Sexta-feira, 12 de março de 1965

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any's pov

Mais um dia.

— Any? Bom dia, é hora de levantar para a escola. — minha mãe abriu a porta do meu quarto.

— Bom dia mamãe! — respondi me levantando rápido e arrumando minha cama.

— Venha logo que temos uma novidade para você!

Assenti e abri a janela branca que dava para os fundos da casa. Seis horas.

O sol batia na grama, incomodava as ovelhas, por isso elas pastavam durante a tarde.

Vivíamos em uma pequena propriedade no meio do nada, era perto da cidade e principalmente, perto da igreja.

Puxei a porta única do armário e escolhi minhas saias longas e uma blusa xadrez.

Fiz minha higiene matinal e tomei um banho curto. Devidamente vestida, desci para tomar café da manhã com meus pais na cozinha.

— Bom dia filha! — meu pai cumprimentou. — Dormiu bem?

— Sim papai e o senhor? — me sentei em frente à mamãe e ao lado de papai, como de costume.

— Sim. Agora vamos agradecer a Deus por tudo que temos e pedir por um bom dia, Priscila?

Minha mãe fazia as orações matinais, meu pai fazia a oração do almoço e eu a do jantar.

Não se era permitido falar enquanto comíamos, por isso eu tentava ao máximo me desligar do mundo para que tudo aquilo passasse mais rápido e eu pudesse ver meus amigos na escola.

— Querida, a novidade é que te inscrevemos para o Acampamento da Igreja em Setembro! Vai passar uma semana lá com um monte de gente de confiança e correta, diferente das pessoas da sua escola... — mamãe falou animada.

— Estamos em março ainda, mãe.

— Mas reservamos primeiro para ter certeza de que não faltaria vaga para você! — papai observou.

Como se isso fosse bom. Como se eu quisesse ir. Como se eu tivesse escolha.

— Tenha um bom dia! Vá com Deus! — todos os dias eu ouvia a mesma coisa antes de sair de casa.

— Vocês também, amém.

Eram vinte minutos de caminhada até a escola, relativamente perto.

Olhava para o chão o tempo todo, andando devagar e tentando não chamar atenção, "a filha do pastor", era como me chamavam.

— Bom dia garota! — algumas pessoas gritavam de suas casas quando eu passava.

— Bom dia senhor! — respondia.

Argh, como eu odiava a falsidade daquelas pessoas!

[...]

Logo vi minhas escola de longe, era possível ouvir o barulho de onde eu estava.

Meus amigos se reuniam na frente da portaria, me esperando.

— Oi Any, você vai no Acampamento da Igreja? — Noah Urrea, meu amigo, me questionou.

— Oi Noah, eu vou sim, meus pais me inscreveram e me contaram hoje no café. — sentei na muretinha ao lado dele.

— Estou muito animado, faltam sete meses, mas eu não vejo a hora de ir! E você?

— Claro...

— Não parece tão animada. — ele observou tirando uma mecha do cabelo castanho dos olhos verdes.

take me to church;; SavanyOnde histórias criam vida. Descubra agora