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Capítulo 45

Lara

Eu havia chegado cedo para o jantar por ter saído direto do trabalho para a casa do meu namorado, aproveito o tempo que me sobra, tomo um banho e me troco para o jantar. Eu sabia que o mexicano não estaria aqui e que demoraria algo mais para chegar, mas eu não esperava que fosse a noite inteira. Seus pais haviam chegado do aeroporto muito cansados e não quiseram esperar por Joel, e foi o melhor já que quando ele chegou já estavam todos em seus quartos.

A pior parte da noite foi o jantar de fato, já que eu tentava chamar o telefone de Joel e não conseguia e isso fez com que a minha sogra se sentisse no direito de me falar uma porção de baboseiras que me fez ficar irritada com toda essa situação. Irritada por não saber onde está Joel, por ter ficado esperando-o sem noticias, por ter que ouvir tudo isso sem ao menos poder dizer que ele está por chegar ou alguma outra desculpa.

Me recolho completamente chateada e irritada, resolvo ligar a TV do quarto do mexicano para tentar me manter acordada mas acaba acontecendo exatamente o contrário. Eu dormi. Mas acordo quando sinto os braços fortes dele me abraçarem pelas costas. Piorando toda a noite, ele me conta que Hanna está aqui e não é que eu sinto ciúmes, mas somando tudo eu estava irritada demais para tentar lidar com tudo e conversar. Chamo Samy e vou embora sem me despedir.

- Você não acha que pegou um pouco... Pesado? – Samy perguntava enquanto dirigia até a minha casa.

- Você acha que peguei? – Digo olhando-a, que olhava fixamente o caminho.

- Amiga, sendo bem sincera, eu acredito que sim. Pelo que você me contou, ele não se alterou com você em nenhum momento. E ele teve motivos para se atrasar. E ele tentou te explicar, você quem não quis ouvir. – Samy me olha.

 – Você estava irritada, e eu não tiro sua razão nisso, Pilar realmente foi muito naja com esses comentários, mas você jogou sua raiva no Joel, que nesse caso, não tem culpa de nada. – Agora vendo de uma outra perspectiva e parando de pensar somente em mim e em como a minha noite foi um caos, vejo que eu exagerei. Deixei que a mãe de Joel conseguisse oque queria, que é me fazer perder a razão e o controle.

- Droga... – Digo apoiando minha cabeça em minha mão, e o cotovelo na janela do carro.

- Mas não fica assim. Você está indo pra sua casa, vai descansar, pensar um pouco, esfriar a cabeça e amanhã você conversa com o Joel. Ele com certeza vai te entender também. – Ela diz me lançando um sorriso para me confortar. E eu apenas assenti. Sigo calada durante o resto da rota, pensando em toda a situação e me culpando por ter tratado Joel dessa maneira.

- Obrigada por me socorrer. – Agradeço a Samy assim que chegamos a minha casa.

- Estou ao seu dispor. – Ela faz um gesto de cortesia, como se eu fosse uma Alteza. – E lembre-se que não há nada como uma noite de sono. Descanse. – Samy se despede de mim com um abraço e eu entro em casa com o olhar baixo. Diferente de mim, Jimmy dorme tranquilo em sua caminha e eu mudo esse cenário indo para a minha cama também. Penso em tudo que Samy me disse e volto a ficar mal pelo que eu fiz, porque sequer ouvi oque Joel tinha a dizer. Adormeço outra vez perdida em meus pensamentos e acordo me martirizando por ter vindo para casa no meio da noite e perdido preciosas horas de sono.

Tomo café da manhã e me organizo para ir à universidade, logo depois de brincar um pouco com Jimmy, que sei que sente falta da minha atenção. As aulas passaram rápido e eu agradeço porque estou ansiosa para ficar livre e poder ir até a casa do meu mexicano. Resolvi não responder suas mensagens e ligações para que ele não marque comigo de me ver, porque quero surpreendê-lo.

Vou levar sushi do seu restaurante favorito para que jantemos juntos, compensando o jantar de ontem e também porque vou pedir desculpas a ele por como agi na madrugada. Durante o expediente no trabalho eu não pensava em outra coisa e assim que o relógio marcou o fim do horário eu segui para a casa dos Pimentel munida de sushi e muita vontade de fazer as pazes com o meu namorado. Cumprimento aos pais de Joel rapidamente, sigo para seu quarto e organizo na pequena mesa de escritório do quarto um ambiente para o nosso jantar.

Assim que termino vou até o banheiro e uso um óleo de banho, que me deixa com o perfume que Joel sempre elogia. Saio do banho já vestida com algo mais confortável e enquanto secava meu cabelo na toalha voltando para o quarto, vejo algo rendado e colorido perto da mesa onde eu havia arrumado o jantar. Me abaixo e pego o que me parece ser um sutiã rendado, simples, rosa e sem enchimento. Tenho mais que certeza que não me pertence. Suspiro.

Reviso a peça e começo a sorrir. Nada me parecia mais absurdo que esse truque velho de plantar uma peça intima no quarto do outro até esse momento, que a peça ainda continha a etiqueta de preço.

Penso um pouco mais e ligo algumas informações. Hanna ficar sem teto repentinamente e vir para esta casa, e isso acontecer justamente no dia de um jantar importante, que é o mesmo dia onde a minha querida sogra enche a minha cabeça de maus comentários, onde eu não durmo aqui e não vejo como a madrugada de Joel terminou. E hoje, dia seguinte do fato, aparece uma lingerie no quarto do meu namorado, querendo dar a entender que Hanna e Joel teriam tido algo.

Eu teria caído nessa situação patética se não confiasse no mexicano e se essa lingerie não estivesse com a etiqueta de preço. Isso ainda me dava vontade de rir. A minha querida sogra não se deu ao trabalho de tirar a etiqueta e nem de revisar se esse truque tão velho realmente funcionaria. É patético como ela está tentando se meter em nosso caminho. Não sei até onde ela planejou essa situação, mas só de ela ter pensado em atrapalhar a vida do próprio filho já me soa terrível.

Eu esperava ainda mais ansiosa pelo meu namorado e pensava em lhe mandar mensagens acabando com a surpresa só pra saber se ele já estava vindo, mas trabalhei um pouco minha paciência e comecei a pensar nele enquanto abraçava as minhas pernas com a cabeça baixa. As luzes estavam apagadas e eu queria ficar o mais quieta possível para poder surpreender a Joel quando ele chegasse. Mas na posição que estou eu não veria nada, apenas ouviria. E foi o que aconteceu.

Ouvi quando ele falava alto para Nina que não iria jantar porque iria sair para me procurar e quase morri de amores ao ver que ele estava me procurando às escondidas de mim, assim como eu estava fazendo com ele. Ele abre a porta e eu fico imóvel, esperando que ele acenda a luz para poder correr para abraçá-lo, mas ele não o faz. Com a luz de fora que a porta trazia ele podia me ver e por isso antes mesmo de acender a luz, ele solta sua pasta e me abraça da maneira que eu estou. Como se quisesse mostrar proteção, e que com ele ali estaria tudo bem, e realmente estaria.

Me afasto um pouco depois de longos minutos apenas recebendo seu abraço em silêncio e agora o abraço de verdade, deitando minha cabeça em seu ombro e ele começou a acariciar meu cabelo durante o abraço. Amo seu carinho. Logo em seguida ele nos afasta e me olha nos olhos, segurando meu rosto com as duas mãos.

Como se as palavras não se fizessem necessárias ele me encheu de selinhos e durante aquele momento eu só queria desfrutar de seu carinho, já que depois viria a parte que ele não gosta, que é a da discussão de relação, onde maioritariamente eu vou falar desculpas quantas vezes precisar, para que ele entenda que eu sei que errei.

Mas por agora, eu quero só pensar em seus beijos. E em como eu os amo.

Destiny • Joel PimentelOnde histórias criam vida. Descubra agora