A Corte de Asas e Espadas

12

No outro dia, Catrin acordou com o raiar do sol. Estava ansiosa, ansiosa demais. Tinha passado a noite repassando tudo o que iria trabalhar com as fêmeas, como ia conduzir tudo. Estava feliz, muito feliz e animada.

Ela então vestiu couro illyriano, emabinhou a Semeadora a coxa e mais duas adagas comuns na cintura. Para completar, duas  espadas gêmeas, suas preferidas. Ela olhou em um espelho e realmente, parecia uma guerreira. Fez uma trança no cabelo e foi tomar café. Ethan já tinha saído, sua legião iniciava antes do sol raiar, Dahrlan também já estava de saída.

Catrin então tomou fôlego e saiu da cabana. Enquanto atravessava o gelado acampamento até o ringue destinado às fêmeas ela recebia olhares seguidos de cochichos. Ela se pegou decidindo que não estava a fim de descobrir sobre o que falavam, apenas continuou a andar com a coluna o mais reta possível. Ao chegar no ringue, algumas garotas já estavam lá.

— Bom dia! — Catrin tentou parecer amigável.

Algumas delas responderam baixinho, outras ficaram quietas. Receosas, Catrin já esperava isso.

— Faltam muitas ainda? — Catrin perguntou.

— Não muitas. — uma garota respondeu, Catrin percebeu que de todas, seus músculos eram os mais bem desenvolvidos, talvez até conseguisse voar.

– Tudo bem, eu não conheço todas vocês, então peço que me avisem. — Catrin disse com um meio sorriso. Ela sabia que seria difícil.

Catrin então abriu um baú que tinha no ringue e xingou baixo ao ver as armas que elas usavam. Espadas com cabos curtos demais e desconfortáveis. Lâminas com defeitos de forja, com rachaduras e irregulares. Adagas terríveis, mal afiadas, aquilo não serviria para nada em uma luta real. Os arcos totalmente gastos e ruins, flexas tão terríveis que não perfurariam nem tecido.
Os outros equipamentos como no ecos de treino, sacos de areia almofadas estavam gastos, mas dava para usar, porém fez uma nota mental para pedir a Cassian que providenciasse mais deles.

Catrin ainda analisava o material, quando mesma garota chamou sua atenção.

— Estamos todas aqui. — Ela disse.

— Ok, obrigada. Muito bem então, acho que primeiro eu deveria me apresentar. Meu nome é Catrin, fui designada pelo Grão-Senhor para acompanhar e proporcionar a vocês um treinamento correto. Ficarei aqui pelo tempo necessário para que vocês tenham um treinamento completo com todos os tipos de armas. — Catrin explicou.

Elas ficaram em silêncio por um bom tempo, até que uma delas se levantou.

— Nós já estávamos treinando. Não precisamos que venha nos dar ordens. Você nem é do acampamento, como podemos confiar em você? E como você sabe se nosso treinamento está errado? E como saberemos se você realmente sabe nos treinar? — Ela questionou.

— Podem confiar em mim porque estou aqui a pedido do Grão-Senhor, se confiam nele, devem confiar em mim e é tudo que precisam saber. E sim, seu que seu treinamento está errado porque eu mesma vi vocês treinando. Com 10 anos de idade eu já tinha mais equilíbrio e tática. E quanto a minha capacidade, estou mais do que disposta a mostrar para vocês do que sou capaz. — Catrin disse, dessa vez seu rosto tinha mudado para algo mais gélido.

— Então mostre. Eu gosto de espadas, sou a melhor com elas. — Ela disse pegando uma das espadas. Catrin percebeu que era a pior.

A treinadora não hesitou em retirar uma das espadas embainhadas às suas costas. A lâmina bonita e bem polida brilhava a luz do sol fraca que batia nas montanhas. Se colocou em posição a garota atacou. Sem técnica, sem preparo ou equilíbrio.
Catrin apenas bloqueou, sem adicionar força, a garota foi arremessada para trás com a falta de equilíbrio. Ela atacou de novo e de novo, mas Catrin apenas bloqueava. Quando estava ofegante a illyriana parou e baixou a espada. Catrin que puxou a trança dos longos cabelos para frente. Não tinha sequer um fio solto, ela não tinha feito muito esforço.