Terça-feira, 16 de março de 1965

487 54 32
                                    

Savannah's pov

Foi impulso.

Eu simplesmente não consegui me segurar, os lábios da Any me chamavam.

Quando fui para casa a tarde fiquei pensando na reação dela. Se tinha alguma dúvida sobre sua sexualidade, eu provavelmente piorei isso.

Meu pai não brigou comigo por ter perdido o almoço, afinal, tinham gostado de Any. Bom, talvez ele mudasse seus conceitos se Any virasse lésbica pela besteira que eu fiz.

[...]

Combinei de encontrar Any no bosque depois da aula, para que ela me levasse para conhecer Sabina.

Não comentamos sobre o beijo em momento algum e se o clima entre nós ficou estranho, ignoramos.

— Sav-Savannah?

— Any! — me virei para o lado em busca da dona da voz.

— Tudo bem? Está pronta? — perguntou me abraçando.

— Claro, vamos.

— É um pouco longe...

— Tudo bem.

Ficamos paradas no mesmo lugar, nos encarando. Nenhuma de nós se moveu, só continuamos lá.

— A gente devia... — a frase de Any pairou no ar incompleta enquanto ela se aproximava de mim.

Coloquei uma mão na nuca a puxando lentamente para mais perto.

— Sav eu... Eu não posso... Isso é pecado...

— Me desculpa. — pedi me afastando.

— Ahn... Sabina está nos esperando, vamos.

Caminhamos em silêncio por uns quarenta minutos, até Any colocar a mão em minha frente para que eu parasse.

— É ali. Está pronta? Lembre de se referir à Joalin no feminino, tudo bem? Ela perdoa nas primeiras vezes, mas depois de um tempo se irrita.

— Tudo bem, vou me lembrar disso.

Ela me levou até a porta e bateu duas vezes.

— Olá? — uma voz excessivamente afeminada falou atrás da porta.

— Joalin? Sou eu, a Any. E Savannah está comigo.

— Ah! — a porta se abriu. — Sabina disse que viriam. Prazer, Joalin Loukamaa.

Se eu não soubesse que era um homem, nem suspeitaria. Joalin tinha um cabelo loiro, olhos verdes, lábios finos porém compridos e um corpo extremamente feminino, embora tivesse ombros largos e fosse alta.

— Savannah Clarke.

— Olá Savannah! Podem entrar, Sabina está na cozinha comendo para variar.

Any deixou um beijo na bochecha dela e entrou, puxando minha mão.

— Sabina? Eu trouxe a Savannah para conhecer vocês!

Any's pov

Savannah estava conversando com Sabina na sala, se deram muito bem.

— Joalin, posso falar com você em particular? — murmurei no ouvido dela.

— Claro, quer ir lá em cima? — sorriu.

Subimos para o quarto dela e de Sabina e nos sentamos na cama.

— O que acontece, Any?

— Savannah me beijou. Eu beijei Savannah. Droga, nós beijamos... Eu estou confusa, desde que nos conhecemos eu senti alguma coisa estranha por ela, não sei dizer o que. Me ajude, por favor!

Joalin era quase como uma conselheira amorosa para mim, sempre que eu precisava de ajuda com esse tipo de coisa pedia para ela.

— V-vocês se beijaram? Any, sabe que seus não vão aceitar, podem te expulsar de casa!

— Eu sei mas...

— Deixe-me terminar! Sobre antes do beijo, o que você sentia?

— Não sei explicar... Ansiedade para vê-la, senti uma espécie de atração por ela desde que nos conhecemos na clareira. É quase como uma necessidade de estar perto dela o tempo todo, como se ela fosse o Sol e eu um planeta.

— Já sentiu isso por alguém, mais especificamente uma garota, antes?

— Nunca.

Ela sorriu um pouco e acariciou meu cabelo.

— Sabe que eu e Sabina sempre estaremos aqui para você, não sabe? Savannah é uma garota legal, se ela precisar nós estaremos aqui também.

— Obrigada Joalin, sabe o quanto isso significa para mim.

Depois de um longo abraço, Joalin foi tomar banho e eu desci para levar Savannah para casa.

— E você acha que está apaixonada por ela? — ouvi Sabina perguntar.

— Any é incrível, tem como não se apaixonar? Mas é muito cedo, eu acho... Nos conhecemos há poucos dias, não tenho certeza se "apaixonada" é a palavra certa. Claro que sinto atração por ela e é diferente quando estamos juntas, só que...

— Você não acredita em amor? Ou se apaixonar?

— Não sei...

Eu não devia estar ouvindo aquilo, então subi alguns degraus da escada e desci de novo fazendo barulho.

— Savannah precisamos ir antes que fique tarde. — mordi os lábios nervosa. — Joalin mandou um beijo, ela foi tomar banho.

— Vamos então. — ela se levantou. — Tchau Sabina, foi um prazer te conhecer. Agradeça a Joalin por mim e... Obrigada pela conversa.

— Não agradeça por isso. Volte sempre que precisar, Savannah. — acenou para a loira que vinha ao meu lado.

Me despedi de Sabina e levei Savannah para fora.

Já estava escuro, eram quase cinco horas. Geralmente na Inglaterra escurece cedo.

— Me desculpe por ter te beijado. — Savannah solta de repente.

— Não se preocupe com isso.

— Sério eu sei que você é muito religiosa e isso é errado, não? Se ficar com vergonha, não precisa mais ficar comig... — ela ficou quieta quando a empurrei para o bosque é olhei para os lados me certificando que estávamos sozinhas.

— Eu já disse que está tudo bem. — prensei seu corpo no tronco de uma árvore. — Ninguém precisa ou vai saber. — selei nossos lábios em um beijo eterno.

Seu corpo relaxou sob o meu e seus braços rodearam minha cintura, me deixando mais perto ainda dela. Entrelacei meus dedos em seu cabelo puxando seus fios loiros com força, mas tentando não machucá-la.

— Isso não é pecado? — ela sussurrou cortando o beijo.

— É... Acho que somos pecadoras então. — sorri e voltei a beijá-la.

[...]

Acompanhei Savannah até sua casa, dando um forte abraço na parte menos iluminada da rua para que ninguém visse.

— Boa noite. — dei um selinho rápido.

— Boa noite. — ela sorriu um pouco corada e seguiu até sua casa.

Meu Deus, eu sou doente!

••••••☆••••••
votem e interage com a fic por favor é muito importante.

take me to church;; SavanyOnde histórias criam vida. Descubra agora