II - 21

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Já fazia 10 anos que Thalis não andava por aquela parte afastada da propriedade.

A antiga mansão, agora usada apenas para eventos oficiais da Corte, era habitada apenas pelos funcionários que cuidavam da manutenção do local, responsáveis pela segurança, pela limpeza, pelos jardins.

Quando o Grão-Senhor ia lá, se limitava a ficar nos arredores da mansão para cumprir seus compromissos e então voltava para sua casa em Floretta, o lugar onde realmente era seu lar, agora, mais vazio devido a ida de Ilitia para Hybern.

Sua irmã Rainha, que pelos boatos e pelas cartas por ela enviadas, estava se saindo muito bem. Talvez, fosse enfim a paz duradoura entre Prythian e a ilha que tinham uma rixa secular.

Thalis continuou caminhando até chegar em um jardim distante, a casa, parecendo pequena àquela distância.

Primeiro, ele olhou para a lápide de mármore branco, entalhada com o nome Fiorella, Senhora da Corte Primaveril. Sua mãe.

E em alguns metros de distância, a lápide de granito, tinha outro nome gravado Tamlin, Grão-Senhor da Corte Primaveril. Seu pai.

Quando aquela batalha acabou, quando os exércitos foram retirados, alguns funcionários perguntaram a ele e Ilitia se o corpo de seu pai devia ser enterrado ao lado do de sua mãe. Ele não sabia, Thalis nunca soube se seus pais se amavam de verdade, mas combtanta coisa acontecendo, deixou que assim fosse feito. Apenas Ilitia acompanhou o enterro, ele não teve coragem e estava com problemas para resolver até o pescoço.

Logo depois, ele percebeu ter sido uma má ideia. Porque quando quisesse visitar sua mãe, seu pai também estaria lá. Por isso, foram longos dez anos até que ele reunisse coragem para visitar o local, que estava bem cuidado pelos jardineiros da propriedade.

Coragem surgida pelo que ia acontecer, para onde ele ia logo mais: para a Corte Noturna, para Velaris, para a Queda das Estrelas, para sua parceira, a fêmea que ele amava.

Ele depositou um beijo na lápide levemente aquecida pelo sol de sua mãe e colocou ali o buquê de flores que havia levado consigo.

— Oi mãe. — Ele disse. — Não sei se de onde você está consegue ver, mas Ilitia se tornou uma Rainha, de Hybern, ela tem um parceiro também, mas acho que eles não estão juntos, não ainda. Eles tem muito para se resolverem, mas eu espero que você esteja vendo como ela está se saindo.

Thalis sorriu, tentando imaginar o rosto da mãe, que ele queria tanto ter conhecido.

— E eu... — Ele sorriu mais amplamente. — Eu também encontrei minha parceira, na verdade, eu a encontrei a muito tempo, mas agora nós temos certeza, ela sabe e eu também. Adyra é o nome dela, é filha dos Grão-Senhores da Corte Noturna, ela é tão linda mãe, tão linda, tão gentil e bondosa, corajosa além da conta e uma guerreira. Eu não sei como, mas algo em mim diz que a senhora iria gostar muito dela, não tem como não gostar dela na verdade.

Thalis engoliu em seco e encostou a testa na lápide, o sol oferecendo seu calor reconfortante.

— Eu estou indo vê-la hoje. A família dela me convidou para assistir a Queda das Estrelas em Velaris, talvez depois disso, ela venha comigo para cá. — Thalis disse. — Queria que você estivesse aqui. Eu te amo mãe. —  A última parte saiu sussurrada.

Ele se levantou e então foi até a lápide de seu pai. Ele não tinha levado flores para ele. Thalis se agachou frente ao pedaço de granito que trazia o nome de Tamlin.

— As vezes eu me pergunto o que você estaria achando de tudo isso. — Ele disse. — A Mãe é realmente imprevisível. Depois de tudo o que aconteceu entre você e a Corte Noturna, tudo o que aconteceu entre você e a senhora Feyre... Adyra é minha parceira, eu me pergunto, você sequer permitiria que eu assumisse essa parceria?

A Corte de Asas e EspadasOnde histórias criam vida. Descubra agora