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Nyx

Acordei com a luz do dia invadindo meu quarto. As cortinas estavam totalmente abertas. Meus olhos doíam. Quando me habituei a luz vi meu pai, parado com os braços cruzados me observando. Então me dei conta de tudo que havia acontecido na noite passada.

Copo após copo, eu já não me importava mais com que tipo de bebida eu pegava. Eu devia estar feliz, eu devia estar com minha família, eu devia dançar, eu devia aproveitar, eu devia escutar minha irmã. Eu devia... mas eu tinha tanta coisa na minha cabeça, tanta coisa me atormentando e... ele tinha a mão na cintura dela. Eu era um idiota, ela estava feliz com ele, sorria para ele, desejava ele. Ele não faria mal a ela, eu tinha entrado em sua mente, eu sabia. Mas por que eu me sentia daquele jeito? Minha prima, minha amiga, eu ia defender e proteger ela, era uma irmã. Mas porque ele se aproximando dela me fazia me sentir assim? Porque ele apertando sua cintura me deixava assim? Eu sabia que ele iria até o quarto dela mais tarde. É claro que iria. Então bebi, outro copo e outro, precisava tirar aquele pensamento de minha mente. Quando olhei para a mesa, as bebidas tinham sumido. Então fui para dentro da Casa, cambaleando, eu sabia que meu pai tinha dado algumas garrafas boas a meus tios, eu ia encontrar. Mas meu pai bloqueou o caminho.

— Você está a um copo de ficar inconsciente Nyx. — Ele disse, não com a voz do Rhysand meu pai, mas com a voz do Rhysand, o Grão-Senhor da Corte Noturna e a pessoa mais poderosa de toda Prythian.

— Então eu quero mais dois copos. — Eu disse. Bêbado.

Meu pai não disse nada quando me arrastou para a janela mais próxima, voou até ultrapassar o limite da Casa do Vento e então atravessou. Ninguém nos viu saindo. Atravessamos direto para o meu quarto.

Raiva me preencheu. Mas era um sentimento frio. Triste. Me segurei em minha cômoda quando ela começou a congelar e o gelo se espalhou por todo o quarto. Meu pai xingou.

Parecia que a Magia queria fazer piada da minha cara. O poder que também corria nas veias de Cadewyn, o mesmo que eu senti ele usando para impressionar Catrin mais cedo no ringue, me fazendo perder o controle. Senti uma escuridão tranquila e convidativa se espalhar pelo quarto. O poder do meu pai. Estrelas estavam lá. Era como estar no céu. Minha casa, o Céu Noturno.

Me acalmei, acalmei a magia dentro de mim. Fui até a cama o mais firme que pude, me sentei e apoiei meus cotovelos nos joelhos e segurei minha cabeça, ela estava pesada, eu estava zonzo.

— Descanse Nyx, durma. Nós conversamos sobre isso amanhã. — Ele disse, agora com a voz do meu pai, carregada de preocupação.

Ele saiu do quarto,as seu poder continuou lá. Aquelas estrelas me envolvendo me trazendo de volta ao meu lugar de paz. Filho da Noite é como eu era chamado. Então me deixei levar e minha consciência se esvaiu.

— Você está bem? — Meu pai perguntou apoiado na cômoda que outrora eu havia congelado.

Apenas concordei com a cabeça. Eu ainda usava as roupas de ontem, e cheirava a álcool. Patético, eu devia parecer patético.

— Eu não sei o que está acontecendo meu filho. Você nunca bebeu daquele jeito e nem quando ainda estava em treinamento descontrolava sua magia dessa forma. Se você contar, se precisar contar, estou aqui para te escutar. — Ele disse, preocupado, ele estava preocupado.

— Não devia esperar a mamãe acordar para me darem o sermão juntos? — Perguntei.

— Sua mãe não sabe porque eu te trouxe para casa ontem, nem sobre deu descontrole. Não contei a ela. Eu gostaria de saber primeiro o que aconteceu. — Ele disse tranquilo.

A Corte de Asas e EspadasOnde histórias criam vida. Descubra agora