morta e enterrada

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você cava minha cova,
punhados de terra voam
um atrás do outro, ecoam
como suas palavras, me amaldiçoam.

o tempo se arrasta, segundo a segundo,
flechas envenenadas cada vez mais fundo,
frases que destroem o meu mundo
e me fazem parecer mais com um defunto.

morro devagar, choramingo
e a chuva cai, pingo por pingo.
ninguém percebe, mas eu me extingo.

a lama me envolve,
um abraço frio que a mente revolve,
porém, a mágoa não se dissolve.

você me matou.
com indiferença, me abandonou
e naquele buraco escuro me jogou.
em ressentimento, você me afogou.

e no meu túmulo amargo
não há flor alguma,
nem sequer um cardo
ou uma petúnia.

jamais serei lembrada, em morte ou vida,
sou uma existência facilmente esquecida,
somente uma alma enegrecida,
enlouquecida, enraivecida,
uma rancorosa apodrecida.

eu estou morta
e enterrada
fui mal amada?
quem se importa?

raios que me partemOnde histórias criam vida. Descubra agora