Às vezes, pego-me sendo atingida por seus fragmentos cortantes, estilhaços de memórias felizes que agora ferem-me como nada mais poderia fazer.
Meu sangue quente escorre dos arranhões ardidos para que, primeiro, eu possa sentir o conforto do passado e, depois, venha a dor profunda de um coração partido.
Não demora para que um vazio se aposse de mim, o sentimento provocado por uma alma perdida é terrivelmente silencioso e... desnorteante.
Mas o pior de tudo é que agora eu me sinto verdadeiramente sozinha. Solitária e machucada, como se ninguém mais pudesse ocupar por completo o seu lugar.
É como se eu fosse inútil por alguns segundos: um pássaro que não sabe voar, um nevoeiro que não é capaz de encobrir, um trovão que não pode fazer barulho.
Então eu me pergunto: as coisas vão continuar assim? Vou sentir como se uma parte de mim faltasse para sempre? Amizades desse tipo não deveriam ser eternas?
Eu não sei.
Não consigo responder às minhas próprias perguntas.
E não tenho ideia do que deveria fazer agora.
Seguir em frente e não olhar para trás? Isso parece um pouco frio, egoísta.
Eu realmente...
Não sei, não sei, não sei.Porque, em vida, você foi minha pessoa e, apesar de não ter certeza, acho que eu também fui a sua.
E em morte? Seremos fantasmas uma da outra?
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raios que me partem
PoesíaPalavras são como raios, algumas me quebram e dividem meus pedaços. •~*~• Prosas e poemas, talvez desabafos ou notas de repúdio; sobre mágoas passadas, mas presentes.