raios que me partem

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quando eu menos espero, eles se aproximam.

gritam trovões que me ensurdecem.
falam raios que me partem.
julgam-me em ventania e zombam de mim com chuviscos.

às vezes eu devolvo-lhes relâmpagos e granizo, tempestades inteiras.
em outros momentos chovo sozinha, isolada para não ventar a todos eles.

me encolho em um canto, segurando-me para não partí-los — também — com raios.
então escrevo minha nevasca interna, solto no papel todos os meus furacões silenciosos.
e, depois, sorrio ensolarada, aliviada.

pois suas palavras são raios que me partem, mas as minhas remendam todos os meus pedaços.

raios que me partemOnde histórias criam vida. Descubra agora