velas e rancores

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A chama da vela quase não existe, pequena e fria, abalada pelo vento forte.

Então tremula e cresce, crepita feroz.

Como a mágoa, ela surge pequena; mas aumenta se nada for feito, acumula rancor.

O fogo queima destrutivo, da mesma forma que a decepção consome almas, que o ódio corroe amores.

A cera lentamente derrete, escorre como lágrimas ardentes de mágoa.

A solidão fruto do abandono — do esquecimento — é um ótimo combustível: ebuli feito a alegria passada, substituindo-a por cinzas de dor.

A vela acaba, a explosão de raiva finda.

O que resta é uma bagunça de cera derretida já endurecida e o fim de um pavio queimado.

Somente uma pitada de rancor.

O estrago já está feito, não adianta jogar água sobre a cera esperando que ela volte a sua forma original.

Não há desculpa ou explicação que conserte por completo um coração quebrado, que faça o ressentimento se tornar fumaça e sumir no ar.

A confiança perdida não ressurge e não é possível simplesmente fingir que nada aconteceu e reacender uma nova vela.

raios que me partemOnde histórias criam vida. Descubra agora