer? Pelo que eu me lembro, a senhora Paliwal não sabe cozinhar. — brinquei.

— Por isso ela está comigo. — Hina sorriu. — Espero que gostem de lasanha.

Assentimos, Any chegou a comentar que era um de seus pratos favoritos.

O quarto era simples, mas aconchegante. Uma cama de casal baixa com lençóis brancos, uma lareira pequena, armário embutido e um tapete grande.

Após organizarmos tudo, tomamos um banho juntas e vestimos roupas confortáveis para jantar com as meninas.

— Hina cozinha muito bem. — Shivani deu um beijo na testa da menina corada.

— Ela só está comigo por causa da comida, tenho certeza. — ela brincou servindo a lasanha.

Estava realmente muito boa, era melhor que a comida da minha mãe.

— Como seus pais lidaram com isso tudo, Shivani? — questionei hesitante.

— Meu padrasto aceitou bem, minha mãe fingiu que não disse nada e continuou sendo a mesma, mas com o tempo ela aceitou bem e quis até conhecer a Hina.

— Acho que meus pais me matariam, não poderei contar nunca. — Any suspirou acariciando minha mão.

— Hm... — Hina terminou de engolir a comida. — A única que me aceitou foi minha irmã, meu pai me espancou e minha madrasta me mandou para fora de casa. Por isso Shivani contou para os pais dela, assim poderíamos morar juntas.

— Sinto muito, Hina. — falei com um sorriso triste.

— Está tudo bem agora, eu tenho Shivani e um abrigo, não preciso mais de nada. — deu aquele sorriso fofo que iluminava seu rosto.

— Você é incrível. — Any encarava sem piscar. — Se meus pais fizessem algo assim comigo eu desmoronaria e provavelmente não me recuperaria, mesmo com Savannah me apoiando.

— Também achava isso e ao contrário do que pensa, eu desmoronei sim. Acredite em mim, se ela estiver com você quando e se isso acontecer, você sobreviverá. Por um tempo considerei deixar tudo que tinha conseguido com Shivani, achei que seria melhor. Mas ela literalmente me tirou do chão, cuidou dos meus ferimentos, a sacrifício por mim, me abrigou e tentou amenizar minha dor, tanto física quanto emocional. Me senti muito fraca, mas Shiv me mostrou que eu podia passar por tudo aquilo e o quão forte eu podia ser.

— Não se menospreze Any, você ainda não sabe do que é capaz. — Shivani acrescentou.

— A coisa mais importante que aprendi foi que só precisamos de amor, não recebi dos meus pais, nem consegui alguém para substituir. Nem precisa ser de outra pessoa, se você conseguir se amar o suficiente já está ótimo, mas se não conseguir se aceitar...

— Quando encontrei Hina, algumas horas depois, ela estava totalmente acabada. — se virou para mim. — A coisa mais difícil que já fiz foi controlar minha raiva e não ir atrás do pai dela, pois eu sabia que meu bebê precisava de mim.

— Acho que levaria muito tempo para voltar ao normal se encontrasse Any assim... — suspirei.

— É complicado, exige muito calma e força, principalmente psicólogica.

Ficamos em silêncio por um tempo e decidimos ir dormir. Todos ajudamos a arrumar a cozinha, desejamos "boa noite" e fomos para os respectivos quartos.

— Estou com um mau pressentimento.

— Por que, Any? — enlacei sua cintura e a trouxe mais perto.

— Não sei...

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take me to church;; SavanyOnde histórias criam vida. Descubra agora