Quinta-feira, 16 de setembro de 1965

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Any's pov

O caminho até a casa de Sabina e Joalin foi extremamente cansativo, como sempre. Quando chegamos, Joalin veio nos abraçar empolgada e pegou nossas coisas.

— O que fazem aqui? — minha amiga entrou na sorrindo. — Não as esperava.

— Voltamos mais cedo do acampamento... — declarei — E meio que precisamos de um lugar para ficar essa noite...

— Por isso pensei que pudessem nos ajudar... — Savannah completou.

— Claro que podemos, podem ficar no quarto de hóspedes. — Sabina falou e logo fez uma cara de confusa — Vamos, quero que nos expliquem o que está acontecendo. Venham sentar aqui no sofá e depois vocês duas arrumam suas coisas.

— Sim, até porque se vocês voltaram porque mataram alguém, infelizmente não poderemos ajudar, meninas.

— Joalin! — a mulher a repreendeu. — Mas ela tem razão, ok? exceto se tiverem matado o tal do Noah. — brincou e riu.

— Não, não matamos ninguém. — ri porém logo fiquei séria — Nós queremos ir embora.

— O que? — arregalaram os olhos e Sabina abriu a boca, surpresa.

— Vamos fugir... — senti os braços de Savannah em minha cintura — Aqui não podemos ficar juntas.

— T-têm certeza? Quer dizer, é uma decisão séria meninas. — Joalin assumiu o papel de mãe e a Sabina permaneceu calada.

Ela sempre quis ter filhos, mas por motivos óbvios não podia. Às vezes eu deixava que ela me colocasse para dormir, que jogasse comigo, que me tratasse como a criança que tanto queria. Mas não era a mesma coisa.

— Me deixem conversar a sós com Any, por favor. — minha amiga murmurou, se manifestando pela primeira vez.

— Acho melhor...

— Por favor, Joalin. — Sabina estava muito séria.

Joalin pegou a mão de Savannah, a levando até a cozinha, enquanto Sabina me guiava até a porta dos fundos, onde tinha uma espécie de varanda. Nos sentamos nas cadeiras uma ao lado da outra.

— Te conheço desde que éramos pequenas, Any. Não quero você abandonando tudo e correndo riscos por alguém. — sorriu fraco — Sei que você me ama, ama Joalin, seus pais, Savannah... Por outro lado, eu sei que você nunca amou a escola, essa cidade, o Noah... — pensou um pouco. — Só quero ter certeza que não vai se arrepender do que está fazendo.

Respirei fundo e sorri fraco.

— Nunca estive tão certa de algo.

Joalin's pov

— Nunca conversamos direito, Savannah, mas acho que é um bom momento para nós conhecermos melhor. — sorri — Quero te contar um pouco da minha vida.

flashback on

Apaguei muito. Igual a todos os dias desde que pisei naquele colégio.

Eles diziam que eu estava condenada ao inferno. Diziam que eu era uma pecadora, uma aberração. Se me machucada? Muito, bem mais do que devia.

— John, deixa eu limpar isso. — meu irmão tentou passar a toalha molhada no meu rosto arranhado — Você precisa limpar isso!

— Vai mais devagar, Josh, está me machucando.

— Desculpa...

Nossos pais não estavam muito interessados com o que acontecia conosco na escola. Da primeira vez que apareci com o olho roxo me falaram para ignorar que tudo iria passar. Eles estavam errados.

— Para com essa cara feia, logo você estará fora de lá. — me abraçou — O que eu posso fazer para melhorar o seu humor? Posso fazer uma sobremesa Joalin.

Josh sabia que aquilo sim me faria feliz, ser chamada pelo nome que eu queria.

Levantou-se e abriu o armário em busca de uma caixa que ficava escondida no fundo do armário. Guardava roupas femininas e prendedores de cabelo.

Em alguns minutos me transformei um Joalin. Meu irmão tinha jeito com isso. Ficamos trancados no quarto, em segredo, claro que meus pais não sabiam sobre isso.

flashback off

— Naquele dia comecei a pensar em um plano com meu irmão, algo que poderia me livrar de todos aqueles problemas... — suspirou — Resolvi fugir, era o mais fácil a se fazer. Josh me apoiou desde que pudéssemos conversar sempre.

— Quantos anos você tinha?

— Dezesseis, sou dois anos mais nova que Sabina. Ela me encontrou na rua e me abrigou, foi gentil e compreensiva desde o momento em que me conheceu.

— Você é uma mulher forte, Joalin.

— Obrigada, Savannah. Após algum tempo você encontra a luz, você consegue sair desse burraco de sofrimento pois percebe que não tem sentido. É só se convencer de que está fazendo certo.

Meus conselhos são sempre confusos mas ela pareceu entender.

Any's pov

Joalin arrumou nossa cama.

Sabina se recusou a arrumar por que não era "dona de casa escrava", de acordo com ela. Isso provocou um sorriso discreto em Sav.

— Por que sorri? — questionei.

— Ela me lembra da minha situação com meu pai, avô e minhas irmãs. Todas nós odiávamos servir. A minha caçula que deve estar sofrendo nas mãos do meu avô... — olhou para baixo.

— Se quiser, podemos resgatá-la. — a abracei.

— É um grande risco e não acho que ela vá aceitar, em três meses ela se livra disso, quando chegar sua hora, nunca mais ouviremos falar dela... — sorriu fraco — Ela é o meu orgulho.

— Dá pra notar. — brinquei — Elas vão ficar bem.

Savannah não respondeu mas pude ver que ela concordava comigo e sorria.

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acabando a fic :((((

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take me to church;; SavanyOnde histórias criam vida. Descubra agora