domingo à noite.
fim de junho.o céu está escuro e os grilos cantam, pacatos.
aquele friozinho suportável atravessa a janela do quarto e deixa meus pés gelados.
lá fora, em um lugar tão alto que não podemos alcançar com os olhos, as estrelas das quais gostávamos tanto permanecem cintilando.
as bandeirinhas coloridas do São João me fazem pensar em você.
as luzes bruxuleantes das lâmpadas pisca-pisca, muito utilizadas nesse tipo de festa, me lembram do seu sorriso.
e o calor da fogueira me traz uma recordação distante, de gargalhadas e abraços aconchegantes.
apesar de tudo, não me sinto melancólica.
só tenho a impressão de que muitas coisas foram deixadas em aberto, de que esse dilema permanece flutuando silenciosamente entre nós.
e não temos coragem de fazer qualquer movimento, com receio de que palavras mal colocadas possam ser o gatilho para um fim definitivo.
nós nunca finalizamos isso, e eu gosto de acreditar que não era isso que queríamos.
nunca quisemos.
domingo à noite.
fim de junho.
e eu continuo aqui.
esperando.
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raios que me partem
PoetryPalavras são como raios, algumas me quebram e dividem meus pedaços. •~*~• Prosas e poemas, talvez desabafos ou notas de repúdio; sobre mágoas passadas, mas presentes.