insônias de merda e cigarras ainda piores

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Na verdade, nessa curta prosa sem futuro, eu queria me dedicar a xingar as malditas cigarras, porque, de madrugada, elas não calam a porra da boca e me mantém acordada contra a minha vontade.

Então elas se juntam àqueles grilos desgraçados e, quando chove, a droga das rãs coaxam como se não houvesse amanhã.

Pesquisando um pouco, descobri o provável motivo desses bichos não pararem de fazer barulho:

Um mês.
30 dias.
720 horas.

É o quanto uma cigarra vive.

Me pergunto o que as cigarras sussurram   — ou melhor, gritam — para a noite nesse período de tempo.

Provavelmente também me xingam por não apagar todas as luzes direito e impedi-las de ver a lua com clareza.

Já os grilos, dependendo da espécie, vivem de três meses a um ano.
90 a 365 dias.

Imagina viver tão pouco?

Eu também ficaria enchendo o saco dos outros.

Quer dizer, primeiro eu entraria em uma pequena crise existencial, ficaria deprimida, e, só depois de muito desespero, me dedicaria a infernizar a vida de terceiros.

Mas é mais possível que eu sobrevivesse apenas até chegar na parte deprimida.

E as rãs e sapos?

Eu gosto um pouco mais deles, comem insetos como grilos e cigarras, o coaxar não é tão irritante e eles até que são fofos. E verdes. Eu adoro verde.

Eles também vivem mais: de 9 a 18 anos dependendo da espécie.

É claro, se não forem comidos antes.

Enfim, como escrevi lá em cima, esse texto não tem propósito. Talvez eu só esteja tentando encontrar um culpado para minha insônia irritante ou para o meu mau-humor constante.

Confesso que sou um pouco intragável às vezes, chata pra cacete, insuportável.

Mas não tanto quanto essas malditas cigarras.

raios que me partemOnde histórias criam vida. Descubra agora