Any's pov
Acordamos com uma cena assustadora.
Sabina e Joalin estavam abraçadas ao lado da porta, nos observando.
Levei um susto enorme, quase caí da cama, Savannah ria achando tudo hilário.
— Desculpa, queríamos aproveitar vocês ao máximo. Estamos preocupadas caso nunca mais encontremos vocês. — Joalin disse corando.
— Não se preocupe, vamos voltar para visitar, não amanhã, ou semana que vem, mas em algum meses quem sabe... — falei levantando — Depois falamos sobre isso. O que acham de um café da manhã? Posso preparar.
— Não será necessário, já cuidamos disso. — Sabina piscou e arrastou a companheira pela cintura.
[...]
Sentamos todas á mesa. A sala de jantar era magnífica, bem decorada, com muitos quadros e móveis luxuosos. Tudo combinava, desde as paredes claras e o piso de madeira bege, até a mesa de vidro com confortáveis cadeiras escuras.
Havia um piano também, mas nenhuma das duas sabiam tocar, apenas eu. Supostamente, Joalin devia estar aprendendo, mas não gostou do professor que encontrou. Elas moravam em uma cidade grande, então não era tão difícil encontrar outro professor, ficou claro que aquilo era apenas uma desculpa.
— Para de encarar o piano e se sirva, Any. É a última vez que vai comer nossa comida por um tempo. Ou ficarão para o almoço?
— Acho que não, Joalin, partiremos onze horas.
— Quem disse que vão encontrar mesmo? — minha amiga perguntou com a boca cheia de ovo.
— Sabi! Não fale de boca cheia. — sua esposa a repreendeu e foi respondida com um olhar de desculpas.
— Shivani e Hina. Ficamos na casa delas da última vez que viajamos. — Savannah respondeu.
— Ah sim.
Foi difícil dizer adeus.
De todas as pessoas que deixei para trás, parentes que morreram, amigos, primos que se mudaram para longe, Sabina e Joalin foram a despedida que mais doeu.
Elas sempre estiveram ali. Obviamente isso não iria mudar, mas pensar que poderia levar meses ou até anos para que eu pudesse vê-las novamente, ou pior, a possibilidade de nunca mais nos encontrarmos... Isso doía mais que qualquer coisa.
Nunca cuidaram de mim como Sabina e Joalin. Houveram momentos em que foram mais mães para mim que seus próprios pais. E, de certa forma, eu estava abandonando assim como todo resto, a diferença é que o resto não importava.
Cheguei a me questionar se Savannah valia a pena mesmo, quando abracei Joalin. Valia a pena deixar tudo aquilo para trás?
A resposta foi fácil.
Sim.
[...]
Viagens de ônibus são sempre cansativas, mas aquela especificamente pareceu durar anos.
A ansiedade nos consumia, olhávamos para os lados esperando alguém nos reconhecer e nos levar de volta para nossos pais.
Pensei em Krystian, como deveria estar orgulhoso de nós. Ele é de longe a pessoa mais estranha que conheci, nunca falou conosco mas foi tão prestativo, tão determinado. Gostaria de ter tido mais tempo com ele.
— Savannah, se um dia pudermos adotar um menino, podemos chamá-lo de Krystian?
— Seria perfeito.
Ele merecia ser honrado.
[...]
Explicar tudo para Shivani e Hina foi mais complicado que esperávamos.
Por um segundo, achamos que elas iriam nos entregar ou algo do tipo. Mas então Shivani respirou fundo e disse:
— Minha família tem um fazenda abandonada bem longe daqui, podem ficar lá para sempre se quiserem.
Ela nos entregou as chaves, explicou como tudo funcionava por lá e pediu para tomarmos cuidado, pois em relação a homossexualidade, a população daquele lugar era pior que nossas famílias juntas.
Passamos a tarde toda jogando conversa fora e tentando agir como se tudo estivesse normal.
Contamos tudo que aconteceu, começando pelo dia que saímos de lá às pressas por causa de nossos pais. Elas imaginaram que algo ruim aconteceria naquele dia.
A pergunta que não conseguimos responder foi sobre nosso futuro. Iríamos para fazenda mas, e depois?
Savannah não entendia sobre animais, plantas ou tratores. Eu muito menos.
— Com o tempo vocês aprendem. — Hina deu aquele sorriso reconfortante — Quando vim morar com Shivani, ela só sabia fazer arroz e carne. Estava ficando com falta de ferro.
— Na verdade até hoje não sei fazer mais nada. — a namorada enlaçou sua cintura.
— E nem precisa, eu estou aqui.
Mal as conhecia mas não conseguia imaginar Shivani sem Hina e vice-versa. Savannah disse que nunca tinha visto sua amiga de infância tão feliz, então esperava não ter que imaginar as duas separadas.
Elas sempre contam como Shivani salvou Hina, mas eu acho que a verdadeira heroína foi Hina.
Tanto Shivani quanto Sabina precisavam de alguém em suas vidas para trazer a alegria que o mundo havia tirado. Hina e Joalin foram verdadeiros anjos colocados em seus caminhos para preencher o vazio no qual estava vivendo.
De certo modo, Savannah me salvou também.
Se eu nunca tivesse conhecido a Savannah, talvez o futuro me reservasse o Noah e três filhos. Eu definitivamente não queria aquilo.
Confessei isso para Hina, um pouco antes de irmos dormir.
Partiremos cedo no dia seguinte, não daria mais tempo de conversar.
••••••☆••••••
o que vocês acham que vai acontecer no final da fic?votem e interage com a fic por favor é muito importante.
![](https://img.wattpad.com/cover/264458677-288-k286629.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
take me to church;; Savany
Fiksi PenggemarAonde Any Gabrielly é filha de religiosos fanáticos e aprendeu que homossexualidade é um pecado. ou Aonde Savannah Clarke é filha mais velho de uma família machista e contra homossexualidade original deletada, adaptação permitida