Any's pov
Ninguém reparou que eu e Savannah chegamos atrasadas no dia anterior. Tomamos banho juntas e ficamos debatendo sobre fugir, não chegando a uma conclusão.
Depois do almoço, sentei com meu grupo em um quiosque. Uma das mães estava explicando o que faríamos em seguida.
Pensei no que Savannah me disse. Queria ir com ela, sabia que ela tinha razão. Por mais difícil que fosse, sabia que seríamos felizes juntas.
Concordamos em fugir, mas não tínhamos um plano, não sabíamos como sair dali e simplesmente desaparecer.
— Façam duplas ou trios e escolham alguma história da bíblia para encenar sexta-feira. Vou avaliar se estão fazendo direito. Podem se divertir.
Virei para o lado sinalizando para meu novo amigo, perguntando se ele iria fazer comigo. Ele sorriu e assentiu.
— Ei... — senti uma mão no meu ombro. — Posso fazer com vocês?
— Claro! — Krystian respondeu por mim. — Você é sempre bem vinda, Savannah.
Sentamos os três em uma mesa. Havia um papel com as histórias para serem encenadas. Tínhamos que selecionar uma, preencher o papel com nossos nomes e entregar, para recebermos um envelope com a história em formato de roteiro.
— O que está fazendo aqui? — Noah estava com os braços cruzados na nossa frente.
— Meus pais me mandaram. — a loira respondeu antes que eu ou Krys pudéssemos dizer algo.
— Any, você sabe que não pode falar com ela.
— Noah, por favor, não mexa com quem não te fez nada. Se acalme, tudo vai acabar antes que você possa contar aos nossos pais de novo.
Ele ficou quieto e saiu batendo os pés e bufando. Krystian aprovou minha sala e Savannah sorriu.
— O que quis dizer com "tudo vai acabar antes que você possa contar tudo aos nossas pais de novo"? — o menino perguntou, curioso.
— É uma longa história...
— Temos tempo! — apoiou as mãos entrelaçadas no queixo.
— Sabe aquele relacionamento terminado recentemente e o motivo de Savannah estar aqui? Então, nós namorávamos...
— Ainda namoramos! — a Savannah exclamou cruzando os braços.
— Namoramos? — arqueei a sombrancelha.
— Não terminamos, só nos separaram.
— Oh fico feliz por isso... — acariciei sua mão discretamente, de maneira rápida. — Resumindo, Krys, Noah contou para nossos pais que estávamos juntas e fomos obrigadas a nos separar.
— Então ficaram meses separadas e depois se reencontraram no ônibus? — Krystian sorriu.
— C-como sabe? — arregalei os olhos.
— Espero que não me achem estranho mas, fui eu que convenci o senhor Clarke a mandar Savannah para cá. Quando cheguei na cidade, em julho, os pais de Any foram nos visitar e sua mãe conversou bastante comigo, Any, a ponto de me contar tudo o que aconteceu. Fui atrás de Noah e ele me contou tudo, mas como eu não reagi do jeito que ele esperava, o Urrea não gostou de mim. Eu queria ver vocês juntas, só de ver uma encarando a outra me fez sentir o amor. Então falei com o pai de Savannah e, bom, aqui estamos.
— Você... — comecei. — Ok, não sei dizer.
— Me permite? — Savannah interrompeu. — Você é maravilhoso!
— Você viu o que aconteceu no ônibus! Por isso estava tão alegre quando eu voltei!
— Ops, me descobriu! — sorriu largo mas logo mudou sua expressão facial. — Espera, você ainda não me explicou sua frase.
— Oi?
— Você não disse o que quis dizer com "tudo vai acabar" e eu espero que vocês não se separem, eu demorei meses nisso.
— Não vamos... — sorri — Vamos fugir.
Ninguém disse nada, nós duas encaramos Krystian e esperamos ele se pronunciar.
— Eu podia chamar vocês de loucas mas não vou. Então, vocês têm um plano?
— Não.
— Então vamos trabalhar nele agora.
[...]
Em vez de escolher a peça que faríamos, gastamos vinte minutos traçando um bom plano de fuga.
— Bom, então vou apresentar modo trabalho sozinho. — Krystian brincou.
— Quais são as histórias disponíveis? Vamos discutir sobre elas.
Peguei o papel e li alguns nomes. A maioria das histórias eu não gostava. Todos tinham algum problema.
— Vamos começar por... Sodoma e Gomorra? O que essa está fazendo aqui.
— Essa história é sempre citada para mostrar que sexualidade é pecado. — o menino revirou os olhos. — Isso é ridículo, os habitantes de Sodoma cometiam diversos pecados, isso está escrito! Por que insistem que a cidade foi destruída apenas por práticas homoafetivas?
— Para amedontrar os fiéis, falamos disso no ônibus. — me espreguicei.
— Ló ofereceu suas filhas virgens para serem estrupadas com o intuito de salvar anjos. Anjos podem se defender de humanos!
— O que me choca é que ninguém pensa, por que Deus acha isso errado? Ninguém faz essa indignação porque ninguém questiona a Bíblia. É errado por que Deus disse? Só isso? É errado porque não reproduz? Então quer dizer que nosso único objetivo nesse mundo é reproduzir?
Krystian a respondeu, eles continuaram debatendo. Fiquei em silêncio refletindo sobre o que Savannah disse. Eram realmente argumentos mais usados e os faziam sentido se pensássemos com cuidado.
— As pessoas têm nojo, mas eu não entendo o porquê. Por que um beijo entre um homem e uma mulher é normal e3um beijo entre duas mulheres é nojento? — falei.
Embora eu tivesse continuado, minha mente ainda estava na questão da reprodução. Desde que conheci Savannah, não tinha pensado muito no meu futuro, pois tinha medo de constatar que ela não estivesse nela. Mas como tudo que acontecera nos últimos dias, resolvi que seria uma boa hora para considerar algumas coisas.
Filhos, por exemplo, sempre quis filhos, porém nas sabia se Savannah também queria e, mesmo se quisesse, como teríamos se não podíamos nos reproduzir?
Fiquei triste por pensar por esse lado. Levantei a cabeça e tentei me inserir na discussão novamente.
— Acho que devíamos fazer a história do Rei Salomão, ou pelo menos fingir. — sugeri.
— Resolvido então.
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estamos chegando no final da fic...votem e interage com a fic por favor é muito importante.
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take me to church;; Savany
FanficAonde Any Gabrielly é filha de religiosos fanáticos e aprendeu que homossexualidade é um pecado. ou Aonde Savannah Clarke é filha mais velho de uma família machista e contra homossexualidade original deletada, adaptação permitida